Ministra de Hong Kong diz que "não tem opinião" sobre casos de tortura
"Prefiro segurar minha opinião até ter a oportunidade de coletar e analisar qualquer informação que possa ter", disse ela
Reuters
Publicado em 20 de novembro de 2019 às 13h08.
Londres -- A secretária de Justiça de Hong Kong disse nesta quarta-feira (20), que não tem opinião sobre uma acusação de tortura feita contra a China por um cidadão de Hong Kong que trabalhou no consulado do Reino Unido na cidade.
Simon Cheng, que trabalhou para o governo do Reino Unido por quase dois anos, disse que a polícia secreta da China o espancou, o privou do sono e o prendeu na tentativa de forçá-lo a fornecer informações sobre ativistas que lideram protestos pró-democracia.
A secretária de Justiça, Teresa Cheng, em entrevista a repórteres na embaixada chinesa em Londres, disse que ele deveria relatar o assunto às autoridades chinesas relevantes.
"Muitas coisas são frequentemente relatadas e, às vezes, é extremamente importante reunir todos os fatos antes que qualquer ponto de vista seja formado", disse Cheng, que não é parente de Simon Cheng, quando questionada se ficou alarmada com o relato de tortura.
"Portanto, prefiro segurar minha opinião até ter a oportunidade de coletar e analisar qualquer informação que possa ter", acrescentou.
A secretária de Justiça, que sofreu uma lesão no pulso em Londres na semana passada quando foi empurrada por pessoas que protestavam contra o governo de Hong Kong, estabeleceu um paralelo entre o incidente e os supostos maus-tratos de Simon Cheng.
"Denunciei meu incidente à polícia e o encorajaria a fazer o mesmo com as autoridades relevantes do continente", disse ela, depois de relatar os detalhes médicos de sua lesão no pulso.
"Geralmente há uma via pela qual essas questões podem ser divulgadas", disse ela quando questionada sobre como Cheng poderia reclamar às autoridades chinesas por tortura supostamente realizada pelas próprias autoridades chinesas.
Em uma descrição de 8.000 palavras de suas experiências, Simon Cheng relatou repetidos abusos físicos, ameaças e questionamentos sobre a suposta intromissão do Reino Unido nos protestos. O secretário de Relações Exteriores do Reino Unido disse que o tratamento representava tortura e convocou o embaixador chinês para discutir o caso.