ONU rebate argumentos da Rússia na crise frente à Ucrânia
A ONU rebateu os argumentos da Rússia ao desmentir que a minoria russa no leste da Ucrânia sofre maus-tratos sistemáticos
Da Redação
Publicado em 15 de abril de 2014 às 14h14.
Genebra - A ONU rebateu nesta terça-feira os argumentos da Rússia ao desmentir que a minoria russa no leste da Ucrânia sofre maus-tratos sistemáticos e denunciar que houve manipulação para fazer crer que assim ocorria na Crimeia e justificar a anexação do território.
"Está amplamente verificado que os cidadãos de fala russa não foram vítimas de ameaça na Crimeia", afirmou em um relatório uma missão de direitos humanos enviada pela ONU a essa república autônoma após o referendo no qual ganhou a opção de se unir à Rússia, em 16 de março.
"Fotografias dos protestos (de opositores ucranianos) do Maidan, histórias exageradas de assédio a nativos russos por parte de nacionalistas ucranianos e que estes chegavam armados para persegui-los foram utilizadas para criar um clima de medo que se refletiu em um apoio à integração da Crimeia à Rússia", abundou.
Também revelou que 3 mil tártaros deixaram a Crimeia pelo clima de incerteza que se gerou após sua anexação por parte da Rússia.
Além disso, constatou que entre 140 e 150 pessoas estão desaparecidas em circunstâncias relacionadas diretamente com os protestos registradas entre dezembro e fevereiro passados na Ucrânia, que além disso causaram 121 mortes, das quais 101 foram de manifestantes.
O resultado de 96% de votos a favor da reincorporação da Crimeia à Rússia foi utilizado por Moscou para tentar legitimar sua ação, mas a ONU rebateu também a interpretação ao denunciar que a presença de grupos paramilitares e outros agentes armados não identificados afetaram o desenvolvimento do referendo.
Essa situação criou um ambiente que não foi propício "para que a vontade dos eleitores pudesse ser manifestada livremente", segundo o relatório, publicado a dois dias de uma jornada de negociações previstas entre Ucrânia, Rússia, Estados Unidos e a União Europeia em Genebra.
O objetivo da reunião de nível ministerial, que acontecerá na quinta-feira, é diminuir a forte tensão no sul e no leste da Ucrânia, particularmente nas localidades onde ativistas pró-Rússia mantêm ocupados edifícios governamentais há dez dias.
O governo ucraniano formado após a queda de Viktor Yanukovich em 22 de fevereiro, após três meses de protestos, lhes deu um ultimato que expirou ontem para utilizar a força para despejar as pessoas dessas instalações.
Teme-se que, se isso ocorrer, a Rússia opte por uma intervenção militar na Ucrânia, em cujas fronteiras concentrou cerca de 40 mil soldados e material bélico, segundo a Otan, que apresentou imagens feitas por satélite para basear sua afirmação.
O relatório da ONU sobre direitos humanos não aponta exclusivamente a Rússia como culpada de todos os males e lembra que a Ucrânia passa por graves problemas que não resolve, como a impunidade, a pobreza e a corrupção.
Além disso, pede às novas autoridades ucranianas que reduzam de forma urgente a propaganda e a incitação do ódio sob pretextos nacionalistas ou de diferenças raciais e religiosas.
Em relação aos fatos no sul e no leste do país, os observadores da ONU lembraram que a composição do atual governo é percebida nessas regiões como "não inclusiva, em vista que a maioria de seus membros vem do oeste da Ucrânia".
Nesse sentido, menciona que funcionários de altas hierarquias nessas áreas foram substituídos "por adeptos à nova coalizão de partidos" no poder, e que também vêm do leste do país.
A ONU alerta também que a situação no oeste e sul da Ucrânia pode ser utilizada para inflar os ânimos e a retórica nacionalistas, uma ameaça frente à qual pede que se mantenham atentos.
Menciona, em particular, o caso do grupo ultranacionalista Setor de Direitas, que participou ativamente nos protestos populares de Kiev, que segue ganhando popularidade e que esteve envolvido em ataques contra opositores ao atual governo e membros do antigo regime.
Genebra - A ONU rebateu nesta terça-feira os argumentos da Rússia ao desmentir que a minoria russa no leste da Ucrânia sofre maus-tratos sistemáticos e denunciar que houve manipulação para fazer crer que assim ocorria na Crimeia e justificar a anexação do território.
"Está amplamente verificado que os cidadãos de fala russa não foram vítimas de ameaça na Crimeia", afirmou em um relatório uma missão de direitos humanos enviada pela ONU a essa república autônoma após o referendo no qual ganhou a opção de se unir à Rússia, em 16 de março.
"Fotografias dos protestos (de opositores ucranianos) do Maidan, histórias exageradas de assédio a nativos russos por parte de nacionalistas ucranianos e que estes chegavam armados para persegui-los foram utilizadas para criar um clima de medo que se refletiu em um apoio à integração da Crimeia à Rússia", abundou.
Também revelou que 3 mil tártaros deixaram a Crimeia pelo clima de incerteza que se gerou após sua anexação por parte da Rússia.
Além disso, constatou que entre 140 e 150 pessoas estão desaparecidas em circunstâncias relacionadas diretamente com os protestos registradas entre dezembro e fevereiro passados na Ucrânia, que além disso causaram 121 mortes, das quais 101 foram de manifestantes.
O resultado de 96% de votos a favor da reincorporação da Crimeia à Rússia foi utilizado por Moscou para tentar legitimar sua ação, mas a ONU rebateu também a interpretação ao denunciar que a presença de grupos paramilitares e outros agentes armados não identificados afetaram o desenvolvimento do referendo.
Essa situação criou um ambiente que não foi propício "para que a vontade dos eleitores pudesse ser manifestada livremente", segundo o relatório, publicado a dois dias de uma jornada de negociações previstas entre Ucrânia, Rússia, Estados Unidos e a União Europeia em Genebra.
O objetivo da reunião de nível ministerial, que acontecerá na quinta-feira, é diminuir a forte tensão no sul e no leste da Ucrânia, particularmente nas localidades onde ativistas pró-Rússia mantêm ocupados edifícios governamentais há dez dias.
O governo ucraniano formado após a queda de Viktor Yanukovich em 22 de fevereiro, após três meses de protestos, lhes deu um ultimato que expirou ontem para utilizar a força para despejar as pessoas dessas instalações.
Teme-se que, se isso ocorrer, a Rússia opte por uma intervenção militar na Ucrânia, em cujas fronteiras concentrou cerca de 40 mil soldados e material bélico, segundo a Otan, que apresentou imagens feitas por satélite para basear sua afirmação.
O relatório da ONU sobre direitos humanos não aponta exclusivamente a Rússia como culpada de todos os males e lembra que a Ucrânia passa por graves problemas que não resolve, como a impunidade, a pobreza e a corrupção.
Além disso, pede às novas autoridades ucranianas que reduzam de forma urgente a propaganda e a incitação do ódio sob pretextos nacionalistas ou de diferenças raciais e religiosas.
Em relação aos fatos no sul e no leste do país, os observadores da ONU lembraram que a composição do atual governo é percebida nessas regiões como "não inclusiva, em vista que a maioria de seus membros vem do oeste da Ucrânia".
Nesse sentido, menciona que funcionários de altas hierarquias nessas áreas foram substituídos "por adeptos à nova coalizão de partidos" no poder, e que também vêm do leste do país.
A ONU alerta também que a situação no oeste e sul da Ucrânia pode ser utilizada para inflar os ânimos e a retórica nacionalistas, uma ameaça frente à qual pede que se mantenham atentos.
Menciona, em particular, o caso do grupo ultranacionalista Setor de Direitas, que participou ativamente nos protestos populares de Kiev, que segue ganhando popularidade e que esteve envolvido em ataques contra opositores ao atual governo e membros do antigo regime.