Exame Logo

Nigéria está livre do ebola, declara OMS

A chegada da epidemia ao país mais populoso da África causou grande preocupação no mundo

Temperatura medida em aeroporto da Nigéria: país teve 42 dias sem registro de novo caso de ebola (Afolabi Sotunde/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 20 de outubro de 2014 às 17h39.

A Nigéria , país mais populoso da África, foi declarado nesta segunda-feira livre do ebola pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mas o vírus continua avançando em Guiné, Serra Leoa e Libéria, onde a epidemia matou mais de 4.500 pessoas.

No mesmo dia em que as Nações Unidas anunciavam a morte de um terceiro funcionário da organização internacional em Serra Leoa, presidentes e ministros da Saúde de 12 países da América Latina e do Caribe realizaram nesta segunda em Havana uma cúpula "extraordinária" da Alba sobre o ebola.

A ONU Mulher informou em um comunicado que Edmond Bangura-Sesay, que trabalhava como motorista para a agência desde 2005, faleceu no sábado após ter feito um exame que deu positivo para ebola.

Ele foi colocado em quarentena em 14 de outubro, depois que sua esposa ficou doente. Ela permanece em tratamento em um centro de saúde para pessoas com ebola e uma equipe médica da ONU trabalhava para rastrear as pessoas que tiveram contato com o motorista, informou a organização.

Em Luxemburgo, ministros das Relações Exteriores da União Europeia (UE) consideraram nesta segunda que é necessário unir esforços para conter a epidemia e evitar que se transforme em uma ameaça global.

Também nesta segunda, a OMS declarou a Nigéria livre do vírus após um intervalo de 42 dias sem registro de nenhum novo caso de contágio confirmado.

A chegada da epidemia ao país mais populoso da África causou grande preocupação no mundo.

"É um êxito espetacular que mostra ao mundo que o ebola pode ser contido", disse o representante da OMS em Abuja, Rui Gama Vaz.

A epidemia foi contida no país depois de deixar um registro de 20 vítimas, incluindo oito mortos. As autoridades de combate ao ebola atribuem esse êxito a uma resposta rápida e eficaz do governo.

Além das boas notícias da Nigéria, outras duas foram anunciadas nesta segunda. Uma médica norueguesa que tinha contraído o vírus durante uma missão em Serra Leoa foi curada, anunciou a organização Médicos sem Fronteiras (MSF), e em Madri, a auxiliar de enfermagem espanhola, o primeiro caso de contágio fora da África, teve seu primeiro exame negativo para o vírus.

"A evolução de Teresa Romero é positiva, o que é uma boa notícia, e nenhum dos 15 afetados apresenta sintomas", disse o ministro espanhol de Assuntos Exteriores, José Manuel García-Margallo, ao chegar à reunião em Luxemburgo.

Nos Estados Unidos, após cinco dias sem o registro de novos casos, as autoridades de saúde se mostravam cautelosas, mas otimistas de que o vírus tenha sido controlado no país.

"Estamos mais aliviados, mas ainda prendemos a respiração", disse o prefeito de Dallas, Mike Rawlings.

A companheira de Thomas Eric Duncan, liberiano que morreu de ebola no começo do mês na capital do Texas (sul), está entre as 50 pessoas que saíram de três semanas de quarentena sem sintomas da doença após a exposição ao vírus.

Cerca de cem pessoas, a maioria profissionais de saúde, continuam sendo monitoradas no Texas depois de terem tido contato com Thomas, o primeiro paciente diagnosticado com ebola fora da África, no fim de setembro.

No Canadá, um sinal de esperança: o país enviou o primeiro lote de doses de uma vacina experimental contra o vírus a hospitais de Genebra, onde será testado pela OMS, informou o Ministério da Aaúde.

No total, serão enviados três lotes do Laboratório Nacional de Microbiologia de Winnipeg (centro).

É preciso "um esforço maior"

A presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, alertou no domingo que uma geração de africanos está em risco com esta crise e fez um apelo para que o mundo inteiro participe da luta contra a febre hemorrágica.

Segundo os 28 chanceleres da UE, "é preciso união, coordenação e um esforço maior para conter o surto". Os ministros da UE pediram que a comunidade internacional alcance o objetivo de US$ 1 bilhão em ajuda, estabelecido pela ONU. Até agora, a UE prometeu € 500 milhões (cerca de US$ 630 milhões).

Uma das necessidades mais urgentes é a de equipes médicas especializadas, mas o risco de exposição ao vírus dificulta a tarefa.

As organizações não-governamentais pedem um esquema que garanta a retirada dos profissionais infectados para a Europa em um prazo de 48 horas. Do contrário, será difícil encontrar voluntários para conter a epidemia.

Em Havana, o presidente cubano, Raúl Castro, anunciou o envio de 90 novos médicos e enfermeiros cubanos para Libéria e Guiné na terça-feira, que se somarão aos 165 que já tinham viajado para Serra Leoa em 1º de outubro.

"Uma terrível epidemia se propaga hoje pelos povos irmãos da África e ameaça a todos nós", disse Raúl Castro.

A cúpula da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba) foi realizada em um país que ocupa a vanguarda no combate ao ebola, o que repercutiu positivamente nos Estados Unidos.

O bloco reúne Venezuela, Bolívia, Equador, Nicarágua, Cuba, Antigua e Barbuda, Dominica, Santa Lúcia, e São Vicente e Granadinas. Além dos nove integrantes, participaram Haiti, Granada e São Cristóvão e Nevis.

O jornal The New York Times elogiou nesta segunda-feira a impressionante contribuição da ilha no combate à epidemia e pediu que o presidente Barack Obama aproveite a oportunidade para normalizar as relações com Havana.

Na América Latina e no Caribe nenhum caso de ebola foi detectado até o momento.

Os presidentes e ministros da Saúde desses países concordaram em reforçar a segurança nas fronteiras e em elaborar um "plano de ação" contra o ebola na região, anunciou o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

São Paulo - Ebola é uma doença viral aguda que causa febre hemorrágica. É causada por três das cinco espécies dentro do gênero. Duas espécies são capazes de infectar seres humanos, mas não parecem causar a doença. Os outros três podem causar graus variáveis de doença. O vírus Ebola Zaire é a estirpe mais mortal, e tem sido identificada como a causa do surto atual. Em epidemias anteriores, esta estirpe teve uma taxa de mortalidade de 90%.
  • 2. A origem

    2 /13(Frederick Murphy/CDC/Handout via Reuters)

  • Veja também

    A origem do vírus é incerta. Mas alguns especialistas acreditam que os morcegos podem abrigar o vírus em seu trato intestinal. Os primeiros seres humanos infectados e que espalharam a doença provavelmente caçaram e comeram um animal infectado.
  • 3. A epidemia atual

    3 /13(Tommy Trenchard/Reuters)

  • Este já é considerado o maior surto desde que o vírus ebola foi descoberto há quase 40 anos. O surto foi declarado em março, na Guiné. Desde então, a doença se espalhou para a Libéria, Serra Leoa e Nigéria e matou 60% dos infectados. São 1323 pessoas infectadas e 887 mortes, segundo o último balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 60 mortes foram de trabalhadores de saúde que procuravam controlar a doença.
  • 4. Os sintomas

    4 /13(AFP)

    Após o contágio, o paciente pode demorar até 21 dias antes de manifestar a doença. Os sinais são semelhantes aos da gripe, incluindo dores abdominais, febre, vômitos e diarreia. O quadro se agrava com a desidratação, insuficiência do fígado e dos rins, e hemorragia.
  • 5. Transmissão

    5 /13(Ahmed Jallanzo/Agência Lusa/Agência Brasil)

    O vírus é transmitido diretamente pelo contato direto com sangue ou fluidos corporais dos infectados, inclusive dos mortos. O contágio é maior quando os pacientes já estão em estágios terminais, com hemorragia interna e externa, vômitos e diarreia, que contêm altas concentrações do vírus.
  • 6. O tratamento

    6 /13(Cellou Binani/AFP)

    Não há um remédio específico para a doença. Os sintomas costumam ser tratados separadamente. Por exemplo, o soro intravenoso pode evitar a desidratação, enquanto um antitérmico diminui a febre. Já os analgésicos podem diminuir as dores. Aqueles que têm a doença identificada e recebem tratamento mais cedo têm mais chances de sobreviver à infecção. Infelizmente, como os sintomas são genéricos e parecidos com de outras doenças, o diagnóstico pode demorar.
  • 7. Como se proteger

    7 /13(AFP)

    A melhor forma de se proteger da doença é evitar os locais onde há surto de ebola. Entre as recomendações do ministro da Saúde, Arthur Chioro, para quem tiver de viajar para estes países estão, por exemplo, seguir recomendações que serão dadas pelas autoridades sanitárias locais. Chioro aconselha os viajantes a não entrar em contato com secreções, vômitos e sangue das pessoas que são vítimas das doenças, que devem estar em isolamento e tratamento médico.
  • 8. Epidemia global

    8 /13(Tommy Trenchard / Reuters)

    O risco de o vírus ser disseminado da África para a Europa, Ásia ou para as Américas é extremamente baixo, de acordo com especialistas em doenças infecciosas. O professor belga Peter Piot, um dos descobridores do vírus ebola, descartou uma epidemia fora do continente africano, em entrevista à AFP. Mesmo que um portador do ebola viaje até Europa, Estados Unidos ou outra região da África, o cientista não acredita que isto possa causar uma epidemia importante, pois a infecção requer um contato muito próximo. Mas Piot pediu que as vacinas e os tratamentos, promissores nos animais, sejam testados em humanos.
  • 9. Vacina experimental

    9 /13(sxc.hu)

    Pesquisadores americanos planejam testar, em breve, uma vacina experimental contra o ebola. Se bem sucedida, poderá imunizar até 2015 trabalhadores de saúde, que estão na linha de fogo da epidemia. No próximo mês, os Institutos Nacionais da Saúde dos Estados Unidos começarão os testes em humanos da vacina, que já é promissora nas experiências em macacos.
  • 10. Fronteiras fechadas

    10 /13(Gary Cameron/Reuters)

    Guiné, Libéria e Serra Leoa anunciaram na sexta-feira (2) que vão colocar em quarentena a região fronteiriça comum, onde surgiu o último surto do vírus ebola. O anúncio foi feito durante uma reunião de emergência para discutir a epidemia e depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertar que o ebola pode provocar uma perda catastrófica de vidas e prejuízos econômicos, caso a epidemia não seja controlada.
  • 11. Não há mercado para a vacina

    11 /13(AFP)

    Segundo a AFP, até agora não se conseguiu convencer as companhias farmacêuticas a investir em uma vacina contra o ebola. Andrea Marzi e Heinz Feldmann, do instituto de virologia NIAID, disseram em artigo publicado em abril que, com surtos esporádicos que costumam afetar um pequeno número de pessoas na África, não existe um mercado comercial para uma vacina contra a doença.
  • 12. Medicação

    12 /13(Samaritans Purse/Divulgação via Reuters)

    Herve Raoul, especialista em patógenos e pesquisador do Instituto Médico Francês de Saúde, disse à AFP que o ideal é desenvolver um antiviral que ajude os doentes a superar a fase mais aguda da doença. No entanto, essa medicação não existe hoje. Atualmente, os especialistas só podem aconselhar medidas preventivas, como isolar os infectados, tomar precauções para evitar o contato com fluidos corporais e enterrar os mortos com rapidez.
  • 13. Agora veja 10 países onde respirar faz mal à saúde

    13 /13(Reuters)

  • Acompanhe tudo sobre:ÁfricaDoençasEbolaEpidemiasNigériaOMS (Organização Mundial da Saúde)Saúde

    Mais lidas

    exame no whatsapp

    Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

    Inscreva-se

    Mais de Mundo

    Mais na Exame