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Novo massacre na Nigéria e mobilização para resgatar jovens

Centenas morreram em um novo ataque do Boko Haram em cidade nigeriana, onde EUA e França pretendem ajudar a encontrar adolescentes sequestradas pelos islamitas

Vídeo em que um homem afirma ser o líder do Boko Haram: senador local afirmou que "o balanço de mortos no ataque se aproxima de 300" (AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 7 de maio de 2014 às 12h57.

Maiduguri - Centenas de pessoas morreram em um novo ataque do grupo islamita nigeriano Boko Haram em uma cidade do nordeste da Nigéria , onde os Estados Unidos e a França pretendem ajudar as autoridades a encontrar as mais de 200 adolescentes sequestradas no mês passado pelos islamitas.

O ataque foi registrado na localidade de Gamboru Ngala, perto da fronteira com Camarões no estado de Borno, reduto histórico do Boko Haram e onde aconteceu o sequestro das centenas de estudantes em 14 de abril.

De acordo com testemunhos de habitantes, os criminosos, que chegaram na cidade em plena luz do dia em veículos blindados e vans pintadas com as cores da polícia e do exército, incendiaram o mercado, o escritório da alfândega, a delegacia da polícia e quase todas as lojas da cidade.

O senador local Ahmed Zanna afirmou nesta quarta-feira à AFP que "o balanço de mortos no ataque se aproxima de 300", enquanto os moradores da localidade informaram que recuperaram mais de 100 corpos até o momento.

A insurgência liderada pelo Boko Haram, que nasceu há cinco anos, fez milhares de vítimas (mais de 1.500 desde o início do ano) na Nigéria, país mais populoso do continente africano.

A violência se concentra na região nordeste, onde o Exército realiza uma grande operação há um ano para tentar acabar com a insurgência.

O recurso do exército à milícias privadas, formadas por civis, em sua luta contra os islamitas, fez o Boko Haram se voltar contra populações locais.

Agora, o "Boko Haram ataca aldeias inteiras (...) matando, por vezes, até 200 e 300 homens e mulheres locais" para vingar a cumplicidade de civis com os militares, de acordo com o pesquisador francês Marc-Antoine Pérouse de Montclos.

Pouco antes do anúncio deste novo massacre, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, declarou que seu governo já enviou "uma equipe", composta de "militares, policiais e representantes de outras agências" para ajudar as autoridades nigerianas a encontrar as mais de 200 jovens sequestradas.

O presidente francês, François Hollande, também prometeu que seu país "fará tudo para ajudar a Nigéria a encontrar as estudantes.


Na terça-feira, Al-Azhar, a principal autoridade do Islã sunita, fez um apelo ao Boko Haram para que liberte as reféns, ressaltando que este tratamento é "totalmente contrário aos ensinamentos do islã e aos seus princípios de tolerância".

Esta "situação revoltante", segundo as palavras de Obama, ofusca a abertura do Fórum Econômico para a África, que se iniciou nesta quarta-feira em Abuja sob um forte esquema de segurança, uma cúpula que a Nigéria contava utilizar para mostras seus progressos econômicos e melhorar sua imagem internacional.

O presidente nigeriano Goodluck Jonathan e seu governo têm sido criticados pelas famílias das 276 meninas sequestradas por sua inação e incapacidade de encontrá-las.

Dezenas de adolescentes conseguiram escapar, mas mais de 220 ​​ainda estão nas mãos dos insurgentes, segundo a polícia.

O líder do Boko Haram, Abubakar Shekau, ameaçou em um vídeo "vendê-las como escravas" e "casá-las à força", uma mensagem que tem aterrorizado as famílias das vítimas e que provocou uma revolta global.

Citando "uma situação desoladora, revoltante", Obama considerou em uma entrevista ao canal ABC que "este pode ser o evento que ajudará a mobilizar a comunidade internacional para finalmente fazer algo contra essa organização horrível, que já cometeu outros crimes terríveis".

Os nigerianos "aceitaram a nossa ajuda, envolvendo militares, polícia e outras agências que trabalham no terreno para tentar saber onde essas jovens meninas poderiam estar e ajudá-las", indicou Obama.

Um estado "em profunda dificuldade"

O Boko Haram, que significa "a educação ocidental é pecaminosa" em Hausa, a língua mais falada no norte da Nigéria, cometeu vários ataques mortais contra escolas, faculdades e universidades, mas este sequestro em massa de adolescentes chocou o mundo inteiro.

O Departamento de Estado dos Estados Unidos indicou na segunda-feira que havia indícios de que as crianças poderiam ter sido levadas para países vizinhos, com base nas declarações não confirmadas das autoridades locais indicando que as meninas tinham sido vendidas a combatentes islâmicos como esposas em Camarões e no Chade.

No entanto, as autoridades de ambos os países indicaram depois que as estudantes não estavam em seus respectivos territórios.

A insurreição islamita está concentrada no nordeste do país, mas dois atentados com carros-bomba fizeram mais de 90 mortos na periferia de Abuja, a capital federal, em menos de três semanas.

Existe o risco crescente de o Boko Haram, que reivindica a criação de um Estado islâmico no norte da Nigéria, atacar outras partes do país.

O premier chinês Li Keqiang, um dos convidados do Fórum Econômico de Abuja, se reuniu com o presidente Jonathan, pedindo uma "cooperação reforçada" entre seus respectivos países.

Mais de 6.000 soldados foram mobilizados na capital nigeriana para a cúpula, que terminará na sexta-feira.

"Esta demonstração de força deve garantir a segurança dos participantes, mas o governo da Nigéria, em profundas dificuldades, não poderá proteger seu povo, atrair investimentos e explorar todo o potencial de seu país se não conseguir acabar com a insurgência violenta" do Boko Haram, escreveu nesta quarta-feira em um editorial o New York Times.

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O ataque foi registrado na localidade de Gamboru Ngala, perto da fronteira com Camarões no estado de Borno, reduto histórico do Boko Haram e onde aconteceu o sequestro das centenas de estudantes em 14 de abril.

De acordo com testemunhos de habitantes, os criminosos, que chegaram na cidade em plena luz do dia em veículos blindados e vans pintadas com as cores da polícia e do exército, incendiaram o mercado, o escritório da alfândega, a delegacia da polícia e quase todas as lojas da cidade.

O senador local Ahmed Zanna afirmou nesta quarta-feira à AFP que "o balanço de mortos no ataque se aproxima de 300", enquanto os moradores da localidade informaram que recuperaram mais de 100 corpos até o momento.

A insurgência liderada pelo Boko Haram, que nasceu há cinco anos, fez milhares de vítimas (mais de 1.500 desde o início do ano) na Nigéria, país mais populoso do continente africano.

A violência se concentra na região nordeste, onde o Exército realiza uma grande operação há um ano para tentar acabar com a insurgência.

O recurso do exército à milícias privadas, formadas por civis, em sua luta contra os islamitas, fez o Boko Haram se voltar contra populações locais.

Agora, o "Boko Haram ataca aldeias inteiras (...) matando, por vezes, até 200 e 300 homens e mulheres locais" para vingar a cumplicidade de civis com os militares, de acordo com o pesquisador francês Marc-Antoine Pérouse de Montclos.

Pouco antes do anúncio deste novo massacre, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, declarou que seu governo já enviou "uma equipe", composta de "militares, policiais e representantes de outras agências" para ajudar as autoridades nigerianas a encontrar as mais de 200 jovens sequestradas.

O presidente francês, François Hollande, também prometeu que seu país "fará tudo para ajudar a Nigéria a encontrar as estudantes.


Na terça-feira, Al-Azhar, a principal autoridade do Islã sunita, fez um apelo ao Boko Haram para que liberte as reféns, ressaltando que este tratamento é "totalmente contrário aos ensinamentos do islã e aos seus princípios de tolerância".

Esta "situação revoltante", segundo as palavras de Obama, ofusca a abertura do Fórum Econômico para a África, que se iniciou nesta quarta-feira em Abuja sob um forte esquema de segurança, uma cúpula que a Nigéria contava utilizar para mostras seus progressos econômicos e melhorar sua imagem internacional.

O presidente nigeriano Goodluck Jonathan e seu governo têm sido criticados pelas famílias das 276 meninas sequestradas por sua inação e incapacidade de encontrá-las.

Dezenas de adolescentes conseguiram escapar, mas mais de 220 ​​ainda estão nas mãos dos insurgentes, segundo a polícia.

O líder do Boko Haram, Abubakar Shekau, ameaçou em um vídeo "vendê-las como escravas" e "casá-las à força", uma mensagem que tem aterrorizado as famílias das vítimas e que provocou uma revolta global.

Citando "uma situação desoladora, revoltante", Obama considerou em uma entrevista ao canal ABC que "este pode ser o evento que ajudará a mobilizar a comunidade internacional para finalmente fazer algo contra essa organização horrível, que já cometeu outros crimes terríveis".

Os nigerianos "aceitaram a nossa ajuda, envolvendo militares, polícia e outras agências que trabalham no terreno para tentar saber onde essas jovens meninas poderiam estar e ajudá-las", indicou Obama.

Um estado "em profunda dificuldade"

O Boko Haram, que significa "a educação ocidental é pecaminosa" em Hausa, a língua mais falada no norte da Nigéria, cometeu vários ataques mortais contra escolas, faculdades e universidades, mas este sequestro em massa de adolescentes chocou o mundo inteiro.

O Departamento de Estado dos Estados Unidos indicou na segunda-feira que havia indícios de que as crianças poderiam ter sido levadas para países vizinhos, com base nas declarações não confirmadas das autoridades locais indicando que as meninas tinham sido vendidas a combatentes islâmicos como esposas em Camarões e no Chade.

No entanto, as autoridades de ambos os países indicaram depois que as estudantes não estavam em seus respectivos territórios.

A insurreição islamita está concentrada no nordeste do país, mas dois atentados com carros-bomba fizeram mais de 90 mortos na periferia de Abuja, a capital federal, em menos de três semanas.

Existe o risco crescente de o Boko Haram, que reivindica a criação de um Estado islâmico no norte da Nigéria, atacar outras partes do país.

O premier chinês Li Keqiang, um dos convidados do Fórum Econômico de Abuja, se reuniu com o presidente Jonathan, pedindo uma "cooperação reforçada" entre seus respectivos países.

Mais de 6.000 soldados foram mobilizados na capital nigeriana para a cúpula, que terminará na sexta-feira.

"Esta demonstração de força deve garantir a segurança dos participantes, mas o governo da Nigéria, em profundas dificuldades, não poderá proteger seu povo, atrair investimentos e explorar todo o potencial de seu país se não conseguir acabar com a insurgência violenta" do Boko Haram, escreveu nesta quarta-feira em um editorial o New York Times.

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