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Partidários de opositor vão a julgamento após protestos na Rússia

O Kremlin considerou "perigosas" as manifestações anticorrupção, que terminaram com mais de 1.700 detenções

Protestos: em Moscou e outras cidades, a polícia respondeu com veemência e utilizou cassetetes para dispersar os manifestantes (Tatyana Makeyeva/Reuters)

Protestos: em Moscou e outras cidades, a polícia respondeu com veemência e utilizou cassetetes para dispersar os manifestantes (Tatyana Makeyeva/Reuters)

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AFP

Publicado em 13 de junho de 2017 às 08h27.

Os partidários do principal opositor ao Kremlin, Alexei Navalny, condenado nesta segunda-feira a 30 dias de detenção, serão julgados nesta terça-feira, um dia depois de uma jornada de protestos contra o presidente Vladimir Putin que terminou com mais de 1.700 detenções.

Várias conclusões podem ser obtidas após as manifestações: os "jovens" de Putin, que conheceram apenas um presidente em toda sua vida, confirmaram sua mobilização, apesar das condenações anunciadas após outro dia de grandes protestos, 26 de março.

A polícia deteve na segunda-feira mais pessoas (1.700) que em 26 de março (1.000).

Mas ainda é cedo para saber se este é um movimento sólido, pois a grande maioria dos russos não apoia Navalny e considera Putin uma garantia de estabilidade.

Nesta terça, o Kremlin considerou "perigosas" as manifestações anticorrupção. "A realização de eventos autorizados, como previsto pela lei, não apresenta perigo (...) O que é perigoso, são as manifestaçõesde provocação, é perigoso para as pessoas ao redor", declarou à imprensa o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Navalny foi condenado a 30 dias de prisão - uma punição administrativa - por ter convocado manifestações não autorizadas em várias cidades, de Vladivostok, no extremo leste do país, até Kaliningrado, às margens do Mar Báltico.

Navalny, que espera disputar contra Putin a eleição presidencial de março de 2018, foi detido na saída de seu prédio em Moscou, quando pretendia seguir até a manifestação não autorizada na avenida Tverskaya, via que segue até o Kremlin.

Milhares de pessoas - 4.500, segundo a polícia - compareceram ao protesto aos gritos de "Rússia sem Putin" ou "Putin ladrão".

Em Moscou e outras cidades, a polícia respondeu com veemência e utilizou cassetetes para dispersar os manifestantes. Os detidos foram transportados em vários ônibus.

A ONG russa OVD-Info indicou que 1.500 pessoas foram detidas, incluindo pelo menos 866 em Moscou e quase 600 em São Petersburgo (noroeste), de acordo com um balanço atualizado.

O julgamento dos manifestantes começa nesta terça-feira. Eles podem ser condenados a 15 dias de detenção, ou mais caso sejam considerados culpados de violência contra as forças de segurança.

A manifestação de segunda-feira representa um novo desafio para Putin, a nove meses da eleição presidencial, na qual ele pode se apresentar para aspirar um quarto mandato.

De acordo com o cientista político Gleb Pavlovski, ex-conselheiro de imagem do presidente, "não havia apenas pessoas pacíficas nas manifestações" de segunda-feira, "mas as autoridades perderam os nervos".

"A mobilização de 26 de março foi uma vitória para Navalny, mas a de 12 de junho não foi um sucesso nem um fracasso: mostrou que o conflito (entre os anti e os pró-Putin) aumenta mas não consegue mobilizar o suficiente", completou.

Mas o protesto confirma a presença de muitos estudantes, que não conheceram outro chefe de Estado ou de Governo que não fosse Vladimir Putin, no poder desde o ano 2000.

As detenções de segunda-feira foram criticadas pela Casa Branca e pelo Parlamento Europeu.

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