Obama aposta em união e criação de empregos em discurso no Congresso
O presidente Barack Obama quer medidas para congelar despesas orçamentárias não obrigatórias e o investimento em energia limpa
Da Redação
Publicado em 26 de janeiro de 2011 às 06h00.
Washington - Em seu discurso sobre o Estado da União, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fez uma chamada para que seu país "ganhe o futuro" com medidas como o congelamento das despesas orçamentárias não obrigatórias e o investimento em energia limpa.
Com as eleições de 2012 no horizonte e pesquisas apontando que a criação de empregos é a principal preocupação dos americanos, Obama centrou o discurso na economia, em uma alocução de uma hora e dez minutos diante da Câmara de Representantes e do Senado.
O discurso começou com um tom sombrio, sob a lembrança do tiroteio na cidade de Tucson no dia 8, quando seis pessoas morreram e 14 ficaram feridas, entre elas a congressista Gabrielle Giffords, cuja cadeira permanecia vazia.
Em homenagem às vítimas, os legisladores dos dois partidos usaram laços com as cores da bandeira americana em seus trajes.
Várias pessoas afetadas pelo ataque estiveram presentes junto à primeira-dama, Michelle Obama, entre eles Daniel Hernández, o voluntário do escritório de Giffords cujos primeiros socorros contribuíram para salvar a vida da congressista, e os pais de Christina Green, a vítima fatal mais jovem.
Obama começou seu discurso com uma alusão ao tiroteio, para lançar imediatamente uma chamada ao entendimento entre os partidos e os cidadãos.
"Ou avançamos juntos ou não avançaremos", avaliou o presidente americano, que lembrou que desde o início do ano a oposição republicana controla a Câmara. "Agora, governar será uma responsabilidade compartilhada", indicou.
A Casa Branca apontara que o discurso desta terça-feira não seria "uma lista de compras" de prioridades legislativas, como ocorreu em outras ocasiões, mas que desenharia uma visão do futuro do país.
Mas em algumas ocasiões, o líder, cujo tom esteve muito afastado da paixão que mostrou em seu discurso em Tucson, soou como se citasse propostas, com as quais pretende impulsionar a criação de empregos - o país sofre com um índice de desemprego de 9,4% - e atacar o grande déficit fiscal de US$ 1,3 trilhão.
Desta forma, propôs uma reforma do Código Fiscal para evitar evasões, além de lançar a ideia de prorrogar por mais dois anos, levando ao total de cinco, o congelamento já existente das despesas não obrigatórias do orçamento, com exceção da defesa. Com isso, espera economizar US$ 400 bilhões.
Obama também instou a proibir as chamadas "earmarks", fundos que os legisladores usam em projetos de seu interesse, geralmente em seus estados. Estas verbas receberam várias críticas dos partidários da austeridade fiscal.
Em um dos momentos mais aplaudidos de seu discurso, Obama assegurou que vetará leis que incluam estas verbas.
O presidente americano também prometeu reduzir funções duplas na Administração, para conseguir um Governo mais eficaz e menos custoso.
Ao tempo em que propunha cortes fiscais, no entanto, insistia na necessidade de continuar os investimentos em educação, infraestrutura e inovação para manter a liderança do país e gerar empregos.
"O mundo mudou e para muitos a mudança foi dolorosa", assinalou.
"As regras mudaram. Em uma geração, as revoluções tecnológicas mudaram o modo como vivemos, trabalhamos e fazemos comércio", indicou.
Assim, fixou a meta de que para 2035 80% da eletricidade provenha de fontes de energia limpas, além de também procurar multiplicar os veículos híbridos.
Obama também lançou uma chamada para aumentar as exportações, e neste sentido fez o apelo para a aprovação dos tratados de livre comércio pendentes com Coreia do Sul, Colômbia e Panamá.
Embora brevemente, abordou ainda a política externa, expressando seu apoio ao levante na Tunísia e assegurando que a rede Al Qaeda enfrenta pressão maior que nunca no Paquistão. O presidente americano aproveitou para anunciar que visitará Brasil, Chile e El Salvador em março.
Obama também lançou uma chamada para que os partidos colaborarem para a reforma migratória, algo que acredita que contribuirá para a melhora da economia do país.
Neste sentido, fez o apelo para que "deixem de expulsar jovens com talento e responsáveis"