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Mugabe resiste à pressão para deixar governo do Zimbábue

Segundo uma fonte de inteligência, Robert Mugabe insiste que é o único governante legítimo do Zimbábue

Robert Mugabe: militares tomaram o poder na quarta-feira por meio de uma operação direcionada a "criminosos" ligados ao presidente (Philimon Bulawayo/Reuters)

Robert Mugabe: militares tomaram o poder na quarta-feira por meio de uma operação direcionada a "criminosos" ligados ao presidente (Philimon Bulawayo/Reuters)

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Reuters

Publicado em 16 de novembro de 2017 às 08h51.

Última atualização em 16 de novembro de 2017 às 15h56.

Harare - O presidente Robert Mugabe insiste que continua a ser o único governante legítimo do Zimbábue e está se recusando a sair depois de um golpe militar, mas é cada vez maior a pressão para que o ex-guerrilheiro de 93 anos aceite a oferta de uma saída honrosa, disseram fontes nesta quinta-feira.

Uma fonte política que conversou com aliados de primeiro escalão entrincheirados com Mugabe e sua esposa, Grace, em seu requintado complexo "Teto Azul" de Harare contou que o líder não planeja renunciar voluntariamente antes das eleições agendadas para o ano que vem.

"É uma espécie de duelo, um impasse", disse a fonte. "Eles estão insistindo que o presidente deve terminar seu mandato".

A tomada de poder do Exército evidenciou em menos de 36 horas o colapso das redes de segurança e inteligência que sustentaram Mugabe no poder durante 37 anos e fizeram dele o "Grande Ancião" da política africana.

Um padre que está atuando como intermediário entre Mugabe e os generais, que tomaram o poder na quarta-feira por meio de uma operação visando "criminosos" próximos do presidente, fez pouco progresso, afirmou uma fonte política à Reuters.

O líder opositor Morgan Tsvangirai pediu a saída de Mugabe "no interesse do povo". Em um comunicado lido aos repórteres, Tsvangirai se referiu a ele com contundência como "senhor Robert Mugabe", não presidente.

Mugabe, dois ministros do gabinete e o chefe dos militares se encontraram com enviados sul-africanos nesta quinta-feira em seu escritório, informou o jornal estatal Herald.

O Exército parece querer que Mugabe, que comanda o Zimbábue desde sua independência em 1980, se retire sem alarde e permita uma transição suave e pacífica para Emmerson Mnangagwa, o vice-presidente que Mugabe demitiu na semana passada, desencadeando a crise política.

O principal objetivo dos militares é impedir que Mugabe entregue o poder à esposa Grace, 41 anos mais nova que ele, que conquistou seguidores na ala jovem do partido governista e emergiu na crista do poder quando Mnangagwa foi afastado.

Último dos fundadores de um Estado africano no auge da luta contra a colonização europeia ainda no poder, Mugabe ainda é visto por muitos africanos como um herói da libertação, mas é repudiado no Ocidente, que o vê como um déspota cujo manejo desastroso da economia e disposição para recorrer à violência para se manter no comando empobreceram um dos Estados mais promissores da África.

Após uma recuperação breve durante o governo de coalizão de 2009-13, quando Mugabe foi obrigado a trabalhar com a oposição, a economia voltou a desmoronar - o dólar ficou escasso, a inflação disparou, as importações recuaram e os bancos passaram a ter longas filas.

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