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Pela primeira vez em 100 anos, Congresso dos EUA não consegue eleger presidente

Republicano Kevin McCarthy, favorito para substituir a democrata Nancy Pelosi, não foi capaz de acalmar a revolta de um grupo de apoiadores de Trump, que o consideram moderado demais

Republicano Kevin McCarthy, favorito para substituir a democrata Nancy Pelosi (AFP/Reprodução)
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AFP

Publicado em 4 de janeiro de 2023 às 07h08.

Última atualização em 4 de janeiro de 2023 às 07h27.

A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos suspendeu a sessão nesta terça-feira (3) sem conseguir eleger seu presidente, algo inédito em 100 anos, devido a divisões entre os republicanos.

O republicano Kevin McCarthy, favorito para substituir a democrata Nancy Pelosi, não foi capaz de acalmar a revolta de um grupo de apoiadores do ex-presidente Donald Trump, que o consideram moderado demais.

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Os congressistas decidiram adiar a sessão até a manhã de quarta-feira para ter tempo de negociar nos bastidores.

Os republicanos, que obtiveram uma apertada maioria dos assentos da Câmara baixa, pretendem usar essa vantagem para abrir uma série de investigações que têm como alvo o presidente americano, o democrata Joe Biden, entre elas sobre a forma como ele gerenciou a pandemia de covid-19.

Mas, antes disso, eles precisam chegar a um acordo sobre quem irá presidir a Câmara dos Representantes, para que os legisladores possam prestar juramento.

Após o fim da sessão, Trump criticou uma "agitação supérflua" dentro do Partido Republicano, pelo qual o magnata pretende disputar novamente as eleições presidenciais em 2024.

218 votos

A eleição do titular da Câmara baixa, conhecido como "speaker", terceira figura mais importante da política americana, requer uma maioria de 218 votos.

McCarthy não alcançou este número após três rodadas de votação devido à oposição de cerca de 20 congressistas partidários de Trump.

A candidatura de McCarthy conta com um apoio amplo dentro do seu partido. De fato, o anúncio de sua indicação na terça-feira no plenário foi recebido com aplausos de pé nas fileiras americanas.

No início da terceira rodada, o desconforto era palpável. Republicanos mais moderados estavam pedindo a seus colegas que apoiassem McCarthy.

"Viemos aqui para fazer coisas", disse o líder republicano Steve Scalise, arrancando risos dos democratas.

Ao longo das votações, o partido de Biden se uniu em torno da candidatura do líder democrata Hakeem Jeffries, aplaudindo-o sob gritos de "Hakeem, Hakeem, Hakeem!". Mas ele não tem votos suficientes para ser eleito.

A eleição do presidente da Câmara dos Representantes pode ser decidida em horas, ou levar semanas. Em 1856, demorou dois meses.

McCarthy parece estar disposto a fazer concessões aos mais conservadores para evitar que a história se repita, uma vez que, em 2015, a ala mais à direita de seu partido o impediu de ocupar o cargo.

Mas tampouco pode se dar ao luxo de se colocar contra os republicanos moderados. Embora a margem de manobra de McCarthy seja reduzida, no momento ele não tem um adversário forte. Como possível alternativa, circula apenas o nome de Jim Jordan.

Cenário beneficia Biden?

Com os republicanos no controle da Câmara dos Representantes, Biden e os democratas perderam poder para aprovar novas iniciativas. O mesmo acontecerá com os republicanos no Senado, onde os democratas são maioria.

Para se alinharem em uma oposição sistemática, os republicanos teriam que estar unidos. No entanto, na votação do orçamento, em dezembro, viu-se alguns votando com os democratas.

Com a eleição do "speaker", a desunião saltou à vista novamente.

Uma Câmara hostil poderia, inclusive, beneficiar Biden, caso ele confirme sua intenção de voltar a se candidatar à Presidência em 2024.

O presidente é cauteloso ao comentar as divisões republicanas. Sua porta-voz, Karine Jean-Pierre, assegurou que o líder democrata não "se intrometerá neste processo".

Em caso de paralisação legislativa, o presidente americano deve culpar os republicanos pelo bloqueio, na esperança de se beneficiar politicamente.

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