Nova corrida espacial? Rússia envia sonda à Lua após 47 anos e busca novo material de pesquisa
Módulo Luna-25 está programado para pousar no Polo Sul da Lua na segunda-feira e pode fazer da Rússia a primeira nação a pousar na zona inexplorada do satélite natural da Terra
Agência de notícias
Publicado em 16 de agosto de 2023 às 15h32.
Última atualização em 16 de agosto de 2023 às 16h03.
A primeira sonda lunar lançada pela Rússia em quase meio século entrou na órbita da Lua com sucesso nesta quarta-feira, de acordo com a agência espacial russa Roscosmos. Em meio a um cenário de isolamento internacional pela guerra na Ucrânia, Moscou pretende fazer história na nova corrida espacial ao pousar o módulo Luna-25 no Polo Sul da Lua — região lunar que nenhum país jamais atingiu.
"Pela primeira vez na história contemporânea da Rússia, uma estação automática foi colocada em órbita lunar às 12h03, horário de Moscou" [ 6h03 no horário de Brasília ], disse a assessoria de imprensa da Roscosmos, confirmando que todos os sistemas da Luna-25 funcionam normalmente. A comunicação com ela é estável.
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A operação foi realizada com a ajuda do motor da sonda, que foi ativado duas vezes a partir das 11h57 (horário de Moscou), a primeira vez por 243 segundos, e a segunda por 76, detalhou a agência espacial russa em um comunicado. A sonda Luna-25 orbitará a cerca de 100 quilômetros da superfície, antes de seu pouso na cratera de Boguslawsky, no Polo Sul, programado para segunda-feira, acrescentou a Roscosmos.
Primeiras fotos do espaço
No domingo, as câmeras instaladas no módulo enviaram as primeiras fotografias tiradas no espaço. Nas imagens, é possível ver parte da sonda, e a Terra e a Lua, ao fundo. O foguete Soyuz, que impulsionou esta sonda de 800 quilos, decolou da base espacial de Vostochni, no extremo-leste russo, em 11 de agosto.
A missão prevê que, ao longo de um ano, a Luna-25 irá coletar amostras e analisar o solo lunar. Essa é a primeira missão russa em direção à Lua desde 1976, época em que a antiga União Soviética estava na vanguarda da conquista espacial.
Nova corrida espacial
A missão busca dar um novo impulso ao programa espacial russo, que enfrenta dificuldades de inovação e falta de financiamento, em meio às sanções aplicadas pelo Ocidente ao país por causa da invasão da Ucrânia. Em um momento em que o mundo acompanha o que já é chamado de uma nova corrida espacial, o programa russo sofre com retaliações econômicas e de parcerias tecnológicas.
Atualmente, a Roscosmos tem buscado cooperação com a China, país que tem ajudado Moscou a manter a economia russa de pé durante a guerra. Antes da invasão à Ucrânia, a Agência Espacial Europeia ia contribuir com uma câmara para um projeto conjunto com China e Rússia que visa a Marte, no entanto o apoio foi suspenso em resposta à ofensiva.
O programa espacial russo também foi impactado por uma série de escândalos de corrupção. Nesse contexto, o presidente russo, Vladimir Putin, prometeu dar continuidade ao programa espacial, apesar das sanções, lembrando que a URSS enviou o primeiro homem ao espaço, em 1961, também em meio a tensões com o Ocidente.
A nova corrida em direção à Lua é liderada pelos Estados Unidos, que querem levar astronautas ao Polo Sul dentro de dois anos. A Rússia não tem condições de igualar esse feito, mas com a Luna-25 pode ser a primeira nação a pousar nessa zona inexplorada.
A Índia também já deu a largada para uma missão semelhante, tendo como alvo o Polo Sul da Lua. A coincidência de datas no cronograma das duas missões criou a expectativa no mundo científico sobre quem chegará primeiro. Mas os cientistas de Moscou pretendem cruzar a linha de chegada antes.
O pouso da Chandrayaan-3 indiana está previsto para 23 de agosto, dois dias depois da data marcada para a alunissagem da sonda russa. O módulo indiano foi lançado em 14 de julho, mas faz uma aproximação mais longa do destino, se mantendo em órbita da Lua por várias semanas, segundo a BBC. (Com AFP e El País )