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Paquistaneses protestam contra matanças de xiitas

Os manifestantes exigem das autoridades medidas enérgicas contra os autores dos atentados

Xiitas protestam contra atentados: em Quetta, mais de 4.000 xiitas deixaram de enterrar as vítimas, um gesto de forte poder simbólico entre os muçulmanos (Farooq Naeem/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2014 às 14h27.

Quetta - Movimentos de protestos e greves se multiplicaram nesta segunda-feira, no Paquistão , para exigir das autoridades medidas enérgicas contra os autores de um novo atentado dirigido contra a minoria muçulmana xiita que deixou mais de 80 mortos neste fim de semana.

No domingo ocorreram protestos em solidariedade para com as vítimas do atentado de Quetta (sudoeste) na capital econômica do país, Karachi (sul), a capital cultural, Lahore (leste), e a principal cidade da Caxemira administrada pelo Paquistão, Muzafarabad (leste).

Os protestos se intensificaram nesta segunda-feira em Karachi, uma megalópole de 18 milhões de habitantes, onde inúmeros colégios e comércios fecharam suas portas.

Em Quetta, capital da instável província do Baluchistão, mais de 4.000 xiitas continuaram sem enterrar os caixões das vítimas, um gesto de forte poder simbólico entre os muçulmanos, para quem os mortos devem ser enterrados no mesmo dia de seu falecimento ou, no mais tardar, no dia seguinte.

A polícia local tentou convencer em vão os manifestantes a enterrarem as vítimas do atentado.

"Enterraremos nossos mortos apenas quando for lançada uma operação contra os autores deste novo atentado", afirmou Qayyum Changezi, chefe do partido xiita local.

Os protestos se estendem por outras cidades do país.

O atentado de sábado contra a comunidade xiita deixou mais de 60 mortos e 180 feridos no sábado no Baluchistão, onde o fundamentalismo religioso avança de forma acelerada, bem como a violência contra esta minoria muçulmana.

Este foi um dos atentados mais sangrentos já ocorridos no Paquistão contra os xiitas, que representam 20% da população do país, de 180 milhões de habitantes e maioria sunita.

Uma bomba escondida em um caminhão-tanque e acionada à distância explodiu no fim do dia na cidade de Hazara, perto da capital Quetta, localizada na fronteira com o Irã e Afeganistão e palco de atos de violência sectária e numerosos atentados contra as forças de segurança.

O caminhão repleto de explosivos estava estacionado perto de um prédio de dois andares, que acabou desabando. "Tememos que muitas pessoas ainda estejam presas sob os escombros", disse Mehmood.

Após o atentado, uma multidão enfurecida lançou pedras contra a polícia, acusada de não proteger os xiitas, de acordo com testemunhas.

Os episódios de violência contra a minoria xiita, julgada herege por alguns grupos sunitas extremistas, multiplicaram-se nos últimos anos no Paquistão, principalmente no Baluchistão.

A autoria do atentado foi reivindicada pelo Lashkar-e-Jhangvi, grupo armado sunita fundado nos anos 1990 e proibido oficialmente no Paquistão, o que não o impede de cometer crimes violentos.

Este movimento armado também reivindicou, no mês passado, a autoria do ataque mais sangrento contra a comunidade xiita no Paquistão: um duplo atentado suicida em frente a um clube de bilhar de Quetta, que resultou na morte de 80 xiitas.

De acordo com a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW), mais de 400 xiitas foram mortos no Paquistão em 2012, ano mais sangrento para esta comunidade na história do país.

O Paquistão também é cenário de uma guerra de influência entre a Arábia Saudita, suspeita de financiar os movimentos wahabitas (facção ultraortodoxa do islã sunita), e o Irã, maior potência xiita, segundo analistas.

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Quetta - Movimentos de protestos e greves se multiplicaram nesta segunda-feira, no Paquistão , para exigir das autoridades medidas enérgicas contra os autores de um novo atentado dirigido contra a minoria muçulmana xiita que deixou mais de 80 mortos neste fim de semana.

No domingo ocorreram protestos em solidariedade para com as vítimas do atentado de Quetta (sudoeste) na capital econômica do país, Karachi (sul), a capital cultural, Lahore (leste), e a principal cidade da Caxemira administrada pelo Paquistão, Muzafarabad (leste).

Os protestos se intensificaram nesta segunda-feira em Karachi, uma megalópole de 18 milhões de habitantes, onde inúmeros colégios e comércios fecharam suas portas.

Em Quetta, capital da instável província do Baluchistão, mais de 4.000 xiitas continuaram sem enterrar os caixões das vítimas, um gesto de forte poder simbólico entre os muçulmanos, para quem os mortos devem ser enterrados no mesmo dia de seu falecimento ou, no mais tardar, no dia seguinte.

A polícia local tentou convencer em vão os manifestantes a enterrarem as vítimas do atentado.

"Enterraremos nossos mortos apenas quando for lançada uma operação contra os autores deste novo atentado", afirmou Qayyum Changezi, chefe do partido xiita local.

Os protestos se estendem por outras cidades do país.

O atentado de sábado contra a comunidade xiita deixou mais de 60 mortos e 180 feridos no sábado no Baluchistão, onde o fundamentalismo religioso avança de forma acelerada, bem como a violência contra esta minoria muçulmana.

Este foi um dos atentados mais sangrentos já ocorridos no Paquistão contra os xiitas, que representam 20% da população do país, de 180 milhões de habitantes e maioria sunita.

Uma bomba escondida em um caminhão-tanque e acionada à distância explodiu no fim do dia na cidade de Hazara, perto da capital Quetta, localizada na fronteira com o Irã e Afeganistão e palco de atos de violência sectária e numerosos atentados contra as forças de segurança.

O caminhão repleto de explosivos estava estacionado perto de um prédio de dois andares, que acabou desabando. "Tememos que muitas pessoas ainda estejam presas sob os escombros", disse Mehmood.

Após o atentado, uma multidão enfurecida lançou pedras contra a polícia, acusada de não proteger os xiitas, de acordo com testemunhas.

Os episódios de violência contra a minoria xiita, julgada herege por alguns grupos sunitas extremistas, multiplicaram-se nos últimos anos no Paquistão, principalmente no Baluchistão.

A autoria do atentado foi reivindicada pelo Lashkar-e-Jhangvi, grupo armado sunita fundado nos anos 1990 e proibido oficialmente no Paquistão, o que não o impede de cometer crimes violentos.

Este movimento armado também reivindicou, no mês passado, a autoria do ataque mais sangrento contra a comunidade xiita no Paquistão: um duplo atentado suicida em frente a um clube de bilhar de Quetta, que resultou na morte de 80 xiitas.

De acordo com a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW), mais de 400 xiitas foram mortos no Paquistão em 2012, ano mais sangrento para esta comunidade na história do país.

O Paquistão também é cenário de uma guerra de influência entre a Arábia Saudita, suspeita de financiar os movimentos wahabitas (facção ultraortodoxa do islã sunita), e o Irã, maior potência xiita, segundo analistas.

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