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Obama diz que não tomou decisão sobre envio de armas letais

O presidente americano disse que seu governo considera todas as opções para lidar com a crise na Ucrânia, mas que ainda não decidiu sobre o envio de armas

O presidente americano, Barack Obama: "a possibilidade de armas defensivas letais é uma das opções que estão sendo examinada" (Kevin Lamarque/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 9 de fevereiro de 2015 às 18h12.

WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama , deixou claro que ainda está a certa distância de tomar uma decisão sobre se fornece ou não armas à Ucrânia no conflito contra separatistas apoiados pela Rússia , dizendo nesta segunda-feira ainda acreditar numa solução diplomática.

"A métrica pela qual eu tomo essas decisões é: 'É mais provável de ser efetivo do que de não ser?'", disse Obama durante uma entrevista coletiva conjunta com a chanceler alemã, Angela Merkel , que é contra o fornecimento de armas.

A Rússia violou um acordo de paz firmado em setembro ao enviar mais tanques e armas de artilharia ao leste da Ucrânia, disse Obama, acrescentando que Merkel e ele concordaram que sanções devem ser mantidas por enquanto e que o isolamento de Moscou iria piorar caso continuasse no rumo atual.

Merkel tem uma reunião marcada para quarta-feira com o presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente ucraniano, Petro Poroshenko. O presidente francês, François Hollande, e ministros da União Europeia evitaram nesta segunda-feira um agravamento maior das sanções impostas à Rússia, de modo a dar uma oportunidade às negociações.

Merkel e Obama têm sido pressionados por parlamentares com experiência em assuntos de política externa dos EUA no Congresso norte-americano, controlado por republicanos, que desejam o envio de armas para o Exército ucraniano.

O Senado e a Câmara dos Deputados dos EUA aprovaram por unanimidade em dezembro uma lei que autoriza o envio de armas a Kiev. Obama sancionou a medida, que lhe dá certa margem sobre como e quando deve implementá-la.

Assessores do Congresso disseram nesta segunda-feira que os parlamentares trabalham numa legislação que comprometeria Obama a fornecer as armas.

"Os ucranianos estão sendo massacrados e estamos enviando cobertores e refeições para eles", disse o senador John McCain durante uma conferência sobre segurança no fim de semana em Munique. "Cobertores não se saem muito bem contra tanques russos." Nove membros das Forças Armadas ucranianas foram mortos em um período de 24 horas no domingo e sete civis também morreram, disse Kiev nesta segunda-feira, com os confrontos se intensificando particularmente na cidade de Debaltseve, um importante entroncamento ferroviário e rodoviário a nordeste da cidade de Donetsk.

Mas Merkel deixou clara em Munique sua oposição ao envio de armas a Kiev. "Entendo o debate, mas acredito que mais armas não vão levar ao progresso que a Ucrânia precisa. Eu realmente duvido disso", disse ela.

KREMLIN NEGA RUMORES DE ULTIMATO

Crescida na Alemanha Oriental e fluente em russo, Merkel assumiu a liderança na busca por uma solução diplomática, falando com Putin dezenas de vezes por telefone ao longo do ano passado e se reunindo com ele na Rússia, Austrália e Itália nos últimos meses.

Na semana passada, Merkel e Hollande encontraram-se com Putin em Moscou e deram continuidade às conversas por meio de uma teleconferência no domingo, incluindo também Poroshenko. Mas até agora nenhum avanço foi anunciado na resolução de um conflito que está perto de completar um ano e já custou 5 mil vidas.

Nesta segunda-feira, ministros da UE aprovaram proibições na concessão de vistos e o congelamento de ativos de ainda mais separatistas ucranianos e cidadãos russos. Mas eles vão aguardar até pelo menos 16 de fevereiro para implementar as medidas, dando mais tempo aos esforços de paz, disse o ministro das Relações Exteriores francês, Laurence Fabius.

"O princípio dessas sanções continua, mas a implementação vai depender dos resultados no terreno”, disse ele. “Vamos ver até segunda e ver como vai a reunião em Minsk.” Moscou alertou que Putin não vai permitir que se dirijam a ele com a linguagem do ultimato.

Questionado sobre especulações da mídia de que Merkel teria dado um ultimato em Putin em meio às negociações para a organização de uma reunião de cúpula sobre a Ucrânia, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, respondeu à rádio Govorit Moskva: "Ninguém nunca falou com o presidente no tom de ultimato – e não poderia fazê-lo mesmo se quisesse."

OPÇÕES DE OBAMA

Obama precisa decidir se fornece armas à Ucrânia, impõe sanções mais duras contra a Rússia na esperança de forçar Putin a se comprometer ou se investe tudo que tem na nova iniciativa de paz liderada por Alemanha e França.

Ele afirmou que qualquer decisão não será tomada sem que se observe vários ângulos.

"Podemos garantir que qualquer auxílio letal fornecido à Ucrânia vai ser usado adequadamente, não vai cair em mãos erradas, não vai levar a ações excessivamente agressivas que não possam ser suportadas pelos ucranianos? Que tipos de reações isso gera, não simplesmente dos separatistas, mas dos russos? Essas são todas questões que precisam ser consideradas", disse ele na Casa Branca.

Alguns dos principais assessores de Obama, incluindo seu novo indicado para ministro da Defesa, Ashton Carter, têm se expressado cada vez mais favoráveis ao envio de itens como armas antitanques e armamentos e munições de baixo calibre.

*Atualizada às 19h12 do dia 09/02/2015

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WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama , deixou claro que ainda está a certa distância de tomar uma decisão sobre se fornece ou não armas à Ucrânia no conflito contra separatistas apoiados pela Rússia , dizendo nesta segunda-feira ainda acreditar numa solução diplomática.

"A métrica pela qual eu tomo essas decisões é: 'É mais provável de ser efetivo do que de não ser?'", disse Obama durante uma entrevista coletiva conjunta com a chanceler alemã, Angela Merkel , que é contra o fornecimento de armas.

A Rússia violou um acordo de paz firmado em setembro ao enviar mais tanques e armas de artilharia ao leste da Ucrânia, disse Obama, acrescentando que Merkel e ele concordaram que sanções devem ser mantidas por enquanto e que o isolamento de Moscou iria piorar caso continuasse no rumo atual.

Merkel tem uma reunião marcada para quarta-feira com o presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente ucraniano, Petro Poroshenko. O presidente francês, François Hollande, e ministros da União Europeia evitaram nesta segunda-feira um agravamento maior das sanções impostas à Rússia, de modo a dar uma oportunidade às negociações.

Merkel e Obama têm sido pressionados por parlamentares com experiência em assuntos de política externa dos EUA no Congresso norte-americano, controlado por republicanos, que desejam o envio de armas para o Exército ucraniano.

O Senado e a Câmara dos Deputados dos EUA aprovaram por unanimidade em dezembro uma lei que autoriza o envio de armas a Kiev. Obama sancionou a medida, que lhe dá certa margem sobre como e quando deve implementá-la.

Assessores do Congresso disseram nesta segunda-feira que os parlamentares trabalham numa legislação que comprometeria Obama a fornecer as armas.

"Os ucranianos estão sendo massacrados e estamos enviando cobertores e refeições para eles", disse o senador John McCain durante uma conferência sobre segurança no fim de semana em Munique. "Cobertores não se saem muito bem contra tanques russos." Nove membros das Forças Armadas ucranianas foram mortos em um período de 24 horas no domingo e sete civis também morreram, disse Kiev nesta segunda-feira, com os confrontos se intensificando particularmente na cidade de Debaltseve, um importante entroncamento ferroviário e rodoviário a nordeste da cidade de Donetsk.

Mas Merkel deixou clara em Munique sua oposição ao envio de armas a Kiev. "Entendo o debate, mas acredito que mais armas não vão levar ao progresso que a Ucrânia precisa. Eu realmente duvido disso", disse ela.

KREMLIN NEGA RUMORES DE ULTIMATO

Crescida na Alemanha Oriental e fluente em russo, Merkel assumiu a liderança na busca por uma solução diplomática, falando com Putin dezenas de vezes por telefone ao longo do ano passado e se reunindo com ele na Rússia, Austrália e Itália nos últimos meses.

Na semana passada, Merkel e Hollande encontraram-se com Putin em Moscou e deram continuidade às conversas por meio de uma teleconferência no domingo, incluindo também Poroshenko. Mas até agora nenhum avanço foi anunciado na resolução de um conflito que está perto de completar um ano e já custou 5 mil vidas.

Nesta segunda-feira, ministros da UE aprovaram proibições na concessão de vistos e o congelamento de ativos de ainda mais separatistas ucranianos e cidadãos russos. Mas eles vão aguardar até pelo menos 16 de fevereiro para implementar as medidas, dando mais tempo aos esforços de paz, disse o ministro das Relações Exteriores francês, Laurence Fabius.

"O princípio dessas sanções continua, mas a implementação vai depender dos resultados no terreno”, disse ele. “Vamos ver até segunda e ver como vai a reunião em Minsk.” Moscou alertou que Putin não vai permitir que se dirijam a ele com a linguagem do ultimato.

Questionado sobre especulações da mídia de que Merkel teria dado um ultimato em Putin em meio às negociações para a organização de uma reunião de cúpula sobre a Ucrânia, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, respondeu à rádio Govorit Moskva: "Ninguém nunca falou com o presidente no tom de ultimato – e não poderia fazê-lo mesmo se quisesse."

OPÇÕES DE OBAMA

Obama precisa decidir se fornece armas à Ucrânia, impõe sanções mais duras contra a Rússia na esperança de forçar Putin a se comprometer ou se investe tudo que tem na nova iniciativa de paz liderada por Alemanha e França.

Ele afirmou que qualquer decisão não será tomada sem que se observe vários ângulos.

"Podemos garantir que qualquer auxílio letal fornecido à Ucrânia vai ser usado adequadamente, não vai cair em mãos erradas, não vai levar a ações excessivamente agressivas que não possam ser suportadas pelos ucranianos? Que tipos de reações isso gera, não simplesmente dos separatistas, mas dos russos? Essas são todas questões que precisam ser consideradas", disse ele na Casa Branca.

Alguns dos principais assessores de Obama, incluindo seu novo indicado para ministro da Defesa, Ashton Carter, têm se expressado cada vez mais favoráveis ao envio de itens como armas antitanques e armamentos e munições de baixo calibre.

*Atualizada às 19h12 do dia 09/02/2015

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