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ONU envia ajuda humanitária a localidades sitiadas na Síria

O emissário da ONU para a Síria conseguiu que o governo de Bashar al-Assad aprovasse a entrada desta ajuda humanitária às localidades sitiadas


	Ajuda humanitária: "Um comboio de cem caminhões carregados de comida, farinha e medicamentos partirá hoje"
 (Ammar Abdullah / Reuters)

Ajuda humanitária: "Um comboio de cem caminhões carregados de comida, farinha e medicamentos partirá hoje" (Ammar Abdullah / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 17 de fevereiro de 2016 às 09h42.

Uma centena de caminhões carregados de comida e medicamentos tentarão chegar nesta quarta-feira a várias localidades sitiadas na Síria, onde centenas de milhares de pessoas vivem em condições dramáticas.

"Um comboio de cem caminhões carregados de comida, farinha e medicamentos partirá hoje", quarta-feira, de Damasco, "em direção às zonas sitiadas", declarou um responsável pelo Crescente Vermelho, Muhanad al Assadi.

O emissário da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, que chegou na noite de segunda-feira à capital síria, conseguiu que o governo de Bashar al-Assad aprovasse a entrada desta ajuda humanitária às localidades sitiadas.

Concretamente, 40 caminhões irão a Muadamiyat al Sham, uma cidade em mãos rebeldes perto de Damasco e cercada pelo regime, segundo o responsável do Crescente Vermelho.

Outros 35 caminhões irão a Madaya e Zabadani, também perto de Damasco e sitiadas pelo exército popular.

Além disso, 20 caminhões se dirigirão a Fua e Kafraya, dois povoados xiitas da província de Idleb (noroeste), cercados pelos rebeldes.

Uma clínica móvel será enviada a Madaya, uma cidade onde muitos habitantes morreram de fome e que simboliza o tormento da população civil após quase cinco anos de conflito.

Segundo um relatório da ONU, mais de um milhão de pessoas vivem sob "elevado risco de morte" devido à falta de alimentos, eletricidade e água corrente em 46 localidades cercadas em toda a Síria.

Em paralelo a uma situação humanitária cada vez mais degradada, os combates não param.

Ao menos 15 civis morreram na terça-feira à noite em bombardeios da coalizão internacional, liderada pelos Estados Unidos, em uma cidade do nordeste da Síria controlada pelo grupo Estado Islâmico (EI), segundo a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Bombardeios russos "bárbaros"

Em terra, a Turquia, que acusa as milícias armadas curdas de serem terroristas, bombardeou na terça-feira pelo quarto dia consecutivo suas posições ao norte de Aleppo.

A aviação turca bombardeou Tall Rifaat, um reduto rebelde que caiu nas mãos das forças curdas, informou o OSDH.

No sábado, a Turquia disse que junto à Arábia Saudita estava disposta a lançar uma operação terrestre na Síria contra o grupo jihadista Estado Islâmico, uma ideia que voltou a formular na terça-feira.

"Queremos uma operação terrestre com nossos aliados internacionais", declarou na terça-feira à imprensa um funcionário turco de alto escalão que pediu o anonimato.

"Não haverá uma operação militar unilateral da Turquia na Síria", disse. Esta intervenção tem que ser contra "todos os grupos terroristas na Síria", acrescentou, e citou o EI, as tropas do regime de Damasco e as milícias curdas das Unidades de Proteção Popular (YPG).

No entanto, o Irã, um dos apoios mais importantes do governo sírio, advertiu que a mobilização de tropas sauditas violaria o direito internacional.

Por sua vez, o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, denunciou novamente os bombardeios russos na Síria, classificando-os de bárbaros e covardes.

O OSDH informou na segunda-feira sobre bombardeios provavelmente russos contra escolas e hospitais no norte da Síria. Segundo a ONU, eles deixaram cerca de 50 mortos, incluindo crianças. Moscou negou categoricamente bombardear hospitais.

Washington cético

Os Estados Unidos expressaram seu ceticismo sobre um "cessar dos combates" na Síria no fim de semana, como prevê um acordo concluído com a Rússia na semana passada.

O presidente sírio, Bashar al-Assad, também disse que considera difícil um cessar-fogo.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, declarou na terça-feira em uma coletiva de imprensa que o conflito na Síria não é uma competição entre ele e seu colega russo, Vladimir Putin.

O líder americano respondia a uma pergunta sobre se sentia-se enganado pelo presidente russo, cujo exército intervém desde 30 de setembro em apoio às forças do presidente sírio.

"O fato de Putin ter precisado enviar suas próprias forças, sua própria aviação e ter lançado esta operação militar de envergadura (...) demonstra que a posição de Assad é fraca, não forte", observou.

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