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Poroshenko quer evitar nova Somália; Moscou aceita diálogo

O presidente eleito da Ucrânia continuará com operação para evitar nova "Somália", ao mesmo tempo em que a Rússia manifestou que está disposta a dialogar


	Petro Poroshenko: "espero que a Rússia apoie meu ponto de vista"
 (Sergei Supinsky/AFP)

Petro Poroshenko: "espero que a Rússia apoie meu ponto de vista" (Sergei Supinsky/AFP)

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Da Redação

Publicado em 26 de maio de 2014 às 17h03.

Kiev - O presidente eleito da Ucrânia, o bilionário Petro Poroshenko, continuará com a operação militar contra os separatistas pró-Rússia para evitar uma nova "Somália" no leste do país, ao mesmo tempo em que a Rússia manifestou que está "disposta a dialogar" com o novo chefe de Estado.

Na região separatista de Donetsk, os rebeldes pró-Moscou receberam a notícia da eleição do bilionário pró-Ocidente e seu anúncio de que pretende visitar o leste da Ucrânia com a tomada do controle do estratégico aeroporto de Donetsk, onde todos os voos foram cancelados.

Após a apuração de metade das urnas, Poroshenko, que tem 54% dos votos, começou a detalhar as primeiras medidas que tomará como chefe de Estado, como avançar na integração da Ucrânia na União Europeia.

O bilionário, conhecido como 'rei do chocolate', afirmou que deseja continuar com a ofensiva militar na região leste do país contra os separatistas, mas de forma mais "eficiente".

"Apoio o prosseguimento da operação, mas quero mudar seu formato", disse Poroshenko, um dia depois da eleição presidencial, que deseja melhorar os equipamentos das unidades militares.

"Deve ter prazos mais curtos e ser mais eficiente", completou o futuro chefe de Estado ucraniano, antes de destacar que não permitirá aos separatistas pró-Rússia transformar o leste do país "na Somália".

"Aqueles que não desejam entregar as armas são terroristas e não se negocia com terroristas. A federalização é indiferente para eles, não se importam em nada com a língua russa. O objetivo é transformar Donbass (leste da Ucrânia) na Somália", disse Poroshenko, em referência ao país africano devastado por uma guerra civil desde 1991.

"Espero que a Rússia apoie meu ponto de vista", disse o político ucraniano, que recebeu 54% dos votos no primeiro turno presidencial, segundo resultados parciais.

Em um gesto de apaziguamento, Poroshenko declarou que aceitaria "qualquer referendo" no leste, com o retorno da ordem.

O quinto presidente eleito da Ucrânia anunciou ainda que sua primeira viagem ao exterior "muito provavelmente" será para a Polônia, em 4 de junho, por ocasião do 25º aniversário da independência do país, onde deve encontrar o presidente americano, Barack Obama.

Durante a entrevista coletiva, o "rei do chocolate" informou que pretende manter o primeiro-ministro Arseni Yatseniuk à frente do governo e expressou o desejo de que a Ucrânia integre a União Europeia.


Reação de Moscou

A Rússia está "disposta a dialogar" com o novo presidente ucraniano, afirmou o chanceler russo, Serguei Lavrov, que pediu a Kiev o fim da operação militar contra as forças separatistas pró-Moscou no leste da Ucrânia.

"Estamos dispostos a dialogar com os representantes de Kiev, com Petro Poroshenko", que foi eleito no domingo, declarou Lavrov.

"Estamos dispostos a iniciar um diálogo pragmático, em pé de igualdade, baseado no respeito de todos os acordos, em particular na área comercial, econômica e de gás, com o objetivo de buscar soluções aos problemas atuais entre Rússia e Ucrânia", completou.

O chefe da diplomacia russa não anunciou, no entanto, um reconhecimento formal da legitimidade do novo presidente ucraniano.

"Como disse o presidente (Vladimir Putin), respeitaremos o resultado decidido pelo povo ucraniano", se limitou a declarar.

A eleição de Poroshenko coroa para Kiev o processo iniciado com a destituição em fevereiro, pelo Parlamento ucraniano, do presidente pró-Rússia Viktor Yanukovich, após vários meses de protestos violentos. Mas a votação não aconteceu na maior parte do leste do país, que está em aberta rebelião separatista.

Putin afirmou na semana passada que consideraria "com respeito" o resultado da eleição na Ucrânia, mas sem pronunciar-se sobre a legitimidade da votação.

Segundo Lavrov, "o mais importante é que as atuais autoridades (ucranianas) respeitem os cidadãos, o povo, e permitam alcançar compromissos que levem em consideração todas as forças políticas".

Ele condenou a operação "antiterrorista" do governo ucraniano contra as forças pró-Rússia do leste.

"Seria um erro colossal prosseguir com a operação", advertiu, antes de pedir o respeito ao 'mapa do caminho' da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE).

O plano prevê o fim da violência e uma anistia aos opositores pró-Rússia, o desarmamento dos grupos armados e o "retorno do monopólio da força ao Estado", a promoção do diálogo nacional e a organização das eleições presidenciais que aconteceram domingo.

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