Obama oferece apoio às vitimas de Sandy
Além de inundar grande parte da costa leste, a supertempestade interrompeu o debate eleitoral e misturou todas as linhas da batalha política
Da Redação
Publicado em 31 de outubro de 2012 às 22h11.
Washington - O presidente Barack Obama visita nesta quarta-feira as áreas atingidas pela supertempestade Sandy, que causou a morte de 49 pessoas na costa leste dos Estados Unidos, enquanto seu rival republicano, Mitt Romney, retoma, na Flórida, sua campanha, a uma semana da eleição presidencial.
O número de mortos por Sandy, que também deixou pelo menos 67 mortos em sua passagem pelo Caribe, nos Estados Unidos subiu para 49 com a descoberta de seis novas vítimas em Nova York. Além de inundar grande parte da costa leste, a supertempestade interrompeu o debate eleitoral e misturou todas as linhas da batalha política.
A trégua de 24 horas, muito perto da eleição de 6 de novembro, obrigou as respectivas equipes de campanha a avaliar a melhor forma de usar o tempo restante na corrida à Casa Branca.
Obama optou por se concentrar em seu papel como presidente, dando ordens aos chefes das agências de emergência, incentivando as pessoas afetadas por Sandy e transmitindo a impressão de ignorar a proximidade das eleições.
Mas a sua visita a Nova Jersey nesta quarta-feira e seu encontro com o governador Chris Christie, um republicano que apoia Romney, mas que elogiou a gestão da presidência em relação ao desastre, ocorre em um contexto altamente político.
Enquanto isso, Nova York começa a recuperar a normalidade com a retomada do serviço de ônibus, a reabertura limitada de alguns aeroportos, da Bolsa de Wall Street e com os serviços do metrô parcialmente retomados, embora a metade de Manhattan siga privada de eletricidade.
Pela primeira vez em 39 anos de existência, a grande parada de Halloween, prevista para esta quarta-feira, foi cancelada em Nova York.
Os organizadores da lendária maratona da cidade, que deveria receber 47.000 corredores no domingo, estudam o que podem fazer para não cancelar o evento.
Sandy também desafiou 11 outros estados da costa leste americana, onde 7.400 guardas nacionais foram mobilizados para desbloquear as estradas, esvaziar as casas inundadas e ajudar as vítimas.
Mais de seis milhões de casas continuam sem energia elétrica, e podem permanecer assim por vários dias, segundo as autoridades. As redes telefônica e ferroviária ainda sofrem perturbações, enquando 2.800 voos foram cancelados.
Além disso, a central nuclear Oyster Creek, em Nova Jersey, retirou o estado de alerta emitido na segunda-feira, quando foi fechada ao ser atingida pela supertempestade, e retomou o fornecimento de energia, informou a Comissão de Regulação Nuclear.
Romney, por sua vez, concluiu que em uma corrida tão apertada não podia se dar ao luxo de passar mais um dia assistindo Obama ocupar as manchetes, e anunciou um giro pela Flórida, um estado-chave e indeciso.
Em Tampa, decidiu não atacar frontalmente o presidente, o que poderia soar negativamente, no momento em que Obama procura apoiar as vítimas.
Romney transformou o comício de terça-feira em Ohio em uma operação humanitária, mesmo tendo exibido inicialmente um vídeo de propaganda.
Sandy também não impediu que os chefes de campanha e os líderes democratas e republicanos continuassem a trocar farpas pela imprensa.
Os democratas lembram que Romney declarou no passado que estaria disposto a acabar com a principal agência federal que gestão catástrofes naturais, a Fema, para devolver seus poderes aos estados.
Já os republicanos acusam os democratas de desespero, com as pesquisas que apontam Romney em ascensão.
Romney tem se recusado a responder perguntas dos jornalistas sobre a eliminação da Fema.
A agência recebeu críticas maciças em 2005, quando o furacão Katrina devastou Nova Orleans durante o mandato do republicano George W. Bush.
Sem Obama em cena, o ex-presidente Bill Clinton assumiu com prazer o papel de defensor do presidente em comícios de campanha no Colorado e Minnesota.
O porta-voz da campanha de Romney, Ryan Williams, assegurou que a presença de Clinton em Minnesota era nada mais do que um movimento de "defesa".
"Em 6 de novembro, os eleitores de todo o país vão eleger a agenda positiva (de Romney) em vez dos ataques cada vez mais desesperados do presidente Obama", disse a repórteres.
"O presidente continua à frente ou empatado em cada estado em dúvida, e lidera a votação antecipada em todos os estados em todo o país", assegurou por sua parte o diretor de campanha de Obama, Jim Messina.
As pesquisas mostram que Romney está empatado ou até mesmo em vantagem nacionalmente.
Mas a presidência americana é decidida indiretamente por um colégio eleitoral, em que cada estado contribui com uma certa quantidade de votos. Para chegar à Casa Branca é necessário 270 votos no colégio eleitoral, e Obama tem uma vantagem nessa contagem, de acordo com especialistas.