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Novos combates ameaçam cessar-fogo no leste da Ucrânia

Uma mulher morreu pelos disparos ocorridos na noite de sábado em Mariupol. É a primeira vítima desde o início do cessar-fogo na sexta-feira

Um homem caminha por uma casa danificada pelo bombardeio recente em Mariupol, na Ucrânia (REUTERS/Vasily Fedosenko)
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Da Redação

Publicado em 7 de setembro de 2014 às 12h43.

 Os confrontos entre o exército ucraniano e os separatistas pró-russos na região de Mariupol, que deixaram pelo menos um morto, levantaram temores neste domingo sobre o fracasso do cessar-fogo no leste da <strong><a href="https://exame.com.br/topicos/ucrania">Ucrânia</a></strong>.</p> 

Uma mulher morreu pelos disparos ocorridos na noite de sábado em Mariupol, no sudeste da Ucrânia, e, de acordo com a prefeitura, é a primeira vítima desde o início do cessar-fogo na sexta-feira.

A prefeitura explicou que os separatistas pró-russos dispararam contra um posto de controle na saída oriental da cidade e destruíram um posto de gasolina.

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Na manhã deste domingo também foram ouvidos disparos da artilharia perto do aeroporto, controlado por forças do governo, mas reduto separatista de Donetsk, constatou um jornalista da AFP. Não se sabe, contudo, a origem dos disparos.

A manhã de domingo foi de calma perto do posto de controle atacado na saída oriental de Mariupol. Entretanto, os efeitos dos enfrentamentos que se prolongaram até o começo da noite de sábado eram evidentes: um caminhão totalmente destruído pegou fogo e vários prédios próximos foram destruídos.

As forças de Kiev mantiveram o controle do posto. "Os tiros começaram às 22H30" (16H30 pelo horário de Brasília), disse à AFP Pacha, combatente do batalhão de Vinitsa.

"Os pró-russos dispararam contra o posto de controle e as lojas", explicou, afirmando que não houve perdas nas fileiras pró-governamentais.

Muitos moradores da área ajudaram a inspecionar os danos.

"Tenho medo, gostaria que houvesse paz. Creio que o cessar-fogo está acabado porque é a terceira noite seguida que não dormimos", contou Victoria, uma aposentada.

Poucas horas antes desses combates, o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, e o russo, Vladimir Putin, haviam considerado, em conversa telefônica, que o cessar-fogo, assinado na sexta-feira estava sendo "globalmente respeitado".

Desejo de independência

As potências ocidentais receberam com ceticismo este acordo, assinado na sexta-feira em Minsk e destinado a pôr fim ao um conflito armado de quase cinco meses que, segundo a ONU, deixou 2.600 mortos e meio milhão de refugiados e deslocados.

Os rebeldes e as forças governamentais já haviam se acusado mutuamente no sábado pela manhã de ter violado o cessar-fogo com disparos sobre suas respectivas posições, nos bastiões rebeldes de Donetsk e Lugansk e seus arredores.

O acordo de cessar-fogo pareceu uma vitória para os separatistas e para a Rússia, já que que reconheceu a perda, por Kiev de várias cidades do leste da Ucrânia após o bem-sucedido avanço dos rebeldes durante as últimas semanas.

Os secessionistas exigiram no sábado a "independência" após as negociações na sexta-feira do Grupo de Contato, composto por representantes de Ucrânia, Rússia, pelos rebeldes e pela Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE).

A Anistia Internacional criticou os beligerantes: "Todas as partes do conflito se mostraram indiferentes à vida dos civis e se descuidaram de modo flagrante de suas obrigações internacionais", denunciou o secretário-geral da organização, Salil Shetty.

Baseando-se nas imagens de satélites, a Anistia também considerou que "parece claro que a Rússia mantém o conflito vivo, tanto por sua ingerência direta como pelo apoio que oferece aos separatistas no leste da Ucrânia", coincidindo com as acusações dos ocidentais de que a Rússia deslocou tropas regulares, o que Moscou desmente.

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