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O fim da crise argentina?

O presidente argentino, Mauricio Macri, tem insistido que 2017 é o ano da retomada e seu novo ministro da economia, Nicolás Dujovne, disse que a crise já acabou. Nesta quinta-feira, será mais uma oportunidade para consultar os números. Será divulgada a taxa de desemprego do último trimestre do ano passado, e o resultado deve ficar em […]

BUENOS AIRES: manifestantes fecham avenida em protesto contra desemprego, em 15 de março / Marcos Brindicci/Reuters
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Da Redação

Publicado em 16 de março de 2017 às 06h53.

Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h13.

O presidente argentino, Mauricio Macri, tem insistido que 2017 é o ano da retomada e seu novo ministro da economia, Nicolás Dujovne, disse que a crise já acabou. Nesta quinta-feira, será mais uma oportunidade para consultar os números. Serádivulgada a taxa de desemprego do último trimestre do ano passado, e o resultado deve ficar em 8%, menor que os 8,5% do terceiro trimestre e bem melhor que os 9,6% do segundo.

Parece uma boa notícia, mas nem tanto. Analistas já projetam uma piora no mercado de trabalho para o começo deste ano.A previsão é de que, no primeiro trimestre deste ano a taxa chegue a 9,8%, e a 10,7%, no segundo. O cenário é difícil de reverter. Uma pesquisa divulgada em março deste ano pela Universidade Católica da Argentina (UCA) mostra que a pobreza já atinge 33% da população e que, só em 2016, 1,5 milhão de pessoas passaram a fazer parte desse grupo, somando 13 milhões de pobres no país. Além disso, 7% da população, ou 2,7 milhões de pessoas, estão em condição de miséria.

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A falta de trabalho não foi o único fator que contribuiu para esse cenário. A inflação de 41%, a maior dos últimos 25 anos, também ajudou a demolir o poder de compra das famílias. E este ano já começou com novas altas. As escolas particulares aumentaram os preços em 30%, assim como a luz e os impostos residenciais. Uma sentença judicial determinou alta de 300% na água, e o gás já tinha subido 400%. A indústria também se queixa da acentuada alta nas importações. Nos primeiros meses deste ano, só o setor de calçados viu a compra de produtos do exterior subir 62%.

Nos últimos dias, a tensão com os sindicatos se agravou. Milhares de pessoas têm tomado as ruas para protestar contra o desemprego, a pobreza e a inflação. Para o dia 30 de março, está marcada uma greve geral.

De onde o governo tira, portanto, o otimismo? A previsão é que os cortes e o pragmatismo do primeiro ano de Macri comecem a causar uma onda positiva na economia. A expectativa é de ver, este ano, o país crescer 3,5%, após uma provável recessão de 1,8% em 2016. A agência de classificação de risco Moody’s projeta uma alta de 3%, e subiu a avaliação para crédito de estável para positiva. O mercado e o governo estão animados. Falta a mudança chegar ao bolso dos argentinos.

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