Ministério do Esporte dobra repasse em ano eleitoral
No ano passado, quase R$ 70 milhões do programa Segundo Tempo foram parar nos caixas de entidades e ONGs, enquanto em 2009 este montante foi de R$ 34 milhões
Da Redação
Publicado em 25 de fevereiro de 2011 às 12h30.
Brasília - O Ministério do Esporte dobrou o montante de recursos do programa Segundo Tempo repassado a entidades e organizações não governamentais em 2010, ano de eleições. Reportagens do jornal O Estado de S. Paulo publicadas desde domingo têm mostrado a destinação de recursos do programa para entidades vinculadas ao PC do B, partido do ministro Orlando Silva, e irregularidades na sua aplicação.
Levantamento feito pela assessoria técnica do DEM no Sistema de Administração Financeira (Siafi), a pedido do jornal, mostra que no ano passado R$ 69,4 milhões do Segundo Tempo foram parar nos caixas de entidades, enquanto em 2009 este montante foi de R$ 34 milhões. O número de entidades beneficiadas também cresceu, subindo de 25 para 42 no ano das eleições presidencial e nos Estados.
A prática de aumentar recursos para ONGs em período eleitoral não ocorreu apenas no ano passado. Em 2008, ano em que foram eleitos prefeitos em todo o País, o ministério repassou via Segundo Tempo R$ 53,2 milhões, R$ 16 milhões a mais do que o aplicado em 2007.
Resposta
O Ministério do Esporte negou ontem que a destinação de recursos para entidades pelo Programa Segundo Tempo tenha relação com as eleições. “O Ministério do Esporte não pauta sua execução financeira pelo calendário eleitoral”, diz resposta enviada ao jornal O Estado de S. Paulo.
A pasta não contestou, porém, o fato de que em 2010 o montante pago a ONGs e entidades foi o dobro do aplicado no ano anterior. Mas questionou os dados relativos aos anos de 2008 e 2007. Segundo o ministério, os repasses para entidades em 2007 foram superiores ao de 2008.
Em nota divulgada no início da semana, o ministério minimizou o repasse a entidades dizendo que só cerca de 15% dos convênios são firmados com organizações não governamentais. O levantamento no Siafi, porém, mostra que, em 2010, cerca de 30% dos recursos foram aplicados desta forma. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.