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ONU diz que dois lados da guerra síria cometeram crimes de guerra

Relatório afirmou que bombas de fragmentação foram "usadas de forma generalizada" e lançadas do ar em áreas densamente povoadas de Aleppo

Aleppo: principal cidade da Síria foi destruída pelos confrontos entre rebeldes sírios e o governo (Khalil Ashawi/Reuters)
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Reuters

Publicado em 1 de março de 2017 às 11h56.

Genebra - Os dois lados da batalha pela cidade síria de Aleppo cometeram crimes de guerra, incluindo aeronaves do governo da Síria que bombardearam e alvejaram "deliberadamente" um comboio humanitário, matando 14 trabalhadores e interrompendo operações de ajuda, disseram investigadores da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quarta-feira.

Forças sírias e russas realizaram "ataques aéreos diários" contra o leste de Aleppo, então dominado por rebeldes, entre julho e sua queda desde dezembro, matando centenas de pessoas e destruindo hospitais, disseram os investigadores em seu relatório mais recente.

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Bombas de fragmentação foram "usadas de forma generalizada" e lançadas do ar em áreas densamente povoadas, segundo o relatório, o que equivale ao crime de guerra de ataque indiscriminado.

Mas os investigadores não souberam dizer se tanto as forças sírias quanto as russas as utilizaram em Aleppo ou somente uma delas, nem atribuíram nenhum crime de guerra específico investigado às unidades russas.

"Durante o período em análise, os céus sobre a cidade de Aleppo e seus arredores foram controlados conjuntamente pelas Forças Aéreas síria e russa... (elas) usaram predominantemente as mesmas aeronaves e armas, com isso tornando a atribuição impossível em muitos casos", disse o documento.

O relatório da Comissão de Inquérito da ONU --divulgado simultaneamente às conversas de paz da Síria em Genebra-- cobrem o período entre julho e dezembro e se baseia em 291 entrevistas com vítimas e testemunhas, além de análises de indícios forenses e imagens de satélite.

Helicópteros sírios lançaram bombas de gás cloro "no decorrer de 2016" em Aleppo, um arma proibida que causou centenas de baixas civis na cidade, relatou o documento.

Ao menos 5 mil forças pró-governo também cercaram o leste de Aleppo para aplicar a tática "rendam-se ou passem fome", de acordo com o relatório.

Grupos de oposição bombardearam o oeste de Aleppo, controlado por Damasco, matando e ferindo dezenas, disse o relatório. Eles impediram que os civis fugissem do leste da localidade, usando-os como "escudos humanos", e atacaram o bairro residencial curdo de Sheikh Maqsoud, ambos crimes de guerra.

A coalizão liderada pelos Estados Unidos não realizou qualquer missão aérea ofensiva sobre Aleppo na segunda metade do ano, disseram.

Aviões de guerra sírios e russos lançaram munições sem sistema de rastreamento, conhecidas como "bombas burras", ao invés de bombas inteligentes que possuem sensores eletrônicos para encontrar seus alvos, afirmou o relatório.

Os investigadores acusaram o governo sírio de um ataque aéreo "planejado meticulosamente e realizado cruelmente" contra um comboio da ONU e do Crescente Vermelho da Síria em Orum al-Kubra, no oeste rural de Aleppo, em 19 de setembro que matou 14 agentes humanitários.

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