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Câmara cancela sessão nos EUA temendo nova invasão do Capitólio

Membros do movimento conspiratório QAnon, que não reconhecem a vitória de Joe Biden, acreditam que o dia 4 de março seria a próxima oportunidade para o retorno de Trump

Imagem do Capitólio durante a invasão em 6 de janeiro: temor de que o Congresso seja novamente invadido (Olivier DOULIERY/AFP)
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AFP

Publicado em 3 de março de 2021 às 20h30.

Última atualização em 3 de março de 2021 às 21h25.

A força policial encarregada da segurança do Capitólio anunciou nesta quarta-feira (3) que reforçou a segurança em Washington depois que os serviços de inteligência descobriram uma "possível conspiração para invadir" o Congresso na quinta-feira.

O alerta ocorre quase dois meses após um ataque mortal por apoiadores do ex-presidente Donald Trump à sede do Congresso americano.

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Em virtude dos comunicados da frente de inteligência, a Câmara decidiu cancelar a sessão de amanhã. O Senado ainda não havia se posicionado sobre sua agenda até às 21h20 desta quarta-feira.

Membros do movimento conspiratório QAnon, que nunca aceitaram a vitória eleitoral de Joe Biden, acreditam que o dia 4 de março seria a próxima oportunidade para o retorno de Trump.

"Recebemos informações [da inteligência] mostrando uma possível conspiração de uma milícia identificada para invadir o Capitólio na quinta-feira, 4 de março", informou a polícia do Capitólio no Twitter.

"Já realizamos grandes melhorias de segurança" após o ataque de 6 de janeiro, acrescentou a força.

Além disso, a segurança do Capitólio acrescentou que está "alerta e preparada para qualquer ameaça potencial para os membros do Congresso ou para o complexo do Capitólio".

E apontou que leva "muito a sério" os relatórios da inteligência e que está trabalhando com as forças locais, estaduais e federais para "impedir qualquer ameaça ao Capitólio", embora tenha evitado aprofundar os detalhes.

Na terça-feira à noite, a polícia do Capitólio informou que foi alertada sobre "preocupantes informações relacionadas ao dia 4 de março" e que tomou medidas "imediatas" para reforçar a segurança.

O chefe dos serviços de protocolo e segurança no Congresso, Timothy Blodgett (o Sargento de Armas interino), enviou uma mensagem aos congressistas na segunda-feira informando-os que estava trabalhando de perto com a polícia para monitorar a informação "relacionada ao 4 de março e às possíveis manifestações em torno do que alguns chamam de 'o verdadeiro dia da posse'".

No entanto, "a importância desta data aparentemente diminuiu entre diferentes grupos nos últimos dias", destacou em um e-mail publicado pela imprensa americana.

Até 1933, os presidentes americanos tomavam posse em 4 de março, e não em 20 de janeiro como ocorre atualmente.

Durante a presidência de Donald Trump, apoiadores da teoria conspiratória QAnon divulgaram, sem evidências, que o republicano salvaria o mundo das elites corruptas e pedófilas.

Membros autoproclamados dessa organização estiveram entre os manifestantes do ataque de 6 de janeiro, que protestavam contra uma suposta fraude na eleição presidencial na qual Trump foi derrotado por Biden.

Mas, embora o democrata Biden tenha tomado posse em 20 de janeiro, os ativistas do QAnon, cuja quantidade é difícil de estimar, acreditam que o republicano Trump retornará ao poder na quinta-feira.

O FBI e o Departamento de Segurança Nacional consideraram a ameaça suficientemente grave para emitir o boletim conjunto alertando para possíveis distúrbios em 4 e 6 de março.

Embora não haja evidências de que o ex-presidente republicano possa voltar ao poder nestes dias, o Trump International Hotel de Washington parece disposto a tirar proveito da desinformação.

As diárias anunciadas no site do hotel de propriedade de Trump custavam 1.331 dólares para as noites de quarta e quinta, quase o triplo do valor de 476 dólares a diária de sábado até o fim de março.

As maiores ameaças

Cinco pessoas, incluindo um policial do Capitólio, foram mortas durante o ataque de 6 de janeiro. Mais de 270 pessoas estão sendo investigadas por participação na invasão, de acordo com o FBI.

Acusado de "incitar à insurreição" por ter instado seus apoiadores a marchar até a sede do Congresso, Trump foi absolvido pelo Senado em 13 de fevereiro.

O ex-presidente nunca aceitou o resultado das eleições vencidas por Biden, alegando fraude, embora não tenha apresentado quaisquer evidências.

O ataque ao Capitólio gerou uma polêmica nacional sobre a falta de preparo das forças de segurança, que está sendo investigada pelo Congresso.

O Congresso realizou uma sessão conjunta no dia 20 de janeiro para ratificar a vitória do Colégio Eleitoral do presidente eleito Joe Biden sobre o presidente Donald Trump. Manifestantes pró-Trump entraram no edifício do Capitólio dos EUA após manifestações em massa na capital do país. (Win McNamee/Getty Images)

O diretor do FBI, Cristopher Wray, defendeu na terça-feira no Congresso a ação da polícia federal diante do atentado.

Em outra audiência perante os legisladores, o general William Walker, chefe da Guarda Nacional em Washington, afirmou nesta quarta-feira que o Pentágono levou 3 horas e 19 minutos para autorizar o envio de tropas solicitadas pelo chefe da Polícia do Capitólio quando se viu sobrecarregado com os manifestantes.

Na mesma audiência no Senado, Jill Sanborn, um alto funcionário do FBI encarregado de combater o terrorismo, disse que "extremistas violentos inspirados em causas raciais ou étnicas, anti-governo ou anti-autoridade, assim como outros extremistas domésticos que defendem causas políticas, representam provavelmente as maiores ameaças de terrorismo doméstico de 2021 e, sem dúvida, de 2022".

*A matéria foi atualizada às 21h20 para informar o cancelamento da sessão no Congresso.

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