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Obama defende Estado palestino com fronteiras de 1967

Em aguardado discurso sobre a chamada "primavera árabe", Obama comparou as "demandas por dignidade humana" na região ao processo de nascimento da América

Obama alertou os palestinos de que Israel tem o direito de se defender (Jim Watson/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 19 de maio de 2011 às 20h03.

Washington - O presidente americano, Barack Obama, declarou esta quinta-feira que as fronteiras entre Israel e um futuro Estado palestino precisam ter como base as fronteiras de 1967, provavelmente criando um novo confronto com o premier israelense, Benjamin Netanyahu.

Em um aguardado discurso sobre a chamada "primavera árabe", Obama comparou as "demandas por dignidade humana" na região ao processo de nascimento da América e às lutas pelos direitos civis.

Mas seus comentários sobre o estancado processo de paz israelense-palestino foi o que chamou mais a atenção, um dia antes do encontro agendado com o premier israelense, no Salão Oval da Casa Branca.

Obama alertou os palestinos de que Israel tem o direito de se defender e disse que o acordo de unidade entre o Fatah e o grupo islâmico radical Hamas trouxe "questões profundas e legítimas" a Israel.

"Como se pode negociar com um partido que tem se mostrado sem vontade de reconhecer nosso direito a existir?", disse Obama.

Ele também disse duramente aos palestinos que seus esforços para tentar ganhar reconhecimento na assembleia geral da ONU, em setembro, fracassarão, depois do colapso no ano passado das negociações com Israel mediadas pelos Estados Unidos.

"Ações simbólicas para isolar Israel e as Nações Unidas em setembro não criarão um Estado independente", disse Obama.

Mas o presidente também deixou claro que espera concessões significativas por parte de Israel no caso de reativação do processo de paz.

"As fronteiras entre Israel e Palestina devem ser baseadas nas linhas de 1967, com trocas mutuamente acertadas, de forma que fronteiras seguras e reconhecidas sejam estabelecidas nos dois Estados", disse Obama, no discurso celebrado no Departamento de Estado.

Netanyahu tem se declarado vigorosamente contrário a uma fórmula que pregue a retirada de Israel às fronteiras existentes antes da guerra árabe-israelense de 1967.

O ex-congressista americano Robert Wexler, presidente do Centro S. Daniel Abraham Center para a Paz no Oriente Médio, em Washington, disse à AFP que a declaração de Obama representou um "momento da verdade" para Israel e palestinos.

Segundo ele, Obama se tornou o primeiro presidente americano a declarar que o conflito deveria terminar "com Israel enquanto um Estado democrático e judaico e que as fronteiras de 1967 - com trocas territoriais acertadas - seriam a base da resolução".

No entanto, Obama também destacou que apoiaria a necessidade de que o futuro Estado palestino seja "não militarizado".

O presidente americano tentou convencer os americanos e os povos do Oriente Médio e do Norte da África de que ele tem uma política coerente com relação à primavera árabe.

Ele pediu ao presidente sírio, Bashar al-Assad, que lidere uma transição ou "saia", reforçando a posição dos Estados Unidos um dia depois da adoção de novas sanções contra a dura repressão contra protestos no país.


Obama pediu um diálogo real entre o governo e as forças da oposição no Bahrein, em uma demonstração que forçou os Estados Unidos a escolher entre um aliado militar chave e seu apoio aos princípios universais.

O presidente disse, ainda, que o presidente iemenita, Ali Abdullah Saleh, deveria cumprir a promessa de deixar o poder, em meio a novos indícios de que o líder, há um longo tempo no poder, estaria tentando mais uma vez se manter no poder.

Em uma análise profunda sobre os cinco meses de revolta que sacudiu o mundo árabe, da Tunísia ao Egito, Obama disse que os levantes demonstraram que a repressão por líderes autocráticos não pode mais abafar os apelos por liberdades individuais.

"Estes apelos por dignidade humana são ouvidos por toda a região e são feitos pela força moral da não violência" demonstram que o povo alcançou mais em seis meses do que os terroristas em décadas, disse Obama.

"Passarão anos antes desta história terminar. Ao longo do caminho haverá dias bons e dias ruins", acrescentou o presidente, afirmando que em alguns casos, haverá "disputas ferozes por poder".

Obama disse que estas revoltas demonstraram que a região precisa escolher "entre esperança e ódio, entre os grilhões do passado e a promessa de futuro".

Menos de três semanas depois que o exército americano caçou e executou o Osama bin Laden, Obama também afirmou que as revoltas no mundo árabe também provaram que a Al-Qaeda está perdendo sua luta por relevância e que sua ideologia extremista se encontra em um "beco sem saída".

Buscando encorajar a mudança política, o presidente americano também anunciou um programa para oferecer um bilhão de dólares de alívio da dívida para financiar o Egito e a Tunísia, com base no apoio financeiro que sustentou a evolução do leste europeu pós-soviético.

Especificamente, o plano buscará reorientar o Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento, que ajudou a reconstruir economias de mercado na Europa pós-comunista, a desempenhar um papel similar no Oriente Médio.

Os Estados Unidos também trabalharão com o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional e o Banco de Desenvolvimento Africano para liberar mais financiamento e garantias de crédito para encorajar a reforma democrática no mundo árabe, afirmaram fontes oficiais.

A intenção do Plano Árabe, de Obama, parece ser uma tentativa de combater a privação econômica e os prospectos miseráveis de grandes porções da população árabe que, junto com a repressão aos direitos básicos, levou aos protestos.

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Washington - O presidente americano, Barack Obama, declarou esta quinta-feira que as fronteiras entre Israel e um futuro Estado palestino precisam ter como base as fronteiras de 1967, provavelmente criando um novo confronto com o premier israelense, Benjamin Netanyahu.

Em um aguardado discurso sobre a chamada "primavera árabe", Obama comparou as "demandas por dignidade humana" na região ao processo de nascimento da América e às lutas pelos direitos civis.

Mas seus comentários sobre o estancado processo de paz israelense-palestino foi o que chamou mais a atenção, um dia antes do encontro agendado com o premier israelense, no Salão Oval da Casa Branca.

Obama alertou os palestinos de que Israel tem o direito de se defender e disse que o acordo de unidade entre o Fatah e o grupo islâmico radical Hamas trouxe "questões profundas e legítimas" a Israel.

"Como se pode negociar com um partido que tem se mostrado sem vontade de reconhecer nosso direito a existir?", disse Obama.

Ele também disse duramente aos palestinos que seus esforços para tentar ganhar reconhecimento na assembleia geral da ONU, em setembro, fracassarão, depois do colapso no ano passado das negociações com Israel mediadas pelos Estados Unidos.

"Ações simbólicas para isolar Israel e as Nações Unidas em setembro não criarão um Estado independente", disse Obama.

Mas o presidente também deixou claro que espera concessões significativas por parte de Israel no caso de reativação do processo de paz.

"As fronteiras entre Israel e Palestina devem ser baseadas nas linhas de 1967, com trocas mutuamente acertadas, de forma que fronteiras seguras e reconhecidas sejam estabelecidas nos dois Estados", disse Obama, no discurso celebrado no Departamento de Estado.

Netanyahu tem se declarado vigorosamente contrário a uma fórmula que pregue a retirada de Israel às fronteiras existentes antes da guerra árabe-israelense de 1967.

O ex-congressista americano Robert Wexler, presidente do Centro S. Daniel Abraham Center para a Paz no Oriente Médio, em Washington, disse à AFP que a declaração de Obama representou um "momento da verdade" para Israel e palestinos.

Segundo ele, Obama se tornou o primeiro presidente americano a declarar que o conflito deveria terminar "com Israel enquanto um Estado democrático e judaico e que as fronteiras de 1967 - com trocas territoriais acertadas - seriam a base da resolução".

No entanto, Obama também destacou que apoiaria a necessidade de que o futuro Estado palestino seja "não militarizado".

O presidente americano tentou convencer os americanos e os povos do Oriente Médio e do Norte da África de que ele tem uma política coerente com relação à primavera árabe.

Ele pediu ao presidente sírio, Bashar al-Assad, que lidere uma transição ou "saia", reforçando a posição dos Estados Unidos um dia depois da adoção de novas sanções contra a dura repressão contra protestos no país.


Obama pediu um diálogo real entre o governo e as forças da oposição no Bahrein, em uma demonstração que forçou os Estados Unidos a escolher entre um aliado militar chave e seu apoio aos princípios universais.

O presidente disse, ainda, que o presidente iemenita, Ali Abdullah Saleh, deveria cumprir a promessa de deixar o poder, em meio a novos indícios de que o líder, há um longo tempo no poder, estaria tentando mais uma vez se manter no poder.

Em uma análise profunda sobre os cinco meses de revolta que sacudiu o mundo árabe, da Tunísia ao Egito, Obama disse que os levantes demonstraram que a repressão por líderes autocráticos não pode mais abafar os apelos por liberdades individuais.

"Estes apelos por dignidade humana são ouvidos por toda a região e são feitos pela força moral da não violência" demonstram que o povo alcançou mais em seis meses do que os terroristas em décadas, disse Obama.

"Passarão anos antes desta história terminar. Ao longo do caminho haverá dias bons e dias ruins", acrescentou o presidente, afirmando que em alguns casos, haverá "disputas ferozes por poder".

Obama disse que estas revoltas demonstraram que a região precisa escolher "entre esperança e ódio, entre os grilhões do passado e a promessa de futuro".

Menos de três semanas depois que o exército americano caçou e executou o Osama bin Laden, Obama também afirmou que as revoltas no mundo árabe também provaram que a Al-Qaeda está perdendo sua luta por relevância e que sua ideologia extremista se encontra em um "beco sem saída".

Buscando encorajar a mudança política, o presidente americano também anunciou um programa para oferecer um bilhão de dólares de alívio da dívida para financiar o Egito e a Tunísia, com base no apoio financeiro que sustentou a evolução do leste europeu pós-soviético.

Especificamente, o plano buscará reorientar o Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento, que ajudou a reconstruir economias de mercado na Europa pós-comunista, a desempenhar um papel similar no Oriente Médio.

Os Estados Unidos também trabalharão com o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional e o Banco de Desenvolvimento Africano para liberar mais financiamento e garantias de crédito para encorajar a reforma democrática no mundo árabe, afirmaram fontes oficiais.

A intenção do Plano Árabe, de Obama, parece ser uma tentativa de combater a privação econômica e os prospectos miseráveis de grandes porções da população árabe que, junto com a repressão aos direitos básicos, levou aos protestos.

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