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Papa visita ilha usada para entrada de imigrantes na Europa

A ilha italiana de Lampedusa é porta de entrada para milhares de imigrantes africanos que sonham com uma vida melhor, mas também cemitério daqueles que morrem no caminho

Papa Francisco acena para fiéis durante sua chegada à ilha italiana de Lampedusa (REUTERS/Alessandro Bianchi)
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Da Redação

Publicado em 8 de julho de 2013 às 08h14.

Roma - O papa Francisco visita nesta segunda-feira a ilha italiana de Lampedusa, porta da Europa para milhares de imigrantes africanos que sonham com uma vida melhor, mas também cemitério daqueles que morrem no caminho.

Lampedusa é, sem dúvida, uma das joias do Mediterrâneo com suas praias selvagens e suas águas cristalinas que atraem os turistas de todo o mundo, mas este paraíso convive todo o ano com o inferno vivido por imigrantes africanos que chegam às suas costas.

A ilha se encontra 205 quilômetros ao sul da Sicília e a apenas 113 quilômetros do litoral africano, três ou quatro dias de navegação para qualquer barcaça; mas nem todas chegam.

Segundo os dados recentemente publicados pela Comunidade Católica de Sant"Egídio, de 1990 até o início deste ano, oito mil pessoas morreram cruzando o Canal da Sicília, com o apavorante dado de 2.770 mortes em 2011, quando, devido ao conflito na Líbia, cerca de 60 mil africanos empreenderam a travessia para chegar à Itália.

Um destes últimos dramas foi o que comoveu o papa Francisco, que decidiu viajar à ilha para rezar pela morte dos imigrantes depois que no último mês de junho sete norte-africanos morreram afogados após passar horas agarrados a cestos de pesca de atuns onde tinham sido abandonados.

Nesta segunda-feira, o papa argentino embarcará para lançar ao mar uma coroa de flores em memória dos imigrantes que morreram no mar de Cala Pisana, o local onde se encontra o cemitério da cidade e as dezenas de túmulos sem nomes dos corpos que devolve o mar.

A prefeita da ilha, Giusi Nicolini, enviou em fevereiro uma carta à União Europeia pedindo ajuda sob o título: "Quão grande tem que ser o cemitério da minha ilha?".

"Já me entregaram (desde maio) 21 corpos de pessoas que se afogaram tentando chegar a Lampedusa. É algo insuportável para mim e um enorme peso para a ilha. A prefeitura não tem mais espaço para enterrá-los. Nos custa entender como esta tragédia pode seguir sendo considerada algo normal", escreveu Nicolini em sua carta.


"E o mais doloroso é que o número de mortos em nossas águas é impressionantemente superior ao dos corpos que o mar devolve. Estou indignada perante a negligência que contagiou todos, escandalizada pelo silêncio da Europa", acrescentou a prefeita.

No cemitério de Cala Pisana os túmulos dos imigrantes não têm nome nem nacionalidade; a prefeitura colocou uma simples foto do mar no qual perderam a vida e na qual está escrita sua suposta idade, se eram homens, mulheres ou crianças, sua origem africana e a data na qual seu corpo foi encontrado.

Aos que chegam a esta ilha de apenas 20 quilômetros quadrados, amontoados em embarcações de poucos metros, também não lhes espera um futuro melhor.

Em junho chegaram a Lampedusa 2.670 imigrantes que se somaram aos 4.300 que desembarcaram na ilha durante os primeiros cinco meses do ano e que transbordaram em algumas ocasiões o centro de amparada da ilha com capacidade para 300 pessoas.

O bom tempo das últimas semanas provocou uma nova onda destas "viagens da esperança" e, por exemplo, no dia 18 de junho o centro alojava 840 imigrantes ilegais, com enormes carências de espaço e higiene.


Neste centro, criticado duramente por associações humanitárias e organismos europeus e das Nações Unidas, os imigrantes permanecem semanas e meses à espera de serem conduzidos a outros locais onde esperam que se processe seu pedido de asilo ou, na maioria dos casos, sua expulsão.

A ONG Unimondo põe como exemplo que dos 2.233 imigrantes dos quais estudou os casos, metade foi repatriada e apenas 61 deles tiveram reconhecidos o direito à proteção internacional.

A maioria desaparece dos centros sem deixar rastros, principalmente quando termina o prazo máximo de 18 meses que podem permanecer retidos.

Que a visita sirva para "transformar a ilha situada no centro do Mediterrâneo em um espaço pacífico de amparada e não em um muro de expulsão egoísta é o objetivo que Sant"Egídio sugere a todos os europeus de boa vontade", escreveu o presidente da comunidade católica, por ocasião da viagem do papa Francisco.

Para o ministro do Interior italiano, Angelino Alfano, é necessário que a União Europeia comece a considerar Lampedusa "não só uma fronteira italiana, mas uma fronteira europeia".

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Roma - O papa Francisco visita nesta segunda-feira a ilha italiana de Lampedusa, porta da Europa para milhares de imigrantes africanos que sonham com uma vida melhor, mas também cemitério daqueles que morrem no caminho.

Lampedusa é, sem dúvida, uma das joias do Mediterrâneo com suas praias selvagens e suas águas cristalinas que atraem os turistas de todo o mundo, mas este paraíso convive todo o ano com o inferno vivido por imigrantes africanos que chegam às suas costas.

A ilha se encontra 205 quilômetros ao sul da Sicília e a apenas 113 quilômetros do litoral africano, três ou quatro dias de navegação para qualquer barcaça; mas nem todas chegam.

Segundo os dados recentemente publicados pela Comunidade Católica de Sant"Egídio, de 1990 até o início deste ano, oito mil pessoas morreram cruzando o Canal da Sicília, com o apavorante dado de 2.770 mortes em 2011, quando, devido ao conflito na Líbia, cerca de 60 mil africanos empreenderam a travessia para chegar à Itália.

Um destes últimos dramas foi o que comoveu o papa Francisco, que decidiu viajar à ilha para rezar pela morte dos imigrantes depois que no último mês de junho sete norte-africanos morreram afogados após passar horas agarrados a cestos de pesca de atuns onde tinham sido abandonados.

Nesta segunda-feira, o papa argentino embarcará para lançar ao mar uma coroa de flores em memória dos imigrantes que morreram no mar de Cala Pisana, o local onde se encontra o cemitério da cidade e as dezenas de túmulos sem nomes dos corpos que devolve o mar.

A prefeita da ilha, Giusi Nicolini, enviou em fevereiro uma carta à União Europeia pedindo ajuda sob o título: "Quão grande tem que ser o cemitério da minha ilha?".

"Já me entregaram (desde maio) 21 corpos de pessoas que se afogaram tentando chegar a Lampedusa. É algo insuportável para mim e um enorme peso para a ilha. A prefeitura não tem mais espaço para enterrá-los. Nos custa entender como esta tragédia pode seguir sendo considerada algo normal", escreveu Nicolini em sua carta.


"E o mais doloroso é que o número de mortos em nossas águas é impressionantemente superior ao dos corpos que o mar devolve. Estou indignada perante a negligência que contagiou todos, escandalizada pelo silêncio da Europa", acrescentou a prefeita.

No cemitério de Cala Pisana os túmulos dos imigrantes não têm nome nem nacionalidade; a prefeitura colocou uma simples foto do mar no qual perderam a vida e na qual está escrita sua suposta idade, se eram homens, mulheres ou crianças, sua origem africana e a data na qual seu corpo foi encontrado.

Aos que chegam a esta ilha de apenas 20 quilômetros quadrados, amontoados em embarcações de poucos metros, também não lhes espera um futuro melhor.

Em junho chegaram a Lampedusa 2.670 imigrantes que se somaram aos 4.300 que desembarcaram na ilha durante os primeiros cinco meses do ano e que transbordaram em algumas ocasiões o centro de amparada da ilha com capacidade para 300 pessoas.

O bom tempo das últimas semanas provocou uma nova onda destas "viagens da esperança" e, por exemplo, no dia 18 de junho o centro alojava 840 imigrantes ilegais, com enormes carências de espaço e higiene.


Neste centro, criticado duramente por associações humanitárias e organismos europeus e das Nações Unidas, os imigrantes permanecem semanas e meses à espera de serem conduzidos a outros locais onde esperam que se processe seu pedido de asilo ou, na maioria dos casos, sua expulsão.

A ONG Unimondo põe como exemplo que dos 2.233 imigrantes dos quais estudou os casos, metade foi repatriada e apenas 61 deles tiveram reconhecidos o direito à proteção internacional.

A maioria desaparece dos centros sem deixar rastros, principalmente quando termina o prazo máximo de 18 meses que podem permanecer retidos.

Que a visita sirva para "transformar a ilha situada no centro do Mediterrâneo em um espaço pacífico de amparada e não em um muro de expulsão egoísta é o objetivo que Sant"Egídio sugere a todos os europeus de boa vontade", escreveu o presidente da comunidade católica, por ocasião da viagem do papa Francisco.

Para o ministro do Interior italiano, Angelino Alfano, é necessário que a União Europeia comece a considerar Lampedusa "não só uma fronteira italiana, mas uma fronteira europeia".

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