Morales dispara contra imprensa após críticas por repressão
No domingo passado, a polícia dispersou com violência o acampamento da marcha indígena em Yucumo
Da Redação
Publicado em 28 de setembro de 2011 às 09h53.
La Paz - O presidente boliviano , Evo Morales, chamou a imprensa de "maior oposição" na noite desta terça-feira, no discurso de posse dos novos ministros do Interior e da Defesa, em meio à tempestade provocada pela repressão policial a indígenas que protestavam contra o traçado de uma estrada.
"Na noite passada, alguns meios informavam nove mortos, outros falavam em massacre, em uma criança morta. Quero perguntar a estes meios: Onde está o menino morto? Onde foi velado? Como chamam seus pais?"
"Alguns meios servem apenas para mentir, mentir e mentir", mas o povo sabe "quem diz a verdade e quem mente".
"Já disse isto e não tenho medo de repetir: a maior oposição a Evo Morales são os meios de comunicação, mas vamos lutar esta batalha, da verdade contra a falsidade".
Morales empossou esta noite os novos ministros do Interior e da Defesa, Wilfredo Chávez e Rubén Saavedra, após a renúncia de Sacha Llorenti e de Cecilia Chacón.
Llorenti e Chacón abandonaram os ministérios em meio às acusações de extrema violência na repressão da marcha indígena para protestar contra a estrada sobre uma reserva ambiental na amazônia boliviana.
"Vou me defender das acusações. Faço pública a decisão de renunciar para evitar qualquer tipo de instrumentalização" política do incidente, disse Llorenti. "Não abandono o barco porque está afundando, pelo contrário, dou um passo com o humilde objetivo de que o barco do processo revolucionário avance com maior rapidez".
Llorenti havia responsabilizado o vice-ministro do Interior, Marcos Farfán, por decidir e dirigir a operação policial contra a marcha indígena.
Na segunda-feira, Chacón pediu demissão para repudiar a ação "injustificável" da polícia contra os indígenas, quando "existem outras alternativas".
No domingo passado, a polícia dispersou com violência o acampamento da marcha indígena em Yucumo, onde os manifestantes foram retirados de suas barracas e forçados a embarcar em ônibus.
Diante da onda de indignação pela repressão ao protesto, Evo Morales suspendeu o projeto de construção da estrada que cortaria o Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure", até que "todas as partes sejam ouvidas".
Morales também propôs a criação de "uma comissão de alto nível, com organismos internacionais e o defensor do Povo, para que haja uma profunda investigação sobre os fatos" envolvendo a repressão.
A violência policial contra os manifestantes, que não poupou mulheres e crianças, provocou protestos inflamados nas ruas de La Paz, Cochabamba e Santa Cruz, além de uma greve cívica na região de Beni.
A estrada em questão é parte da rodovia que unirá os oceanos Pacífico e Atlântico e promoverá o comércio na América do Sul. O projeto é financiado pelo Brasil, com custo total de 415 milhões de dólares.
La Paz - O presidente boliviano , Evo Morales, chamou a imprensa de "maior oposição" na noite desta terça-feira, no discurso de posse dos novos ministros do Interior e da Defesa, em meio à tempestade provocada pela repressão policial a indígenas que protestavam contra o traçado de uma estrada.
"Na noite passada, alguns meios informavam nove mortos, outros falavam em massacre, em uma criança morta. Quero perguntar a estes meios: Onde está o menino morto? Onde foi velado? Como chamam seus pais?"
"Alguns meios servem apenas para mentir, mentir e mentir", mas o povo sabe "quem diz a verdade e quem mente".
"Já disse isto e não tenho medo de repetir: a maior oposição a Evo Morales são os meios de comunicação, mas vamos lutar esta batalha, da verdade contra a falsidade".
Morales empossou esta noite os novos ministros do Interior e da Defesa, Wilfredo Chávez e Rubén Saavedra, após a renúncia de Sacha Llorenti e de Cecilia Chacón.
Llorenti e Chacón abandonaram os ministérios em meio às acusações de extrema violência na repressão da marcha indígena para protestar contra a estrada sobre uma reserva ambiental na amazônia boliviana.
"Vou me defender das acusações. Faço pública a decisão de renunciar para evitar qualquer tipo de instrumentalização" política do incidente, disse Llorenti. "Não abandono o barco porque está afundando, pelo contrário, dou um passo com o humilde objetivo de que o barco do processo revolucionário avance com maior rapidez".
Llorenti havia responsabilizado o vice-ministro do Interior, Marcos Farfán, por decidir e dirigir a operação policial contra a marcha indígena.
Na segunda-feira, Chacón pediu demissão para repudiar a ação "injustificável" da polícia contra os indígenas, quando "existem outras alternativas".
No domingo passado, a polícia dispersou com violência o acampamento da marcha indígena em Yucumo, onde os manifestantes foram retirados de suas barracas e forçados a embarcar em ônibus.
Diante da onda de indignação pela repressão ao protesto, Evo Morales suspendeu o projeto de construção da estrada que cortaria o Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure", até que "todas as partes sejam ouvidas".
Morales também propôs a criação de "uma comissão de alto nível, com organismos internacionais e o defensor do Povo, para que haja uma profunda investigação sobre os fatos" envolvendo a repressão.
A violência policial contra os manifestantes, que não poupou mulheres e crianças, provocou protestos inflamados nas ruas de La Paz, Cochabamba e Santa Cruz, além de uma greve cívica na região de Beni.
A estrada em questão é parte da rodovia que unirá os oceanos Pacífico e Atlântico e promoverá o comércio na América do Sul. O projeto é financiado pelo Brasil, com custo total de 415 milhões de dólares.