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Papa Francisco visita o Panamá em plena onda migratória na América Latina

Milhares de peregrinos, cobertos por bandeiras de seus respectivos países, invadiram a Cidade do Panamá à espera do pontífice

Passageiro passa por pôster com a foto do Papa Francisco no aeroporto de Tocumen, no Panamá (Henry Romero/Reuters)
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AFP

Publicado em 23 de janeiro de 2019 às 09h57.

Última atualização em 23 de janeiro de 2019 às 11h27.

O papa Francisco chega nesta quarta-feira ao Panamá, onde é esperado por cerca de 200.000 jovens católicos de 155 países para uma nova edição da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que acontecerá em meio à migração em massa em vários países latino-americanos.

Francisco, de 82 anos, chega ao aeroporto internacional de Tocumen às 16h30 local (19h30 de Brasília) depois de percorrer 9.500 quilômetros em 13 horas de voo.

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Milhares de peregrinos, cobertos por bandeiras de seus respectivos países, invadiram a Cidade do Panamá. A multidão espera a chegada do pontífice, cantando, confraternizando-se e tirando selfies às margens do Oceano Pacífico.

A viagem papal coincide com a maior onda migratória registrada na América Latina, com hondurenhos, salvadorenhos e venezuelanos, atravessando fronteiras diariamente para fugir da violência e da fome causadas por governos, ou por gangues regionais.

"Eles se lançam a alcançar sua esperança em outros países, pois estão expostos ao narcotráfico, à escravidão, à deliquência e a tantos outros males", afirmou o arcebispo do Panamá, José Domingo Ulloa, em uma missa realizada na véspera da chegada do papa.

"Nossa juventude, especialmente na América Central, precisa de oportunidades", declarou o arcebispo.

Em uma mensagem por ocasião da proximidade do evento, Francisco afirmou que os jovens, tanto os que creem quanto os que não creem, têm uma "força que pode mudar o mundo".

Na sexta-feira passada, em uma mensagem de vídeo para a Jornada Mundial da Juventude Indígena, que ocorrerá em Soloy, no Panamá, o sumo pontífice pediu que mantenham suas culturas e raízes, lutando contra a marginalização, a exclusão, o desperdício e o empobrecimento.

O papa falará de temas da região, como pobreza, corrupção e imigração, fazendo um parêntese na enxurrada de escândalos de abusos sexuais que atingem a Igreja católica.

Na quarta, antes de viajar, o papa se reuniu com oito jovens refugiados, informou o Vaticano.

Woodstock católica

Em meio a controvérsias, o pontífice é ansiosamente esperado por 200.000 jovens de 150 países no chamado "Woodstock dos católicos".

Muitos vão recebê-lo em um percurso de 29 quilômetros entre o aeroporto e a nunciatura apostólica, onde se hospedará.

"Ele se comunica conosco, os jovens, nos incentivando a sermos melhores", afirma James Murphy, de 23 anos, que viajou da ilha polinésia de Tonga até o Panamá para ver Francisco.

O papa permanece no país até domingo. Nesse período, visitará um centro de detenção juvenil, onde oficiará uma missa, e programou um encontro com pacientes com aids em um centro de assistência para jovens.

Também vai-se reunir com 70 bispos da América Central e, na quinta-feira, com autoridades do governo panamenho. À tarde, falará para uma multidão em Cinta Costera.

Uma Via-Crúcis está prevista para sexta-feira, e uma vigília ao ar livre, para o sábado, no Campo João Paulo II.

Ao menos sete presidentes comparecerão no domingo à última missa do papa na JMJ: Jimmy Morales (Guatemala), Juan Orlando Hernández (Honduras), Salvador Sánchez Cerén (El Salvador), Carlos Alvarado (Costa Rica), Iván Duque (Colômbia) e Marcelo Rebelo de Sousa (Portugal), além do anfitrião Juan Carlos Varela.

A JMJ foi criada por João Paulo II em 1986.

A grande festa da juventude católica latino-americana custará 54 milhões de dóalres, em parte doados por patrocinadores e fiéis. O governo assegura que o evento terá um impacto indireto de 388 milhões de dólares na economia local.

Esta é a primeira vez que Francisco visita o Panamá como papa e a 26ª viagem de seu pontificado.

Também será a terceira JMJ de Francisco, que presidiu uma em 2013, logo após ser escolhido papa, no Rio de Janeiro, e outra em Cracóvia, na Polônia, em 2016.

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