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Para Turquia, a paz na Síria só é possível sem Al Assad

"Assad é o principal responsável por esta tragédia humanitária. Utilizou bombas de barril, armas químicas...", lembrou Davutoglu em entrevista coletiva


	O presidente sírio, Bashar Al Assad: governo turco, que desde o início da crise se opôs frontalmente à gestão de Assad, não acredita que "pode haver uma solução com sua presença"
 (AFP)

O presidente sírio, Bashar Al Assad: governo turco, que desde o início da crise se opôs frontalmente à gestão de Assad, não acredita que "pode haver uma solução com sua presença" (AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de setembro de 2015 às 13h53.

Nações Unidas - O primeiro-ministro da Turquia, Ahmet Davutoglu, insistiu nesta segunda-feira que qualquer solução para a guerra na Síria deve incluir a saída do presidente, Bashar al Assad, e reivindicou à comunidade internacional mais atenção para a situação dos refugiados que fogem desse conflito.

"Assad é o principal responsável por esta tragédia humanitária. Utilizou bombas de barril, armas químicas...", lembrou Davutoglu em entrevista coletiva em um intervalo da Assembleia Geral da ONU.

Como destacou hoje o secretário-geral da organização, Ban Ki-moon, a Turquia é um dos cinco países que tem "a chave" para resolver a guerra síria, junto com Estados Unidos, Rússia, Irã e Arábia Saudita.

O governo turco, que desde o início da crise se opôs frontalmente à gestão de Assad, não acredita que "pode haver uma solução com sua presença".

"É necessário um processo de transição na Síria sem Assad e sem grupos terroristas", disse Davutoglu, que garantiu que o regime e os jihadistas mantiveram uma "cooperação logística" contra a oposição moderada.

Além disso, destacou que Assad e o grupo Estado Islâmico (EI) tentam se legitimar mutuamente, por exemplo, ajudando o presidente a defender diante da comunidade internacional que sua figura é necessária para derrotar os terroristas.

Assim, disse que a Turquia está disposta a participar de campanhas antiterroristas com outros países, inclusive com a Rússia, mas deixou claro que estas não podem servir para perpetuar Assad no poder.

"São dois demônios que se apoiam mutuamente. Se um país apoia um contra o outro, terminará apoiando os dois", disse.

O primeiro-ministro turco se referiu ainda à situação dos refugiados que fogem da Síria e lembrou que seu país há anos lida com essa situação.

"Agora (com a chegada em massa de pessoas à Europa) está claro que a crise dos refugiados é uma crise global, uma crise que não podemos ignorar", disse Davutoglu.

A Turquia, lembrou, acolhe cerca de dois milhões de refugiados sírios e já gastou US$ 7,6 bilhões para atendê-los, com uma contribuição "mínima" da comunidade internacional.

Davutoglu explicou que em seus contatos com líderes europeus e de outras regiões apresentou a necessidade de uma tripla resposta que passe por prevenir novas saídas da população da Síria, criando zonas seguras dentro do país, cooperando para atender os refugiados que já estão no exterior e desenhando um plano para seu retorno para quando a paz for alcançada.

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