ONG diz que maus tratos em prisões do Paraguai podem fortalecer o PCC
A conclusão está no último relatório de defesa dos direitos humanos divulgado pelo Mecanismo Nacional de Prevenção da Tortura (MNP)
EFE
Publicado em 18 de outubro de 2019 às 21h00.
Assunção — A organização não-governamental Mecanismo Nacional de Prevenção da Tortura (MNP), sediada no Paraguai, fez alerta nesta sexta-feira (18) de que os maus tratos sofridos por integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) nas prisões do país podem ajudar a facção a conseguir mais adeptos.
A conclusão está no último relatório divulgado pela ONG de defesa dos direitos humanos, que fez análise na situação da penitenciária de Itapúa, onde três presos conseguiram fugir no mês passado. O texto destaca fragilidades e aponta para o fortalecimento dos grupos criminosos dentro dos locais de encarceramento.
"Se não modificarem o sistema de tratamento, grupos como o PCC ou outros encontrarão espaços para crescer e formas de monopolizar o território penitenciário", aponta o documento, elaborado a partir de entrevistas com o diretor da prisão de Itapúa, funcionários e detentos.
Entre os pontos apontados pela ONG estão a medida de um novo regime de segurança máxima, com 22 horas de reclusão e duas de acesso ao pátio, as restrições às visitas de parentes, a negativa de autorização para os presos cozinharem aos próprios alimentos.
Em setembro, dois paraguaios Vicente Antonio Leiva Piatti e Walter Darío Ayala, e um brasileiro, Jacson da Silva, fugiram do presídio, mas acabaram sendo capturados pela polícia do país. Na época, o ex-ministro da Justiça do Paraguai, Julio Ríos, afirmou que havia apenas 19 carcereiros para vigiar 1.228 internos.
Já em junho, duas organizações criminosas entraram em confronto do presídio de San Pedro, deixando saldo de dez presos mortos.
Os dois incidentes fizeram com que o Congresso do país aprovasse a Lei de Emergência Penitenciária em todos os centros de reclusão do país durante 365 dias, assim como uma ampliação no orçamento de mais de US$ 2 milhões (R$ 8,27 milhões). EFE