Papa lamenta banalização de ofensas após sofrer ataques anônimos
Autoridades italianas tentam identificar os responsáveis por uma campanha sem precedentes contra o papa Francisco.
AFP
Publicado em 12 de fevereiro de 2017 às 13h42.
O papa Francisco criticou o que chamou de banalização das injúrias neste domingo, falando na Praça de São Pedro, sem aludir diretamente aos ataques anônimos que recebeu na última semana.
Por ocasião da oração dominical do Ângelus, o Papa se referiu ao mandamento de Jesus de "não matarás", que engloba também outros "comportamentos que ofendem a dignidade da pessoa humana, incluindo as palavras injuriosas".
"Certamente, estas palavras injuriosas não têm a mesma gravidade e culpabilidade do assassinato, mas estão na mesma linha, porque são suas premissas e revelam a mesma malevolência", afirmou.
"Estamos acostumados a insultar, é como dizer 'bom dia', mas quem insulta o irmão, mata em seu próprio coração o irmão", acrescentou, incentivando os fiéis a evitarem as ofensas.
Autoridades italianas tentam identificar os responsáveis por uma campanha sem precedentes contra o papa Francisco, lançada em Roma por meio de centenas de cartazes criticando o pontífice.
Os cartazes apareceram durante o fim de semana passado nos muros de vários bairros centrais da capital italiana e neles se vê a imagem de Francisco, com cara de raiva e uma legenda em dialeto romano.
"A France (Francisco), você tutelou congregações, removeu sacerdotes, decapitou a Ordem de Malta e a dos Franciscanos da Imaculada, ignorou cardeais, ma n'do sta la tuamisericórdia (onde está a sua misericórdia?)", diz o cartaz em tom irônico.
As acusações a Francisco dizem respeito a problemas que ele teve com os setores mais conservadores da Igreja Católica e da Cúria Romana, a poderosa máquina central da Igreja.
Os dizeres citam, entre outros, a guerra travada com a Ordem de Malta e a aposentadoria forçada do ultraconservador Stefano Manelli, de 83 anos, fundador em 1970 da ordem dos Frades Franciscanos da Imaculada.
Também critica o fato de que o Papa "ignora cardeais", em uma alusão aos quatro cardeais ultraconservadores que pediram publicamente em uma carta datada de setembro que Francisco corrija os "erros doutrinais" de sua encíclica Amoris Laetitia.
A polícia analisa as imagens de câmeras de segurança para tentar determinar os responsáveis pelo ato.
Em um programa de televisão, o cardeal Marc Ouellet, prefeito da Congregação dos Bispos, conhecido por suas posições conservadoras, condenou "os métodos anônimos, inspirados pelo diabo, que querem semear a divisão".
No final de semana, um falso"Osservatore Romano", o jornal oficial do Vaticano, chegou ao correio de inúmeros cardeais e bispos. Na publicação, o Papa era novamente criticado de forma mais sutil e em tom de sátira.
Os assessores do santo pontífice minimizaram ambos incidentes.
Segundo o jornal La Stampa, após ser informado da campanha, o Papa reagiu com "serenidade e indiferença".