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Polícia italiana desmente acusações de tortura contra migrantes

A Anistia Internacional denunciou que a polícia italiana usou métodos "similares à tortura" para obter impressões digitais de migrantes

Imigrantes: o documento da ONG considera a União Europeia em parte responsável por essa situação (MARIO LAPORTA/AFP)

Imigrantes: o documento da ONG considera a União Europeia em parte responsável por essa situação (MARIO LAPORTA/AFP)

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AFP

Publicado em 3 de novembro de 2016 às 14h20.

A polícia italiana negou nesta quinta-feira as acusações da ONG Anistia Internacional, que denunciou casos de tortura contra migrantes na Itália.

"Nego categoricamente que sejam utilizados métodos violentos contra migrantes, seja durante sua identificação ou sua repatriação", afirmou, em um comunicado, o chefe da polícia italiana, Franco Gabrielli.

Na véspera, a AI denunciou que a polícia italiana usou métodos "similares à tortura" para obter impressões digitais de migrantes.

O documento da ONG considera a União Europeia em parte responsável por essa situação.

"As pressões da União Europeia sobre a Itália para que seja mais 'dura' com os migrantes e com os refugiados levaram a expulsões ilegais e a maus-tratos que, em alguns casos, são semelhantes à tortura", escreveu a ONG, em um relatório.

A política de "hotspots" - os centros de registro criados pela UE para facilitar a identificação de migrantes em sua chegada ao território europeu -levou a Itália a agir além da legalidade e a cometer "abusos escandalosos" por parte de alguns policiais, explica o coordenador do informe, Matteo de Bellis.

Para poder se instalar, ou para pedir asilo no país que escolherem, muitos migrantes se negam a se identificar em sua chegada à Itália.

A Anistia reuniu 24 testemunhos de pessoas que foram maltratadas. Dessas, 15 foram agredidas, inclusive com bastões de choque.

"Usaram um bastão de choque várias vezes na minha perna esquerda, depois sobre a direta, no peito e na barriga. Estava muito fraco para resistir e pegaram minhas duas mãos" para obter - à força - as impressões digitais, contou uma sudanesa de 16 anos.

Um homem de 27 anos relatou, por sua vez, ter sido obrigado a se sentar em uma cadeira de metal com um buraco, através do qual a Polícia usou alicates em seus testículos.

Diante desses relatos, a Anistia considera indispensável uma investigação independente, embora reconheça que "o comportamento da maioria dos policiais continue sendo profissional, e a grande maioria da tomada de impressões digitais aconteça sem incidentes".

As vítimas da violência não quiseram denunciar as agressões sofridas - disse Bellis à AFP -, mas a Anistia informou o Ministério italiano do Interior sobre esses fato em uma carta.

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