Mundo

OMC quer combater "tensão" por recursos naturais

Xangai (China), 23 jul (EFE).- A Organização Mundial do Comércio (OMC) pediu hoje a cooperação entre os países para combater a "tensão" gerada pela crescente demanda de recursos naturais. O diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, apresentou hoje em Xangai o relatório anual sobre comércio mundial, que deu enfoque especial à troca de recursos naturais - […]

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de julho de 2010 às 15h59.

Xangai (China), 23 jul (EFE).- A Organização Mundial do Comércio (OMC) pediu hoje a cooperação entre os países para combater a "tensão" gerada pela crescente demanda de recursos naturais.

O diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, apresentou hoje em Xangai o relatório anual sobre comércio mundial, que deu enfoque especial à troca de recursos naturais - cujo crescimento anual na última década foi de 20% - e que analisa os setores de mineração, silvicultura, petróleo e pesca.

Lamy se mostrou confiante de que se pode conseguir "um benefício mútuo" na troca dos recursos naturais. Ele assinalou a importância da cooperação em um momento no qual "o mundo se recupera da crise" e isso contribui para "uma maior tensão" no comércio de recursos naturais.

"Acho que não só há espaço para o benefício mútuo", mas "uma decisão nessas questões (dos recursos naturais) poderia ser a receita para uma tensão crescente nas relações comerciais internacionais".

Segundo o documento da OMC, uma das principais causas dessa tensão são as políticas utilizadas pelos países ricos em recursos naturais, já que os Governos costumam optar por aplicar políticas internas e deixar em segundo plano as políticas comerciais.

No entanto, como explicou durante a apresentação o economista-chefe da OMC, Patrick Löw, essas políticas internas têm também efeito sobre as economias de outros países, já que, ao contrário do que ocorre com o comércio de outros bens, os países ricos em recursos costumam estabelecer restrições às exportações.

A escassez e, em alguns casos, o esgotamento, assim como sua distribuição desigual no planeta, outorgam aos recursos naturais características especiais que levam os Governos a optarem por certas políticas comerciais, segundo o documento.

Entre essas características está o próprio processo de obtenção das matérias-primas, a volatilidade de seus preços e os fatores externos, como os ambientais, aos quais o relatório concede atenção especial.

Por isso, a OMC enfatiza a necessidade de cooperação internacional e que deveria ser orientada a garantir a gestão sólida dos recursos e um ganho equilibrado e mútuo entre os países. Para isso, são necessárias também regras comerciais adequadas.

A OMC reconhece em seu relatório que suas regras não foram criadas especificamente para regular o comércio de recursos naturais. Por isso, pode ser que nem sempre respondam de forma adequada às características específicas do setor.

Para a organização, há áreas em que se poderia intensificar a cooperação, como no caso das políticas comerciais - por exemplo, na redução recíproca dos impostos às exportações e das políticas intervencionistas, como os subsídios.

Além disso, o relatório propõe facilitar os fluxos comerciais de recursos naturais, especificamente no âmbito de liberdade de circulação prevista nas regras da OMC, e também esclarecer as regras sobre prospecção e processamento de recursos naturais.

"Em um mundo onde os poucos recursos naturais devem ser cultivados e administrados com cuidado, políticas comerciais não-cooperativas poderiam ter um particular efeito maléfico ao bem-estar global", assegurou Lamy.

Após a apresentação, e em resposta aos jornalistas, Lamy assegurou que a OMC mantém sua previsão de crescimento do comércio mundial de 10% para este ano, número que "provavelmente" será "reafirmado" no segundo semestre.

Acompanhe tudo sobre:AgronegócioAgropecuáriaComércioComércio exteriorPolítica

Mais de Mundo

Primeiro dia pós queda de Assad tem saques e prisioneiros libertados

Líder dos rebeldes afirma que 'Síria foi purificada' após a queda de Assad

Trump confirma deportações, aumento de tarifas, dimunuição de ajuda à Ucrânia e dúvida sobre a Otan