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Polícia usa gás lacrimogêneo contra manifestantes no Quênia

Cerca de 300 pessoas participavam do protesto que transcorria sem incidentes quando os policiais usaram gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes

Protesto em Nairóbi: objetivo era entregar um pedido para o governo para atuar contra casos de corrupção
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EFE

Publicado em 3 de novembro de 2016 às 09h54.

Nairóbi - A polícia do Quênia dispersou nesta quinta-feira uma manifestação pacífica contra a corrupção em Nairóbi lançando gás lacrimogêneo contra os manifestantes e jornalistas, o que provocou um grande número de feridos, segundo a Agência Efe pôde constatar.

Sob o lema "Uhuru, atua contra a corrupção agora ou renuncia", cerca de 300 pessoas, entre elas vários menores, participavam do protesto que transcorria sem incidentes, entre danças e cantos, quando de repente os agentes usaram gás lacrimogêneo para dispersar a multidão.

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Sem prévio aviso, lançaram o gás desde ambos lados do protesto, prendendo os manifestantes em um espaço cercado por arame farpado e os obrigando a fugir através do mesmo, o que deixou vários feridos.

Antes da polícia arremeter contra os manifestantes, um agente afirmou à Efe que a concentração estava sendo "muito pacífica" e que o grande desdobramento policial na zona era "preventivo".

O ativista queniano Boniface Mwangi, que participava do protesto, denunciou através de seu conta no Twitter que vários manifestantes foram detidos pela polícia.

Alguns jornalistas também contaram que um grupo de pessoas -que não eram manifestantes- lançou pedras contra eles para evitar que tirassem fotos da concentração, enquanto os agentes observavam o ataque sem impedí-lo.

Várias ambulâncias transferiram ao hospital os feridos, entre os quais figuram vários jornalistas, que nestes momentos estão recebendo atendimento médico.

No protesto, convocado por várias entidades cívicas contra a corrupção nas altas esferas do governo, ondearam bandeiras quenianas junto a cartazes como "A corrupção é o inimigo real".

O objetivo dos organizadores era entregar um pedido, que há dias recolhia assinaturas através das redes sociais, para exigir o presidente do país, Uhuru Kenyatta, que atue contra os vários casos de corrupção que envolvam seu governo.

Precisamente hoje, o parlamento iniciou uma comissão de investigação contra a ex-ministra de Administrações Públicas Anne Waiguru por um suposto desvio de sete milhões de euro.

Segundo relatório da Comissão Ética e de Anticorrupção do país africano (EACC, em inglês), a justiça queniana só impôs penas de prisão em três casos de corrupção entre 2013 e 2015, apesar ter recebido 9.465 denúncias durante esse tempo.

A polícia queniana costuma reprimir com dureza os protestos, a última delas em maio, quando pelo menos três pessoas morreram no país quando se manifestavam contra as autoridades eleitorais, a quem a oposição acusa de ter pactuado o manipulação das eleições presidenciais de 2017 com o governo.

Então, as forças de segurança desdobraram dezenas de agentes e veículos blindados nas ruas de Nairóbi, onde um manifestante morreu devido a uma brutal surra policial, segundo a Comissão de Direitos Humanos do Quênia (KNCHR).

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