ONU interrompe operações humanitárias em Gaza após repetidas ordens de evacuação de Israel
Alto funcionário das Nações Unidas diz que funcionários não são capazes de trabalhar diante das 'condições atuais'; anúncio é feito após nova ordem de retirada no enclave
Agência de notícias
Publicado em 26 de agosto de 2024 às 14h10.
*As operações de ajuda humanitária da ONU em Gaza foram interrompidas nesta segunda-feira, após Israel emitir novas ordens de evacuação para Deir al-Balah, no centro do enclave palestino, na noite de domingo. À agência de notícias Reuters, um alto funcionário das Nações Unidas afirmou que o órgão não é capaz de trabalhar diante das "condições atuais".
"Não estamos saindo de Gaza porque as pessoas precisam de nós lá", afirmou o funcionário. "Estamos tentando equilibrar a necessidade da população com a necessidade de segurança dos funcionários da ONU", continuou, pontuando que os funcionários das Nações Unidas foram orientados a encontrar uma maneira de continuar operando.
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Condições insustentáveis para a ONU
Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas em outubro, a ONU teve que "atrasar ou pausar" ocasionalmente suas operações, "mas nunca ao ponto de dizer concretamente que já não pode fazer nada" como agora. Segundo o funcionário, o órgão transferiu suas principais operações e a maior parte dos funcionários para Deir al-Balah após Israel ordenar a evacuação de Rafah, no sul de Gaza, em maio.
"O desafio é encontrar um lugar onde possamos nos restabelecer e operar de forma eficaz. O espaço para operar está sendo cada vez mais restrito", afirmou.
Impactos do conflito no fornecimento de ajuda
O Exército israelense afirmou nesta segunda-feira que estava atacando "operações terroristas" em Deir al-Balah e trabalhando para desmantelar a "infraestrutura terrorista remanescente" do Hamas, cujo ataque de 7 de outubro ao sul de Israel desencadeou a guerra em curso no enclave.
Também nesta segunda-feira, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU afirmou que suas operações estão "severamente prejudicadas pelo conflito intensificado", com a entrada de alimentos reduzida e estradas danificadas dificultando ainda mais a distribuição.
A maioria dos palestinos em Gaza está agora deslocada e vivendo em condições precárias, onde os serviços básicos colapsaram e o risco de surtos de doenças é alto, segundo o PMA.
*Matéria da AFP disponibilizada pela Agência O Globo