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Na fronteira russa, moradores evacuados de zonas separatistas temem o pior

Na noite de sexta-feira, as autoproclamadas "repúblicas" separatistas de Donetsk e Lugansk pediram a evacuação de civis, dizendo temer um ataque de Kiev

Tropas ucranianas durante exercício de tiro em Lviv, em 28 de janeiro de 2022 (AFP/AFP)

Tropas ucranianas durante exercício de tiro em Lviv, em 28 de janeiro de 2022 (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 20 de fevereiro de 2022 às 15h52.

Como um pesadelo que recomeça: na fronteira russa, civis deixam as áreas separatistas no leste da Ucrânia após uma ordem de evacuação geral, em um momento em que as tensões estão em seu auge, levantando temores de uma retomada ativa dos combates. 

Elena Sokela, uma assistente social de 40 anos, acaba de cruzar a fronteira russa no importante ponto de passagem Avilo-Uspenka, perto da cidade russa de Matveev Kurgan, com seu filho de 16 anos.

Ela vem da "república" separatista de Donetsk, em guerra com Kiev desde 2014. "Ouvimos estrondos, explosões", contou à AFP, enquanto os tiroteios e incidentes na linha de frente aumentaram nas últimas horas.

"Decidimos ir para a casa da sua avó (na Rússia) onde é tranquilo. Já tivemos o suficiente em 2014, não queremos esperar até o último momento, é melhor sair com antecedência", continua.

"Vamos voltar", garante a moradora de Chakhtiorsk, cidade a leste da capital separatista de Donetsk.

Na noite de sexta-feira, as autoproclamadas "repúblicas" separatistas de Donetsk e Lugansk pediram a evacuação de civis, dizendo temer um ataque de Kiev.

Acusações rejeitadas pela Ucrânia e ocidentais que acusam a Rússia, que apoia os separatistas e que reuniu dezenas de milhares de soldados nas fronteiras, de buscar um pretexto para lançar uma operação militar contra Kiev.

Esta manhã, em Avilo-Uspenka, carros civis da "república" de Donetsk faziam fila, assim como cerca de vinte ônibus vazios esperando para entrar na zona separatista, segundo um jornalista da AFP no local.

Os serviços de emergência russos locais, que declararam estado de emergência na região, abriram um acampamento perto deste ponto de passagem com mais de 15 grandes tendas para acomodar os evacuados. Eles permanecem vazios por enquanto.

"Mobilização geral"

Alexander Romanov, um aposentado de 68 anos, atravessou a fronteira russa com sua esposa de carro, vindo da cidade de Yenakievo: "Há engarrafamentos por cinco quilômetros" antes da fronteira, diz.
De acordo com as autoridades separatistas em Donetsk, mais de 6.600 pessoas foram evacuadas desde sexta-feira.

Seus colegas na "república" de Lugansk anunciaram a evacuação de mais de 13.500 civis.

Em 2014, quando começaram os combates com as forças ucranianas, os separatistas já haviam realizado uma evacuação em massa de mulheres, crianças e idosos para a Rússia, enquanto muitas localidades se encontravam sob as bombas.

De acordo com Moscou, mais de 600.000 pessoas de áreas separatistas receberam passaportes russos, o que deve facilitar ainda mais as evacuações.

Neste sábado, as "repúblicas" de Donetsk e Lugansk também pediram a "mobilização geral" de homens de 18 a 55 anos diante de uma possível "agressão" de Kiev.

Lioubov Rodoman confirma que seu marido, um oficial da reserva separatista, recebeu um pedido das autoridades para ficar.

A enfermeira de 57 anos acabou de atravessar a fronteira da zona separatista para "resolver negócios" na Rússia, mas planeja voltar para casa hoje.

"Sou cuidadora, não posso desistir das crianças, não desisti em 2014 e não vou desistir agora", jura.

Os guardas de fronteira russos disseram, porém, que não deixariam ninguém atravessar na direção oposta.

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