MSF deixa cidade do Afeganistão após bombardeio a hospital
A Médicos Sem Fronteiras anunciou a retirada de todo seu pessoal de Kunduz, um dia depois que um bombardeio, supostamente americano, matou 19 pessoas
Da Redação
Publicado em 4 de outubro de 2015 às 12h22.
A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) anunciou neste domingo a retirada de todo seu pessoal de Kunduz, um dia depois que um bombardeio, supostamente americano, matou 19 pessoas no hospital que a ONG gerenciava na cidade afegã.
O fechamento deste centro terá graves consequências para a população civil, encurralada pelos combates entre o exército afegão e os rebeldes talibãs para assumir o controle da cidade.
"O hospital da MSF já não pode continuar funcionando. Os pacientes em estado crítico foram transferidos para outros estabelecimentos. Nenhum funcionário da MSF está mais no hospital", informou Kate Stegeman, porta-voz da organização no Afeganistão .
"Neste momento, não sei dizer se o centro de traumatologia de Kunduz voltará a abrir", enfatizou.
Na véspera, o presidente Barack Obama prometeu uma investigação exaustiva sobre o bombardeio contra o da MSF.
Obama apresentou suas "profundas condolências" depois do ataque no sábado, em que morreram 12 empregados da MSF e sete pacientes, entre eles três crianças, mas afirmou que vai esperar pelos resultados da investigação antes de emitir um juízo definitivo sobre as circunstâncias da tragédia.
O ataque deixou o prédio em chamas e dezenas de pessoas gravemente feridas. Fotografias publicadas pela MSF mostram funcionários da ONG em estado de choque.
Segundo a MSF, o bombardeio prosseguiu por mais de 30 minutos depois que a ONG avisou aos exércitos americano e afegão que estava sendo atingida por projéteis.
No momento do bombardeio, 105 pacientes e pessoal sanitário e mais de 80 funcionários internacionais e locais se encontravam no hospital.
O alto comissário para os Direitos Humanos das Nações Unidas, Zeid Ra'ad Al Hussein, pediu uma investigação completa e transparente dos fatos, e assinalou que, diante de uma corte de Justiça, "o bombardeio a um hospital pode ser considerado crime de guerra".
“Este fato é totalmente trágico, indesculpável e, inclusive, criminoso”, acrescentou Zeid em um comunicado.
O secretário de Defesa americano, Ashton Carter, afirmou que foi aberta uma "investigação exaustiva" do bombardeio, mas não informou se o ataque foi realizado pelas forças americanas.
Carter assinalou que "as forças americanas, em apoio às forças de segurança afegãs, operam perto do local, assim como os talibãs".
O Ministério da Defesa afegão, por sua vez, lamentou o ataque, mas informou que "um grupo de terroristas armados vinha usando o prédio do hospital como posição para atingir forças afegãs e civis".
"As forças americanas realizavam um ataque aéreo em Kunduz contra pessoas pessoas que ameaçavam as forças da coalizão, o que pode ter provocado danos colaterais em um centro médico nas proximidades do alvo", declarou à AFP o coronel Brian Tribus, porta-voz da missão da Otan no Afeganistão.
O centro de traumatologia da MSF em Kunduz era a única instalação médica na região que pode tratar lesões graves.
Kunduz está mergulhada numa crise humanitária, com milhares de civis encurralados pelo fogo cruzados das duas forças, as tropas do governo e os rebeldes talibãs.
No momento, não se conhece com exatidão o número de vítimas dos combates travados naquela localidade, mas autoridades disseram ontem que ao menos 60 pessoas morreram e 400 ficaram feridas.
Os ataques aéreos da Otan suscitam controvérsias pelos "danos colaterais" que provocam, mas acabam sendo uma ajuda fundamental para o exército afegão em sua contra-ofensiva.
Em um comunicado, os talibãs acusaram "as forças americanas bárbaras" de terem realizado o ataque contra o hospital "de forma deliberada, matando e ferindo dezenas de médicos, enfermeiras e pacientes".
Desde que foram expulsos do poder, em 2001, por uma coalizão liderada pelos Estados Unidos, os talibãs concentram seus ataques em seus redutos do sul.
Mas no últimos meses, reforçaram suas posições na zona de Kunduz, uma cidade estratégica na rota para o Tadjiquistão.
O Exército assegurou ter recuperado o controle de Kunduz, o que está longe de significar uma vitória a longo prazo de Cabul contra os talibãs.
Durante três dias de ocupação, muitos moradores fugiram, e a possibilidade de retorno ao regime fundamentalista dos talibãs (1996-2001) assustou especialmente as mulheres.
A breve tomada de Kunduz, de 300 mil habitantes, constituiu o primeiro grande êxito do novo líder dos talibãs, o mulá Akhtar Mansur, nomeado após o anúncio, em julho, da morte de seu antecessor, o mulá Omar. A designação provocou divisões internas no grupo.
Texto atualizado às 12h22
A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) anunciou neste domingo a retirada de todo seu pessoal de Kunduz, um dia depois que um bombardeio, supostamente americano, matou 19 pessoas no hospital que a ONG gerenciava na cidade afegã.
O fechamento deste centro terá graves consequências para a população civil, encurralada pelos combates entre o exército afegão e os rebeldes talibãs para assumir o controle da cidade.
"O hospital da MSF já não pode continuar funcionando. Os pacientes em estado crítico foram transferidos para outros estabelecimentos. Nenhum funcionário da MSF está mais no hospital", informou Kate Stegeman, porta-voz da organização no Afeganistão .
"Neste momento, não sei dizer se o centro de traumatologia de Kunduz voltará a abrir", enfatizou.
Na véspera, o presidente Barack Obama prometeu uma investigação exaustiva sobre o bombardeio contra o da MSF.
Obama apresentou suas "profundas condolências" depois do ataque no sábado, em que morreram 12 empregados da MSF e sete pacientes, entre eles três crianças, mas afirmou que vai esperar pelos resultados da investigação antes de emitir um juízo definitivo sobre as circunstâncias da tragédia.
O ataque deixou o prédio em chamas e dezenas de pessoas gravemente feridas. Fotografias publicadas pela MSF mostram funcionários da ONG em estado de choque.
Segundo a MSF, o bombardeio prosseguiu por mais de 30 minutos depois que a ONG avisou aos exércitos americano e afegão que estava sendo atingida por projéteis.
No momento do bombardeio, 105 pacientes e pessoal sanitário e mais de 80 funcionários internacionais e locais se encontravam no hospital.
O alto comissário para os Direitos Humanos das Nações Unidas, Zeid Ra'ad Al Hussein, pediu uma investigação completa e transparente dos fatos, e assinalou que, diante de uma corte de Justiça, "o bombardeio a um hospital pode ser considerado crime de guerra".
“Este fato é totalmente trágico, indesculpável e, inclusive, criminoso”, acrescentou Zeid em um comunicado.
O secretário de Defesa americano, Ashton Carter, afirmou que foi aberta uma "investigação exaustiva" do bombardeio, mas não informou se o ataque foi realizado pelas forças americanas.
Carter assinalou que "as forças americanas, em apoio às forças de segurança afegãs, operam perto do local, assim como os talibãs".
O Ministério da Defesa afegão, por sua vez, lamentou o ataque, mas informou que "um grupo de terroristas armados vinha usando o prédio do hospital como posição para atingir forças afegãs e civis".
"As forças americanas realizavam um ataque aéreo em Kunduz contra pessoas pessoas que ameaçavam as forças da coalizão, o que pode ter provocado danos colaterais em um centro médico nas proximidades do alvo", declarou à AFP o coronel Brian Tribus, porta-voz da missão da Otan no Afeganistão.
O centro de traumatologia da MSF em Kunduz era a única instalação médica na região que pode tratar lesões graves.
Kunduz está mergulhada numa crise humanitária, com milhares de civis encurralados pelo fogo cruzados das duas forças, as tropas do governo e os rebeldes talibãs.
No momento, não se conhece com exatidão o número de vítimas dos combates travados naquela localidade, mas autoridades disseram ontem que ao menos 60 pessoas morreram e 400 ficaram feridas.
Os ataques aéreos da Otan suscitam controvérsias pelos "danos colaterais" que provocam, mas acabam sendo uma ajuda fundamental para o exército afegão em sua contra-ofensiva.
Em um comunicado, os talibãs acusaram "as forças americanas bárbaras" de terem realizado o ataque contra o hospital "de forma deliberada, matando e ferindo dezenas de médicos, enfermeiras e pacientes".
Desde que foram expulsos do poder, em 2001, por uma coalizão liderada pelos Estados Unidos, os talibãs concentram seus ataques em seus redutos do sul.
Mas no últimos meses, reforçaram suas posições na zona de Kunduz, uma cidade estratégica na rota para o Tadjiquistão.
O Exército assegurou ter recuperado o controle de Kunduz, o que está longe de significar uma vitória a longo prazo de Cabul contra os talibãs.
Durante três dias de ocupação, muitos moradores fugiram, e a possibilidade de retorno ao regime fundamentalista dos talibãs (1996-2001) assustou especialmente as mulheres.
A breve tomada de Kunduz, de 300 mil habitantes, constituiu o primeiro grande êxito do novo líder dos talibãs, o mulá Akhtar Mansur, nomeado após o anúncio, em julho, da morte de seu antecessor, o mulá Omar. A designação provocou divisões internas no grupo.
Texto atualizado às 12h22