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Pela 1ª vez na China, tribunal debate 'cura gay'

Um homem está processando uma clínica de psiquiatria chinesa depois de passar por sessões de "cura gay", onde chegou a levar choques elétricos

Manifestantes protestam contra a "cura gay" diante do tribunal de Pequim que está analisando o caso de Xiao Zhen (GREG BAKER/AFP/Getty Images)

Guilherme Dearo

Publicado em 1 de agosto de 2014 às 13h24.

São Paulo - Em um caso inédito na China , um tribunal está debatendo a "cura gay".

O chinês Xiao Zhen, 30, gay , está processando um centro de aconselhamento psicológico de Chongqing.

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Ele alega ter sofrido sérios impactos mentais depois de procurar atendimento na clínica, que lhe ofereceu uma terapia de "cura".

Segundo Xiao, a sessão, que durou uma hora e custou 181 reais, incluiu choques elétricos e hipnose. Ele chamou o tratamento de "uma farsa total".

Ele explicou que primeiro o psicólogo lhe pediu que imaginasse uma "cena gay". Quando ele se excitava ou atingia o orgasmo, o doutor lhe aplicava choques elétricos nas genitálias.

O caso está sendo analisado no distrito de Haidian, em Pequim.

Segundo Xiao, ele foi à clínica apenas por pressão de seus pais, que descobriram em fevereiro de 2014 que ele era gay e, não aceitando a situação, insistiam para que ele fosse ao médico.

"Eu acredito que vencerei esse caso. Homossexualidade não é um distúrbio mental. Então qualquer suposto tratamento é uma óbvia enganação", disse ao China Daily.

Não só a clínica, como a empresa chinesa de internet Baidu estão envolvidas. Isso porque Xiao viu o anúncio da clínica no buscador chinês.

Se ele ganhar o caso, ambas terão de pagar o equivalente a 3700 reais a ele, além de fazerem um pedido formal de desculpas.

Xiao Zhen foi um nome inventado pelo homem, que pediu para a imprensa usar o pseudônimo no lugar de seu nome real, pois temia ser discriminado posteriormente.

A clínica

No site da clínica, eles dizem ter curado dez pacientes em 2011 e sete no primeiro semestre de 2012. A terapia completa custa o equivalente a 11 mil reais.

No site, explicam o conceito próprio deles de homossexualidade: "Qualquer tipo de homossexualidade não é homossexualidade de verdade. É somente uma maneira errada de alívio sexual. Eles precisam ser apenas guiados".

Gays na China

Até 1997, ser gay era um crime na China.

Depois, o governo chinês removeu em 2001 a homossexualidade da lista de distúrbios mentais, na sua terceira versão do manual Classificação Chinesa de Distúrbios Mentais.

Mas o manual deixa brechas para interpretações equivocadas - levando pessoas do setor de saúde a prometerem a cura - com o trecho "Algumas pessoas podem não querer isso, podem se sentir ansiosas, depressivas e sofrer por causa disso. Algumas precisam buscar tratamento para mudar isso".

A Organização Mundial da Saúde tirou a homossexualidade da lista de doenças em 1990.

Estudos estimam que 40 milhões de chineses sejam gays.

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