Mais de 20 mil policiais foram mobilizados, em todo o país (Anadolu Agency/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 20 de julho de 2023 às 10h19.
O Peru vive, nesta quarta-feira, um novo dia de protestos contra o governo da presidente, Dina Boluarte, em mais um capítulo de uma crise que se arrasta desde a virada do ano e que os manifestantes apelidaram de “terceira tomada de Lima”. Manifestantes estão mobilizados desde cedo e, durante a tarde, iniciaram a marcha pelas ruas da capital, em diferentes frentes, pedindo a renúncia da presidente e a convocação de eleições gerais.
Agora à noite, um grupo chegou até a praça do Congresso Nacional, sob forte esquema de segurança. No caminho, houve confronto com a polícia, que usou bombas de gás lacrimogênio, em uma avenida próxima ao prédio do Parlamento. Outro grupo caminhou até a frente do Palácio da Justiça. Várias estações de metrô foram fechadas.
Mais de 20 mil policiais foram mobilizados, em todo o país. Também há protestos em outras cidades. Em Huancavelica, houve uma tentativa de incendiar a porta do prédio da Prefeitura. A Defensoria peruana divulgou uma nota pedindo calma aos manifestantes. Na terça-feira, a presidente peruana classificou a convocação para o dia de protestos de “ameaça à democracia”.
A revolta popular que começou no interior do Peru até chegar à capital, no fim do ano passado, provocou dezenas de mortes e é considerada a maior mobilização social do século no Peru. O estopim da crise foi a destituição do presidente Pedro Castillo pelo Congresso, em 7 de dezembro, após uma fracassada tentativa de golpe, com o qual o líder esquerdista tentou fechar o Parlamento, dominado pela direita, governar por decretos e convocar uma Assembleia Constituinte.
A destituição ocorreu horas antes de o Legislativo votar uma moção para remover Castillo, investigado pelo Ministério Público por corrupção. Em seguida, um juiz o sentenciou a 18 meses de prisão preventiva pelo crime de rebelião em flagrante.
Boluarte, então vice-presidente, o substituiu, conforme a lei. Mas o repúdio popular à sangrenta repressão aos protestos relegou Castillo a segundo plano, impulsionando a revolta contra a atual presidente e os parlamentares. Os protestos começaram no "Peru profundo", nas áreas andinas do Sul do país e logo alcançaram a capital.