Portugal critica efeito nos mercados das declarações da Alemanha
Ministro das Finanças português diz que pressão alemã para pedido de ajuda dificulta estabilidade do euro
Da Redação
Publicado em 26 de novembro de 2010 às 09h45.
Lisboa - O ministro de Finanças português, Fernando Teixeira dos Santos, considera que algumas declarações da Alemanha elevaram o nervosismo dos mercados, que agora têm Portugal na mira de um novo resgate econômico.
Em entrevista ao "Jornal de Notícias" do Porto, o ministro acusa "algumas posições alemãs" de não contribuir para o esforço de acalmar os mercados, mas colocá-los "mais nervosos e com maior incerteza".
Texeira, apesar de assinalar que não quer criticar nenhum país em particular, reprova abertamente as propostas (da chanceler alemã Angela Merkel) de dividir o custo da reestruturação das dívidas soberanas, que alarmou os investidores e elevou os juros de refinanciamento pagos por Portugal e Espanha.
"Como a comunicação desse assunto não foi muito clara foram geradas incertezas e dúvidas que acabaram por impulsionar esse nervosismo", lamenta.
Perguntado se se sente empurrado pela Alemanha para pedir ajuda financeira, o ministro responde que, sem assinalar ninguém em particular, entre os membros do bloco há quem acredite que "a melhor forma de preservar a estabilidade do euro é empurrar e forçar os países mais pressionados rumo a essa ajuda".
Na opinião do ministro português "a Europa também tem que ser capaz de dar uma resposta cabal e clara que consegue conter esta situação".
"Isto acontece porque o euro e o governo do euro não dispõem de mecanismos de reação adequados a estas situações", acrescenta.
Embora se esteja trabalhando nessa linha, "os mercados sentiram que havia uma fragilidade e a estão claramente explorando", diz o ministro de Finanças ao assinalar que agora distinguem entre uns e outros países da zona do euro e promovem o contágio dos problemas.
Sobre a situação concreta de Portugal, Teixeira insiste em que "não é tão séria como a irlandesa, tanto pela magnitude do desequilíbrio orçamentário como pelos problemas do sistema financeiro".
Sobre a possibilidade de ter de pedir um resgate financeiro, o ministro também reitera que esta é uma "decisão política" que compete aos estados e que Portugal "está decidido a assegurar as condições para continuar se financiando nos mercados".