Milícia xiita e presidente fecham acordo no Iêmen
O presidente do Iêmen e os milicianos xiita concluíram um acordo para encerrar a crise que se instalou no país
Da Redação
Publicado em 21 de janeiro de 2015 às 19h23.
Sana - O presidente do Iêmen , Abd Rabbo Mansour Hadi, e os milicianos xiitas, que ocuparam seu palácio, concluíram, na noite desta quarta-feira (hora local) um acordo para encerrar a crise que se instalou no país, após vários dias de violência na capital, Sanaa, noticiou a agência Saba.
Segundo o acordo, os milicianos vão deixar o palácio presidencial e liberar o chefe de gabinete de Hadi, sequestrado no sábado. Em troca, o projeto de Constituição, ao qual se opõem, poderá sofrer emendas, acrescentou a agência.
Em Washington, o secretário de Estado americano, John Kerry, disse a jornalistas que o governo iemenita vai "aceitar, se não todas, a maioria das objeções que os huthis tinham" a fim de encerrar a crise, após vários dias de violência na capital que deixaram pelo menos 35 mortos e 94 feridos.
"Os huthis rejeitaram de forma violência a negativa do governo de Abd Rabo Mansur Hadi em aceitar todas as suas demandas relativas ao acordo de paz e cooperação e sua posta em prática", disse Kerry após conversar com Federica Mogherini, chefe política externa da União Europeia.
Isto levou à violência e "algumas das instituições foram afetadas e estão em problemas", acrescentou Kerry.
O chefe da diplomacia americana destacou que a poderosa milícia rebelde declarou que Abd Rabo Mansur Hadi ainda é presidente e que os funcionários americanos estavam esperando para celebrar outra reunião com o cercado líder iemenita.
Isto poderia "determinar, de sua perspectiva, qual é a atual situação (no Iêmen)", explicou Kerry, após ser consultado sobre a confusa sucessão de eventos na capital iemenita, onde a milícia enfrentou as forças do governo esta semana.
"A situação estava calma no Iêmen há algum tempo. Nosso pessoal está bem protegido", acrescentou.
Kerry disse, ainda, que irá à Casa Branca para discutir a crise que afetou o aliado americano, uma peça-chave no combate de Washington contra a Al-Qaeda.
Crise no Iêmen afeta aliado americano
Nos últimos dias, o agravamento da situação no país africano, aliado dos Estados Unidos na luta contra a Al-Qaeda, preocupava cada vez mais a comunidade internacional.
Em Washington, um alto funcionário do governo tinha dito mais cedo à AFP que os Estados Unidos estão acompanhando de perto a crise no país africano.
O presidente, Barack Obama, "está sendo informado (sobre a rebelião) por sua equipe de segurança", afirmou o funcionário.
"Condenamos energicamente a violência e aqueles que a usam em um esforço de impedir a transição política no Iêmen", prosseguiu, pedindo para ter sua identidade preservada.
"Continuaremos apoiando todos os esforços para se chegar a uma solução pacífica", acrescentou.
Nesta quarta, autoridades do Pentágono também anunciaram que o exército americano estava pronto para retirar o pessoal da embaixada dos Estados Unidos, caso necessário, mas por enquanto nenhuma decisão tinha sido tomada neste sentido.
Os combates pararam nesta quarta-feira na capital do Iêmen, Sanaa, onde o "golpe" dos milicianos xiitas enfraqueceu consideravelmente o presidente que, no entanto, recebeu o apoio do sul do país e das monarquias do Golfo.
Os huthis entraram na terça-feira no complexo presidencial e cercaram a residência do premiê.
Condenação internacional
Após o Conselho de Segurança das Nações Unidas fazê-lo na terça-feira, os países árabes do Golfo, vizinhos do Iêmen, acusaram nesta quarta a milícia xiita Ansaruallah de dar "um golpe contra o poder legítimo" com a tomada do palácio presidencial.
Os países do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) expressaram seu apoio ao presidente Abd Rabbo Mansur Hadi, no cargo há três anos, desde a a saída, sob pressão popular, do antecessor Ali Abdallah Saleh.
Apesar do novo revés, Hadi se disse disposto a reunir todas as forças políticas, inclusive a milícia Ansaruallah, para encontrar uma saída pacífica para a crise. Esta reunião deve acontecer após a chegada em Sanaa do emissário da ONU para o Iêmen, Jamal Benomar, segundo uma fonte presidencial.
Aeroporto e porto fechados no sul
Em apoio ao presidente, as autoridades no sul do país fecharam nesta quarta-feira o aeroporto internacional e o porto de Áden, depois da tomada pelas milícias xiitas do palácio presidencial.
O Comitê de Segurança da província de Áden, leal ao presidente, anunciou o fechamento do aeroporto e do porto em protesto contra "o ataque ao símbolo da soberania nacional e da legalidade constitucional que é o presidente".
Em Sanaa, a situação parecia calma nesta quarta, após os confrontos violentos entre os milicianos xiitas, conhecidos como huthis, e a guarda presidencial, segunda e terça-feiras.
O líder miliciano Abdel Malek al-Huthi criticou em um discurso televisionado as autoridades e ameaçou o presidente Hadi, que estava em sua residência a oeste de Sanaa, de acordo com um de seus assessores.
"Todas as opções estão abertas", declarou o líder xiita, segurando uma faca sobre o ombro. "Ninguém, seja ele presidente ou não, pode escapar das nossas medidas caso conspire contra nós", insistiu.
Huthi disse que seu movimento estava disposto a enfrentar "qualquer ação" adotada pelo Conselho de Segurança da ONU.
Por sua vez, o primeiro-ministro, Khaled Bahah, deixou sua residência no centro de Sanaa depois de permanecer cercado por dois dias.
Bahah pôde deixar em um veículo sua residência para um destino seguro após uma saída negociada com os milicianos, segundo o porta-voz do governo, Rajeh Badi.
Os milicianos huthis se apoderaram de grandes quantidades de armas que estavam no palácio presidencial, tomado na terça-feira após dois dias de combates com a guarda presidencial, que deixaram 18 mortos.
Em seu discurso, Abdel Malek al-Huthi acusou o presidente de amparar a "corrupção" vigente no país.
Este ressurgimento da violência no Iêmen, a crise mais grave nos últimos quatro meses, foi deflagrado pela rejeição dos huthis ao projeto de Constituição que divide o país em seis regiões e os priva do acesso ao mar.
A milícia Ansaruallah, que tenta há meses ampliar sua influência no Iêmen, assumiu o controle de grande parte de Sanaa a partir de setembro passado.
No entanto, oficiais militares leais ao presidente do Iêmen acusam o ex-presidente Ali Abdullah Saleh de apoiar ativamente as milícias huthis desde que entraram na capital.
Saleh foi deposto em uma revolta popular em 2011, mas mantém uma influência considerável e relações no exército e nas tribos.
O Iêmen, um país que faz fronteira com a Arábia Saudita, é estratégico no trânsito do petróleo que é exportado do Golfo e sofre há meses uma onda de violência, o que aumenta os temores de se tornar um Estado falido.
Sana - O presidente do Iêmen , Abd Rabbo Mansour Hadi, e os milicianos xiitas, que ocuparam seu palácio, concluíram, na noite desta quarta-feira (hora local) um acordo para encerrar a crise que se instalou no país, após vários dias de violência na capital, Sanaa, noticiou a agência Saba.
Segundo o acordo, os milicianos vão deixar o palácio presidencial e liberar o chefe de gabinete de Hadi, sequestrado no sábado. Em troca, o projeto de Constituição, ao qual se opõem, poderá sofrer emendas, acrescentou a agência.
Em Washington, o secretário de Estado americano, John Kerry, disse a jornalistas que o governo iemenita vai "aceitar, se não todas, a maioria das objeções que os huthis tinham" a fim de encerrar a crise, após vários dias de violência na capital que deixaram pelo menos 35 mortos e 94 feridos.
"Os huthis rejeitaram de forma violência a negativa do governo de Abd Rabo Mansur Hadi em aceitar todas as suas demandas relativas ao acordo de paz e cooperação e sua posta em prática", disse Kerry após conversar com Federica Mogherini, chefe política externa da União Europeia.
Isto levou à violência e "algumas das instituições foram afetadas e estão em problemas", acrescentou Kerry.
O chefe da diplomacia americana destacou que a poderosa milícia rebelde declarou que Abd Rabo Mansur Hadi ainda é presidente e que os funcionários americanos estavam esperando para celebrar outra reunião com o cercado líder iemenita.
Isto poderia "determinar, de sua perspectiva, qual é a atual situação (no Iêmen)", explicou Kerry, após ser consultado sobre a confusa sucessão de eventos na capital iemenita, onde a milícia enfrentou as forças do governo esta semana.
"A situação estava calma no Iêmen há algum tempo. Nosso pessoal está bem protegido", acrescentou.
Kerry disse, ainda, que irá à Casa Branca para discutir a crise que afetou o aliado americano, uma peça-chave no combate de Washington contra a Al-Qaeda.
Crise no Iêmen afeta aliado americano
Nos últimos dias, o agravamento da situação no país africano, aliado dos Estados Unidos na luta contra a Al-Qaeda, preocupava cada vez mais a comunidade internacional.
Em Washington, um alto funcionário do governo tinha dito mais cedo à AFP que os Estados Unidos estão acompanhando de perto a crise no país africano.
O presidente, Barack Obama, "está sendo informado (sobre a rebelião) por sua equipe de segurança", afirmou o funcionário.
"Condenamos energicamente a violência e aqueles que a usam em um esforço de impedir a transição política no Iêmen", prosseguiu, pedindo para ter sua identidade preservada.
"Continuaremos apoiando todos os esforços para se chegar a uma solução pacífica", acrescentou.
Nesta quarta, autoridades do Pentágono também anunciaram que o exército americano estava pronto para retirar o pessoal da embaixada dos Estados Unidos, caso necessário, mas por enquanto nenhuma decisão tinha sido tomada neste sentido.
Os combates pararam nesta quarta-feira na capital do Iêmen, Sanaa, onde o "golpe" dos milicianos xiitas enfraqueceu consideravelmente o presidente que, no entanto, recebeu o apoio do sul do país e das monarquias do Golfo.
Os huthis entraram na terça-feira no complexo presidencial e cercaram a residência do premiê.
Condenação internacional
Após o Conselho de Segurança das Nações Unidas fazê-lo na terça-feira, os países árabes do Golfo, vizinhos do Iêmen, acusaram nesta quarta a milícia xiita Ansaruallah de dar "um golpe contra o poder legítimo" com a tomada do palácio presidencial.
Os países do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) expressaram seu apoio ao presidente Abd Rabbo Mansur Hadi, no cargo há três anos, desde a a saída, sob pressão popular, do antecessor Ali Abdallah Saleh.
Apesar do novo revés, Hadi se disse disposto a reunir todas as forças políticas, inclusive a milícia Ansaruallah, para encontrar uma saída pacífica para a crise. Esta reunião deve acontecer após a chegada em Sanaa do emissário da ONU para o Iêmen, Jamal Benomar, segundo uma fonte presidencial.
Aeroporto e porto fechados no sul
Em apoio ao presidente, as autoridades no sul do país fecharam nesta quarta-feira o aeroporto internacional e o porto de Áden, depois da tomada pelas milícias xiitas do palácio presidencial.
O Comitê de Segurança da província de Áden, leal ao presidente, anunciou o fechamento do aeroporto e do porto em protesto contra "o ataque ao símbolo da soberania nacional e da legalidade constitucional que é o presidente".
Em Sanaa, a situação parecia calma nesta quarta, após os confrontos violentos entre os milicianos xiitas, conhecidos como huthis, e a guarda presidencial, segunda e terça-feiras.
O líder miliciano Abdel Malek al-Huthi criticou em um discurso televisionado as autoridades e ameaçou o presidente Hadi, que estava em sua residência a oeste de Sanaa, de acordo com um de seus assessores.
"Todas as opções estão abertas", declarou o líder xiita, segurando uma faca sobre o ombro. "Ninguém, seja ele presidente ou não, pode escapar das nossas medidas caso conspire contra nós", insistiu.
Huthi disse que seu movimento estava disposto a enfrentar "qualquer ação" adotada pelo Conselho de Segurança da ONU.
Por sua vez, o primeiro-ministro, Khaled Bahah, deixou sua residência no centro de Sanaa depois de permanecer cercado por dois dias.
Bahah pôde deixar em um veículo sua residência para um destino seguro após uma saída negociada com os milicianos, segundo o porta-voz do governo, Rajeh Badi.
Os milicianos huthis se apoderaram de grandes quantidades de armas que estavam no palácio presidencial, tomado na terça-feira após dois dias de combates com a guarda presidencial, que deixaram 18 mortos.
Em seu discurso, Abdel Malek al-Huthi acusou o presidente de amparar a "corrupção" vigente no país.
Este ressurgimento da violência no Iêmen, a crise mais grave nos últimos quatro meses, foi deflagrado pela rejeição dos huthis ao projeto de Constituição que divide o país em seis regiões e os priva do acesso ao mar.
A milícia Ansaruallah, que tenta há meses ampliar sua influência no Iêmen, assumiu o controle de grande parte de Sanaa a partir de setembro passado.
No entanto, oficiais militares leais ao presidente do Iêmen acusam o ex-presidente Ali Abdullah Saleh de apoiar ativamente as milícias huthis desde que entraram na capital.
Saleh foi deposto em uma revolta popular em 2011, mas mantém uma influência considerável e relações no exército e nas tribos.
O Iêmen, um país que faz fronteira com a Arábia Saudita, é estratégico no trânsito do petróleo que é exportado do Golfo e sofre há meses uma onda de violência, o que aumenta os temores de se tornar um Estado falido.