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Necrotérios são investigados por sumiço de 200 corpos

A revista policial de vários hospitais da capital revelou outras irregularidades, como a existência de corpos de bebês com a mesma identidade


	Corpo sendo levado ao necrotério: a investigação foi iniciada a pedido do governo da cidade de Buenos Aires para enterrar 23 corpos que estavam havia anos nos necrotérios de quatro hospitais
 (SANTOSH VERMA / Bloomberg)

Corpo sendo levado ao necrotério: a investigação foi iniciada a pedido do governo da cidade de Buenos Aires para enterrar 23 corpos que estavam havia anos nos necrotérios de quatro hospitais (SANTOSH VERMA / Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 21 de agosto de 2013 às 17h45.

Buenos Aires - As autoridades argentinas inspecionaram o funcionamento de vários necrotérios de Buenos Aires após o desaparecimento de mais 200 corpos não retirados e de constatar erros graves de registro, identificação e conservação dos corpos, confirmaram à Agência Efe fontes oficiais.

A revista policial de vários hospitais da capital nas últimas semanas revelou ainda outras irregularidades como a existência de corpos de bebês com a mesma identidade, restos humanos sem identificação ou espalhados pelas câmaras frigoríficas e cadáveres em estado avançado de decomposição.

A investigação foi iniciada a pedido do governo da cidade de Buenos Aires para enterrar 23 corpos que estavam havia anos nos necrotérios de quatro hospitais.

O encarregado de tramitar a solicitação, o magistrado Roberto Gallardo, descobriu graves irregularidades nos registros de entrada e saída dos corpos e ordenou inicialmente a inspeção dos hospitais.

Gallardo constatou que nos locais faltavam dezenas de cadáveres cuja entrada constava nos registros, mas a saída não, apesar de não estarem nos depósitos.

No Hospital Rivadavia, por exemplo, foram encontrados 16 corpos, o dobro da capacidade do depósito.

No necrotério infantil, apesar de nos relatórios constar a entrada de 73 cadáveres sem saída registrada - a maioria deles de fetos ou recém-nascidos - só foram encontrados 13.

Representantes dos trabalhadores dos hospitais atribuem o fato à falta de funcionários, que denunciam há meses, e não a negligências.

'Durante um ano inteiro não havia funcionários, por exemplo, no Hospital Rivadavia, e isso certamente é o que aconteceu também em alguns outros hospitais', explicou à Efe Rodolfo Arrechea, membro da Associação de Trabalhadores do Estado.


Diante do descontrole no funcionamento dos necrotérios dos hospitais averiguados, o juiz Gallardo ordenou a investigação de outros 18 necrotérios que também estão sob responsabilidade municipal.

Até o momento, os registros revelaram a existência de 216 cadáveres desaparecidos em seis dos 22 necrotérios registradas, além de corpos sem identificação e em decomposição, segundo veículos de imprensa locais.

A investigação judicial acabou por confrontar o governo da cidade com o magistrado Gallardo, que na semana passada foi afastado por 'abuso de autoridade', segundo explicou à Efe o procurador-geral de Buenos Aires, Julio Conte Grand.

Conte Grand disse que até o momento não havia recebido nenhuma denúncia sobre as supostas irregularidades nos necrotérios, e acrescentou que o governo da capital realizará uma auditoria, abrirá um sumário para investigar possíveis faltas administrativas e apresentará um processo.

Por enquanto, as investigações estão paralisadas e ainda falta analisar a informação do resto dos necrotérios que o juiz Gallardo ordenou revistar.

O magistrado denunciou na sexta-feira passada o prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, à ministra da Saúde da cidade, Graciela Reybaud, e a Conte Grand, por suposto descumprimento de seus deveres como empregados públicos.

Gallardo os acusa de suposta alteração e supressão de identidade das pessoas, assim como de impedir deliberadamente a atuação da Justiça, 'o que favorece indiretamente o encobrimento e a impunidade'.

Conte Grand rejeitou as acusações e disse que Gallardo agiu 'em excesso de suas competências' ao executar ações próprias de um juiz penal, o que põe em risco a validade das provas recolhidas até o momento. 

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