Porta roubada em campo de concentração nazista é recuperada
O campo de Dachau foi o primeiro e que serviu de modelo para outros, durante o regime teve mais de 206.000 prisioneiros de mais de 30 países
AFP
Publicado em 22 de fevereiro de 2017 às 14h00.
Última atualização em 22 de fevereiro de 2017 às 14h02.
A porta com a inscrição "Arbeit macht frei"(o trabalho liberta) roubada em novembro de 2014 do campo de concentração nazista de Dachau, na Alemanha, e encontrada em dezembro na Noruega voltou para o local nesta quarta-feira, mas a identidade dos ladrões permanece desconhecida.
O presidente do Comitê Internacional da Dachau, que representa os sobreviventes do campo e seus descendentes, Jean-Michel Thomas, "comemorou o retorno da porta" durante uma cerimônia, mas solicitou uma investigação mais aprofundada para determinar os responsáveis pelo roubo.
Ele afirmou estar "profundamente chocado com a profanação deste local de sepultamento dedicado à memória de todas as vítimas do campo e de respeito aos 41.000 prisioneiros que morreram no local" sob o nazismo.
Em sua opinião, o roubo da porta e, antes desse, o da inscrição de metal original "Arbeit macht frei" da entrada do campo de extermínio de Auschwitz, na Polônia, respondem à "vontade de fazer desaparecer uma marca e um símbolo".
A porta de ferro fundido de 2x1m e aproximadamente 100kg não será recolocada na entrada do campo, por medida de segurança. A peça será restaurada e levada para um museu, segundo responsáveis.
A expressão "Arbeit macht frei" se tornou um slogan nazista nos anos 1930.
O ladrão ou ladrões, que nunca foram identificados, tiveram que escalar o portão principal do campo, que é guardado por agentes de segurança, mas não tem sistema de alarme, antes de retirar a porta com a inscrição e carregá-la em um veículo.
Situado a poucos quilômetros de Munique, na tranquila cidade de Dachau, o campo de concentração foi inaugurado há 80 anos, em 22 de março de 1933, menos de dois meses após Adolf Hitler chegar ao poder.
Primeiro campo de concentração que serviu de modelo, teve mais de 206.000 prisioneiros de mais de 30 países, incluindo o ex-primeiro-ministro francês Leon Blum, que era judeu.
Mais de 41.000 deles foram mortos, ou morreram de exaustão, fome ou doenças antes do campo ser libertado pelos americanos, em 29 de abril de 1945.