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Nancy Pelosi deixará de liderar democratas na Câmara dos EUA

Americana foi alvo de eleitores de Donald Trump durante invasão do Capitólio

Nancy Pelosi: representante da Câmara dos EUA anuncia que deixará cargo (Leandro Fonseca/Exame)
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AFP

Publicado em 17 de novembro de 2022 às 18h59.

A democrata Nancy Pelosi, figura influente da cena política de Washington e presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, disse, nesta quinta-feira (17), que deixará de liderar seu partido quando os republicanos assumirem o controle da Casa em janeiro.

"Não buscarei a reeleição para a liderança democrata na próxima legislatura", disse a dirigente política de 82 anos em discurso no plenário, ao acrescentar que deseja abrir espaço para "uma nova geração".

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O presidente Joe Biden a elogiou imediatamente, classificando-a de "feroz defensora da democracia" e assinalando que os americanos têm com ela uma "profunda dívida de gratidão".

Entre os aplausos dos presentes, Pelosi reviveu momentos de seus 35 anos na Câmara, que, segundo ela, evoluiu para ser "mais representativa de nossa linda nação".

Pelosi, a primeira mulher a ocupar o cargo de presidente da Casa, conhecido como "speaker", também falou sobre tempos mais sombrios, como a invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021 por parte de partidários do ex-presidente republicano Donald Trump.

"A democracia americana é majestosa, mas é frágil", advertiu.

Pelosi manteve o suspense sobre sua saída até o fim, levando para o hemicírculo duas versões distintas de seu discurso. A partir de janeiro, seguirá ocupando sua cadeira na Câmara, mas como simples representante de Califórnia.

'Amado companheiro'

A veterana política ocupa o cargo de "speaker" desde janeiro de 2019, o terceiro posto na hierarquia política dos Estados Unidos depois de presidente e vice-presidente. Antes, ocupou esse mesmo cargo de 2007 a 2011.

Estrategista e com um dom sem igual para a política, é conhecida como a principal opositora de Trump, a quem combateu duramente em seu mandato na Casa Branca.

Nos últimos meses, foi o seu compromisso com Taiwan que deu o que falar: sua visita, em agosto, à ilha considerada uma província rebelde pelas autoridades da China continental provocou a ira de Pequim.

No final de outubro, seu marido, Paul Pelosi, foi atacado em sua casa na Califórnia por um homem armado com um martelo. Efetivamente, o agressor tinha como alvo Nancy Pelosi, a quem acusou de mentir. A legisladora confessou ter ficado "traumatizada" com o ocorrido.

Ao iniciar seu discurso nesta quinta, Pelosi fez questão de dirigir palavras a seu marido, a quem chamou de "amado companheiro" e "alicerce".

Pouco antes da eleição de 8 de novembro, ela disse à CNN que o ataque influenciaria sua decisão de renunciar ou não ao cargo de "speaker", caso os democratas perdessem a maioria na Câmara dos Representantes.

E foi o que aconteceu na noite desta quarta-feira, ao final de uma semana de suspense sobre o resultado da eleição.

Segundo as projeções, os republicanos conquistaram pelo menos 218 das 435 cadeiras da Câmara dos Representantes, uma maioria bastante apertada, mas suficiente para ter poder de bloqueio sobre a política do presidente Joe Biden até 2024.

Congresso dividido

Por outro lado, os democratas conseguiram manter o controle do Senado.

Apesar da pequena maioria da qual vão dispor na Câmara a partir de janeiro, os republicanos terão poder suficiente para supervisionar o governo Biden.

Eles prometeram usar esse poder para realizar investigações sobre a condução da pandemia por parte do governo e sobre a retirada do Afeganistão.

Com a nova configuração do Congresso, o partido da situação não conseguirá mais aprovar projetos importantes. Mas o campo adversário tampouco será capaz de fazê-lo.

Os republicanos haviam ameaçado anular algumas medidas adotadas pelo governo Biden se recuperassem o controle de Câmara e Senado. Em particular, queriam reconsiderar os recursos destinados ao fisco para contratar novos agentes, e certas reformas no âmbito da educação.

A direita também poderia ser mais exigente com a ajuda de Washington à Ucrânia. Também prometeu atacar o direito ao aborto e legislar sobre armas de fogo, o que forçaria Biden a usar seu direito de veto.

Em última instância, Biden terá que utilizar suas habilidades de negociação, herdadas de sua longa carreira como senador, para evitar uma paralisação dos serviços do governo federal, o chamado "shutdown".

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