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O Brasil não deveria tomar partido, diz FHC sobre eleições nos EUA

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi entrevistado por André Esteves, sócio sênior do BTG Pactual (parte do grupo que controla a Exame)

Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. (Nacho Doce/Reuters)
GG

Gilson Garrett Jr

Publicado em 19 de outubro de 2020 às 20h14.

Última atualização em 19 de outubro de 2020 às 20h19.

Para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso , o Brasil deveria permanecer neutro nas eleições dos Estados Unidos, que serão realizadas em novembro.

“Não conheço o Joe Biden e tenho a sorte de não conhecer o Donald Trump. O Brasil só deveria tomar partido em caso de conflito. Não havendo tal circunstância, é melhor jogar com todos que apareçam. O melhor para nós é vender, ter comércio e boas relações com o mundo”, afirmou nesta segunda-feira, 19, em entrevista com André Esteves , sócio sênior do banco de investimentos brasileiro BTG Pactual , que é controlado pelos mesmos donos da EXAME.

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Na conversa, Esteves e FHC debaterem os possíveis cenários caso o democrata vença o republicano. Na visão do ex-presidente, seria mais vantajoso ao Brasil a eleição de Biden, por ele ter uma visão mais coletiva de mundo, mas ponderou que neste momento é melhor para o país não tomar partido.

Em pesquisa exclusiva EXAME/IDEIA divulgada em setembro, mostra que o candidato democrata Joe Biden mantém a vantagem com 52% das intenções de voto contra 44% do republicano Donald Trump, enquanto 4% se dizem indecisos. E a diferença entre os dois tem aumentado nos últimos dias.

América Latina

Em um outro momento da conversa, Esteves pontuou as diferenças entre os países da América Latina com o Brasil. Colocou ainda que na Venezuela o regime com a democracia foi rompido, e que na Argentina, também em crise, a “democracia é funcional mas não conseguiu dar uma resposta ao problema da pobreza”, disse.

Fernando Henrique Cardoso afirmou que, na época em que foi presidente, a Argentina estava à frente em educação e qualidade de vida, mas que foi perdendo esta capacidade de manter este status quo. Já o Brasil avançou porque aceitou a globalização.

“Foi muito difícil aceitar a globalização. As pessoas me chamavam de neoliberal e eu nunca fui. Os capitais eram bem-vindos. O governo não deve atrapalhar o capital nem o capital governar o país, tem de haver um equilíbrio”, disse

Presidente precisa ter responsabilidade fiscal

Para FHC, o Congresso Nacional precisa ser pautado pelo poder Executivo nas questões de maior relevância para o Brasil. Mas além disso, o presidente não pode perder o foco em garantir que a responsabilidade fiscal seja sempre cumprida. Em 2020, o governo federal estima que o rombo nas contas públicas deve passar dos 800 bilhões de reais.

“Eu tive a sorte de ser presidente depois de ser ministro da Economia. O presidente não pode perder o olho fiscal. Se perder, ele está perdido. Os parlamentares não têm um olhar fiscal e eu sempre dei muita atenção aos parlamentares, sem ceder. Quem tem a pauta são os ministros do Executivo. O congresso não vai ter rumo por si só”, disse FHC nesta

Questionado se fosse presidente novamente, Fernando Henrique Cardoso disse que teria dois focos: inovação e tecnologia, aliado com diminuir a desigualdade econômica entre as pessoas.

“Você não pode pensar o Brasil fora do mundo. Para crescer, precisa de ciência e tecnologia. Tem de ter um crescimento nesta área e inclusão social. O Plano Real fez isso, incluiu as pessoas”, afirmou.

Veja a entrevista na íntegra

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