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ONU diz que 1 bilhão de pessoas ainda defeca em público

Segundo especialistas da ONU, pessoas precisam ser informadas de que a prática leva à disseminação de doenças fatais

Local sem saneamento básico: tentativas de melhorar o saneamento entre os mais pobres sempre deram enfoque à construção de latrinas (Valter Campanato/ABr)
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Da Redação

Publicado em 8 de maio de 2014 às 18h30.

Genebra - Um bilhão de pessoas em todo o mundo ainda defecam ao ar livre e precisam ser informadas de que isso leva à disseminação de doenças fatais, disseram especialistas da Organização das Nações Unidas ( ONU ) nesta quinta-feira no lançamento de um estudo sobre água potável e saneamento .

"'Excremento', 'fezes', 'cocô', eu podia, talvez, até dizer 'merda'... são as principais causas de tantas doenças", afirmou o coordenador de questões sanitárias da Organização Mundial da Saúde (OMS, na sigla em inglês), Bruce Gordon.

Sociedades que praticam a defecação em público - correndo risco de contrair cólera, diarreia, disenteria, hepatite A e febre tifoide - tendem a ter grandes disparidades de renda e os maiores índices mundiais de mortalidade de crianças menores de cinco anos.

As tentativas de melhorar o saneamento entre os mais pobres sempre deram enfoque à construção de latrinas, mas a ONU diz que o dinheiro foi literalmente pelo ralo, e que as atitudes, não a infraestrutura, precisam mudar.

"Com toda a honestidade, os resultados têm sido aterrorizantes", disse o estatístico do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Rolf Luyendijk.

"Há muitas latrinas que foram abandonadas, ou nunca usadas, ou usadas como depósitos. Podemos achar que é uma boa ideia, mas se as pessoas não estão convencidas de que é boa ideia usar uma latrina, eles têm um cômodo extra".

Muitos países fizeram grandes progressos para lidar com o problema. Vietnã e Bangladesh - onde mais de uma em cada três pessoas defecavam em público em 1990 - erradicaram a prática totalmente até 2012.

Em 1990, o número global era de 1,3 bilhão de pessoas. Mas 1 bilhão, sendo que 90 por cento vivem em áreas rurais, "continua a defecar em sarjetas, atrás de moitas ou em córregos de água, sem dignidade ou privacidade", relatou o estudo da ONU.

A prática ainda está aumentando em 26 países da África subsaariana. A Nigéria é o pior caso, com 39 milhões de pessoas nestas condições em 2012 em comparação a 23 milhões em 1990.

Primeiro Lugar: Índia

Embora a prevalência da defecação em público esteja em declínio, é muito comum em populações de crescimento acelerado, de forma que o número de praticantes não está diminuindo tão rápido.

O país com o maior número é a Índia, com 600 milhões de pessoas defecando em público. A abordagem indiana, mais inclinada ao "deixa para lá", contrasta com a estratégia mais bem sucedida de Bangladesh, que deu grande ênfase ao combate a doenças transmissíveis pela água desde os anos 1970, disse Luyendijk.

"O governo indiano, de fato, destinou grandes quantidades, bilhões de dólares, para o saneamento para os mais pobres", afirmou.

"Mas isso foi desembolsado do nível central para as províncias, e depois todas elas tiveram seus próprios mecanismos de implementação. E, como seus próprios dados mostraram, aqueles bilhões de dólares não chegaram aos mais pobres", acrescentou Luyendijk.

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Genebra - Um bilhão de pessoas em todo o mundo ainda defecam ao ar livre e precisam ser informadas de que isso leva à disseminação de doenças fatais, disseram especialistas da Organização das Nações Unidas ( ONU ) nesta quinta-feira no lançamento de um estudo sobre água potável e saneamento .

"'Excremento', 'fezes', 'cocô', eu podia, talvez, até dizer 'merda'... são as principais causas de tantas doenças", afirmou o coordenador de questões sanitárias da Organização Mundial da Saúde (OMS, na sigla em inglês), Bruce Gordon.

Sociedades que praticam a defecação em público - correndo risco de contrair cólera, diarreia, disenteria, hepatite A e febre tifoide - tendem a ter grandes disparidades de renda e os maiores índices mundiais de mortalidade de crianças menores de cinco anos.

As tentativas de melhorar o saneamento entre os mais pobres sempre deram enfoque à construção de latrinas, mas a ONU diz que o dinheiro foi literalmente pelo ralo, e que as atitudes, não a infraestrutura, precisam mudar.

"Com toda a honestidade, os resultados têm sido aterrorizantes", disse o estatístico do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Rolf Luyendijk.

"Há muitas latrinas que foram abandonadas, ou nunca usadas, ou usadas como depósitos. Podemos achar que é uma boa ideia, mas se as pessoas não estão convencidas de que é boa ideia usar uma latrina, eles têm um cômodo extra".

Muitos países fizeram grandes progressos para lidar com o problema. Vietnã e Bangladesh - onde mais de uma em cada três pessoas defecavam em público em 1990 - erradicaram a prática totalmente até 2012.

Em 1990, o número global era de 1,3 bilhão de pessoas. Mas 1 bilhão, sendo que 90 por cento vivem em áreas rurais, "continua a defecar em sarjetas, atrás de moitas ou em córregos de água, sem dignidade ou privacidade", relatou o estudo da ONU.

A prática ainda está aumentando em 26 países da África subsaariana. A Nigéria é o pior caso, com 39 milhões de pessoas nestas condições em 2012 em comparação a 23 milhões em 1990.

Primeiro Lugar: Índia

Embora a prevalência da defecação em público esteja em declínio, é muito comum em populações de crescimento acelerado, de forma que o número de praticantes não está diminuindo tão rápido.

O país com o maior número é a Índia, com 600 milhões de pessoas defecando em público. A abordagem indiana, mais inclinada ao "deixa para lá", contrasta com a estratégia mais bem sucedida de Bangladesh, que deu grande ênfase ao combate a doenças transmissíveis pela água desde os anos 1970, disse Luyendijk.

"O governo indiano, de fato, destinou grandes quantidades, bilhões de dólares, para o saneamento para os mais pobres", afirmou.

"Mas isso foi desembolsado do nível central para as províncias, e depois todas elas tiveram seus próprios mecanismos de implementação. E, como seus próprios dados mostraram, aqueles bilhões de dólares não chegaram aos mais pobres", acrescentou Luyendijk.

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