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Ministra da Argentina disse que receberia quem tem fome; fila chegou a 30 quarteirões

Nesta quinta, um grupo de pessoas se aproximou do Ministério do Capital Humano para denunciar a redução da assistência alimentar aos restaurantes comunitários

Manifestantes fazem fila para serem recebidos pela ministra do Capital Humano da Argentina, Sandra Pettovello, durante um protesto chamado 'Fila da Fome', em Buenos Aires (AFP Photo)

Manifestantes fazem fila para serem recebidos pela ministra do Capital Humano da Argentina, Sandra Pettovello, durante um protesto chamado 'Fila da Fome', em Buenos Aires (AFP Photo)

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Agência de notícias

Publicado em 5 de fevereiro de 2024 às 20h15.

Última atualização em 5 de fevereiro de 2024 às 20h41.

Centenas de pessoas fizeram cerca de 30 quarteirões de fila nesta segunda-feira, 5, em Buenos Aires, depois que uma ministra argentina disse na semana passada que receberia "um por um os que têm fome" para tentar aliviar um protesto.

Na quinta-feira, enquanto os deputados argentinos negociavam um pacote de reformas do presidente ultraliberal Javier Milei, e em um contexto de inflação de 211% com mais de 45% de pobreza, um grupo de pessoas se aproximou do Ministério do Capital Humano para denunciar a redução da assistência alimentar aos restaurantes comunitários.

A ministra Sandra Pettovello saiu para conversar com os manifestantes e lhes disse: "É assim que vou fazer. Vocês estão com fome? Venham um por um, vou anotar seu número de identificação, seu nome, de onde vocês são e vocês receberão ajuda individualmente".

Em resposta, convocadas por organizações sociais, centenas de pessoas participaram da chamada "fila contra a fome", nesta segunda, que ocorreu em paz nas calçadas.

As pessoas levavam cartazes como "com a fome do povo não se negocia" e "temos fome" e alguns aguardavam que lhes dessem de comer, o que não ocorreu.

"Bom, o povo tem fome, estamos aqui", disse Carmen Morán, que dirige um restaurante comunitário.

"Vamos ver se a ministra se compadece de nós, dos necessitados, dos de baixo, para que a ajuda chegue às cantinas e aos restaurantes", disse à AFP.

O porta-voz da Presidência, Manuel Adorni, disse em entrevista coletiva que a ministra não ia recebê-los, porque não os havia convocado. "Não foi a intenção da ministra que a população passe mal debaixo do sol com essas temperaturas", acrescentou.

"Não queremos mais intermediários, não queremos mais negócios com os pobres", prosseguiu.

Os organizadores de restaurantes populares reclamam que não recebem ajuda suficiente de parte do governo para atender a demanda. "Há milhares de famílias, e o governo tem de entender isso", disse Alejando Gramajo, secretário-geral da União e Trabalhadores e Trabalhadoras da Economia Popular (Utep) e um dos organizadores da iniciativa.

O episódio rendeu a Pettovello uma denúncia criminal de Juan Grabois, líder do Movimento dos Trabalhadores Excluídos (MTE), "por não ter ordenado a entrega de alimentos a cantinas de bairros e comunidades em toda a Argentina, violando assim as normas que garantem a alimentação daqueles que estão sofrendo com a extrema pobreza".

Na segunda-feira, Pettovello assinou junto ao Ministério da Infância, Adolescência e Família um convênio de assistência alimentar com a Aliança Cristã de Igrejas Evangélicas da Argentina (Aciera) por um valor de 177,5 milhões de pesos (US$ 210.100 no câmbio oficial ou R$ 1,05 milhão).

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