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Mundo não pode tolerar ataque químico de Assad, dizem EUA

País deixou claro que pretende punir Assad pelo "brutal e flagrante" ataque químico que teria matado mais de 1.400 pessoas em Damasco

Apoiadores do presidente sírio Bashar al-Assad durante manifestação contra uma intervenção militar no centro de Roma (Max Rossi/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 30 de agosto de 2013 às 18h07.

Washington/Paris - Os Estados Unidos deixaram claro nesta sexta-feira que pretendem punir o presidente sírio, Bashar al-Assad , pelo "brutal e flagrante" ataque químico que teria matado mais de 1.400 pessoas na semana passada em Damasco.

"Não podemos aceitar um mundo onde mulheres, crianças e civis inocentes sejam intoxicados com gás em uma escala terrível", disse o presidente norte-americano, Barack Obama, a jornalistas na Casa Branca.

Ele disse que os EUA continuam preparando uma resposta militar "limitada e estreita", que não envolva "botas no terreno" nem tenha prazo indeterminado.

Antes, o secretário norte-americano de Estado, John Kerry, disse que seria essencial não deixar o ataque impune, o que representaria um aval a quem estiver cogitando usar armas químicas no futuro. Ele disse que os EUA têm o apoio de aliados como a França, "nosso aliado mais antigo", em sua determinação de agir.

"A história julgaria todos nós de forma extraordinariamente dura se fizéssemos vista grossa para o uso maldoso de armas de destruição em massa por um ditador", disse Kerry em declaração feita no Departamento de Estado e exibida por TVs.

Segundo Kerry, "se um bandido e homicida como Bashar al-Assad puder intoxicar com gás milhares do seu próprio povo com imunidade", isso será um mau exemplo para países como Irã e Coreia do Norte, e para grupos como o Hezbollah.

"Será que eles vão se lembrar que o regime de Assad foi impedido de fazer uso atual ou futuro dessas armas? Ou vão se lembrar que o mundo se colocou à parte e criou impunidade?", disse Kerry.

Kerry afirmou que vários indícios mostram que as forças de Assad cometeram o ataque, e o governo dos EUA divulgou simultaneamente um relatório de inteligência incluindo muitos detalhes.

O texto diz que o ataque de 21 de agosto matou 1.429 sírios, sendo 426 crianças.


As informações reunidas para o relatório de quatro páginas incluem uma comunicação interceptada de um alto funcionário muito familiarizado com o ataque, além de informações obtidas por relatos de terceiros e outras mensagens interceptadas.

A França afirmou nesta sexta-feira que continua sendo favorável a uma ação militar para punir o governo de Assad pelo ataque, apesar de o Parlamento britânico ter votado na véspera contra os bombardeios.

Um assessor do governo da Rússia, principal aliado internacional de Assad, disse na quinta-feira que a recusa do Parlamento britânico em apoiar a ação militar revela preocupações europeias mais amplas sobre os riscos de uma reação armada.

O governo de Assad nega repetidamente que tenha cometido o ataque com armas químicas e atribui a ação a rebeldes que estariam interessados em provocar uma retaliação.

Qualquer ação militar dos EUA e de aliados parece improvável antes de sábado, quando inspetores da Organização das Nações Unidas (ONU) devem deixar a Síria.

Kerry disse que o relatório dos inspetores irá confirmar apenas que armas químicas foram usada, sem poder alterar significativamente a posição de Washington. Ele observou também que o "garantido obstrucionismo russo" impedirá que a ONU galvanize a ação mundial.

Em pelo menos três ocasiões a Rússia já usou seu poder de veto no Conselho de Segurança para barrar resoluções que recriminassem Assad pela violência em dois anos e meio de uma guerra civil que já matou mais de 100 mil pessoas.

Segundo Kerry, "a questão primária não é mais o que sabemos. A questão é o que nós, nós coletivamente, nós no mundo vamos fazer a respeito", disse Kerry.

Ele afirmou ainda que Obama salientou a importância de que uma eventual ação seja "limitada e sob medida" para punir Assad, sem ter a intenção de afetar os rumos da guerra civil, e que o governo norte-americano continua comprometido com uma solução diplomática para a crise.


O início de uma ação militar pode ficar condicionado também pelo embarque de Obama, na noite de terça-feira, para uma viagem à Suécia e à Rússia. É improvável que ele ordene os bombardeios quando estiver nesses países.

Kerry deixou claro que a opinião de outros países não influenciará as ações dos EUA. "O presidente Obama irá assegurar que os Estados Unidos, nós, tomamos nossas próprias decisões nos nossos próprios prazos, com base nos nossos valores e interesses." O secretário falou um dia depois de o primeiro-ministro britânico, David Cameron, sofrer uma derrota parlamentar na busca por apoio à ação militar.

O ministro britânico das Finanças, George Osborne, admitiu que a votação põe em xeque o futuro das relações de Londres com seus aliados.

"Haverá uma reflexão nacional sobre nosso papel no mundo e se a Grã-Bretanha deseja desempenhar um papel importante na manutenção do sistema internacional." Na tarde desta sexta-feira, Cameron disse em comunicado ter conversado com Obama e que os dois concordaram que a cooperação bilateral continuará, apesar da decisão britânica de não apoiar uma intervenção militar na Síria.

Cameron disse que Obama ressaltou seu apreço à forte amizade entre os dois líderes e a "resistência, durabilidade e profundidade da relação especial entre os nossos dois países".

Já o presidente francês, François Hollande, disse ao jornal Le Monde que continua partidário de uma reação "firme" contra um ataque que causou dano "irreparável" ao povo sírio.

Hollande não depende de aval parlamentar para agir e poderia, inclusive, ordenar um ataque antes de quarta-feira, quando a Assembleia Nacional francesa discute o assunto.

"Todas as opções estão sobre a mesa. A França quer uma ação que seja proporcional e firme contra o regime de Damasco", disse ele.

O primeiro-ministro da Turquia, Tayyip Erdogan, também se manifestou, dizendo que qualquer intervenção militar internacional deve ter o objetivo de pôr fim ao regime de Assad.

"Não pode ser uma ação de 24 horas em que se ataca e sai", disse Erdogan a jornalistas durante recepção no palácio presidencial em Ancara. "O que importa é parar o derramamento de sangue na Síria e enfraquecer o regime ao ponto de ele desistir", afirmou.

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"Não podemos aceitar um mundo onde mulheres, crianças e civis inocentes sejam intoxicados com gás em uma escala terrível", disse o presidente norte-americano, Barack Obama, a jornalistas na Casa Branca.

Ele disse que os EUA continuam preparando uma resposta militar "limitada e estreita", que não envolva "botas no terreno" nem tenha prazo indeterminado.

Antes, o secretário norte-americano de Estado, John Kerry, disse que seria essencial não deixar o ataque impune, o que representaria um aval a quem estiver cogitando usar armas químicas no futuro. Ele disse que os EUA têm o apoio de aliados como a França, "nosso aliado mais antigo", em sua determinação de agir.

"A história julgaria todos nós de forma extraordinariamente dura se fizéssemos vista grossa para o uso maldoso de armas de destruição em massa por um ditador", disse Kerry em declaração feita no Departamento de Estado e exibida por TVs.

Segundo Kerry, "se um bandido e homicida como Bashar al-Assad puder intoxicar com gás milhares do seu próprio povo com imunidade", isso será um mau exemplo para países como Irã e Coreia do Norte, e para grupos como o Hezbollah.

"Será que eles vão se lembrar que o regime de Assad foi impedido de fazer uso atual ou futuro dessas armas? Ou vão se lembrar que o mundo se colocou à parte e criou impunidade?", disse Kerry.

Kerry afirmou que vários indícios mostram que as forças de Assad cometeram o ataque, e o governo dos EUA divulgou simultaneamente um relatório de inteligência incluindo muitos detalhes.

O texto diz que o ataque de 21 de agosto matou 1.429 sírios, sendo 426 crianças.


As informações reunidas para o relatório de quatro páginas incluem uma comunicação interceptada de um alto funcionário muito familiarizado com o ataque, além de informações obtidas por relatos de terceiros e outras mensagens interceptadas.

A França afirmou nesta sexta-feira que continua sendo favorável a uma ação militar para punir o governo de Assad pelo ataque, apesar de o Parlamento britânico ter votado na véspera contra os bombardeios.

Um assessor do governo da Rússia, principal aliado internacional de Assad, disse na quinta-feira que a recusa do Parlamento britânico em apoiar a ação militar revela preocupações europeias mais amplas sobre os riscos de uma reação armada.

O governo de Assad nega repetidamente que tenha cometido o ataque com armas químicas e atribui a ação a rebeldes que estariam interessados em provocar uma retaliação.

Qualquer ação militar dos EUA e de aliados parece improvável antes de sábado, quando inspetores da Organização das Nações Unidas (ONU) devem deixar a Síria.

Kerry disse que o relatório dos inspetores irá confirmar apenas que armas químicas foram usada, sem poder alterar significativamente a posição de Washington. Ele observou também que o "garantido obstrucionismo russo" impedirá que a ONU galvanize a ação mundial.

Em pelo menos três ocasiões a Rússia já usou seu poder de veto no Conselho de Segurança para barrar resoluções que recriminassem Assad pela violência em dois anos e meio de uma guerra civil que já matou mais de 100 mil pessoas.

Segundo Kerry, "a questão primária não é mais o que sabemos. A questão é o que nós, nós coletivamente, nós no mundo vamos fazer a respeito", disse Kerry.

Ele afirmou ainda que Obama salientou a importância de que uma eventual ação seja "limitada e sob medida" para punir Assad, sem ter a intenção de afetar os rumos da guerra civil, e que o governo norte-americano continua comprometido com uma solução diplomática para a crise.


O início de uma ação militar pode ficar condicionado também pelo embarque de Obama, na noite de terça-feira, para uma viagem à Suécia e à Rússia. É improvável que ele ordene os bombardeios quando estiver nesses países.

Kerry deixou claro que a opinião de outros países não influenciará as ações dos EUA. "O presidente Obama irá assegurar que os Estados Unidos, nós, tomamos nossas próprias decisões nos nossos próprios prazos, com base nos nossos valores e interesses." O secretário falou um dia depois de o primeiro-ministro britânico, David Cameron, sofrer uma derrota parlamentar na busca por apoio à ação militar.

O ministro britânico das Finanças, George Osborne, admitiu que a votação põe em xeque o futuro das relações de Londres com seus aliados.

"Haverá uma reflexão nacional sobre nosso papel no mundo e se a Grã-Bretanha deseja desempenhar um papel importante na manutenção do sistema internacional." Na tarde desta sexta-feira, Cameron disse em comunicado ter conversado com Obama e que os dois concordaram que a cooperação bilateral continuará, apesar da decisão britânica de não apoiar uma intervenção militar na Síria.

Cameron disse que Obama ressaltou seu apreço à forte amizade entre os dois líderes e a "resistência, durabilidade e profundidade da relação especial entre os nossos dois países".

Já o presidente francês, François Hollande, disse ao jornal Le Monde que continua partidário de uma reação "firme" contra um ataque que causou dano "irreparável" ao povo sírio.

Hollande não depende de aval parlamentar para agir e poderia, inclusive, ordenar um ataque antes de quarta-feira, quando a Assembleia Nacional francesa discute o assunto.

"Todas as opções estão sobre a mesa. A França quer uma ação que seja proporcional e firme contra o regime de Damasco", disse ele.

O primeiro-ministro da Turquia, Tayyip Erdogan, também se manifestou, dizendo que qualquer intervenção militar internacional deve ter o objetivo de pôr fim ao regime de Assad.

"Não pode ser uma ação de 24 horas em que se ataca e sai", disse Erdogan a jornalistas durante recepção no palácio presidencial em Ancara. "O que importa é parar o derramamento de sangue na Síria e enfraquecer o regime ao ponto de ele desistir", afirmou.

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