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Gorbachev lança livro e afirma que Putin acredita ser Deus

Ex-dirigente criticou que o líder russo tenha utilizado "métodos autoritários" durante sua gestão, mas reconheceu que fez isso "em interesse da maioria"

Mikhail Gorbachev: Putin "sofre do mesmo que eu sofri então, de excessiva segurança em si mesmo" (Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 20 de novembro de 2014 às 18h10.

Moscou - O último dirigente da União Soviética, Mikhail Gorbachev, comentou nesta quinta-feira, ao apresentar seu livro "Depois do Kremlin", que o atual presidente da Rússia , Vladimir Putin , acredita ser Deus.

Putin "sofre do mesmo que eu sofri então, de excessiva segurança em si mesmo. Ele é Deus. Ou, em qualquer caso, o braço-direito de Deus", disse Gorbachev durante o lançamento realizado em uma livraria de Moscou.

Gorbachev lembrou que, nos primeiros tempos da reforma conhecida como Perestroika, "parecia que tínhamos pegado Deus pela barba", segundo informou a imprensa local.

"Vejo no comportamento de Putin erros que eu cometi durante a Perestroika. Não sejam nunca presunçosos. A presunção me prejudicou", confessou o homem que esteve à frente da URSS de 1985 até seu desaparecimento, no final de 1991.

Gorbachev, que em várias ocasiões acusou Putin de monopolizar o poder, criticou que o líder russo tenha utilizado "métodos autoritários" durante sua gestão, mas reconheceu que fez isso "em interesse da maioria".

O ex-líder soviético pedi que Putin, que está há 15 anos no poder, seja como presidente ou como primeiro-ministro, escute as opiniões de outros e ressaltou que "um Estado forte é um Estado democrático".

"Um grande papel na estabilização da situação após (o primeiro presidente russo, Boris) Yeltsin foi exercido por Putin: afinal de contas se tratava de salvar a Rússia da desintegração", disse.

Ao mesmo tempo, Gorbachev descartou um retorno ao passado soviético, já que "as pessoas, especialmente os jovens, nasceram em condições de Glasnost (política de transparência informativa) e ninguém poderá fazê-los retroceder à época que nós vivemos".

O ex-líder soviético também se mostrou disposto a reunir-se com Putin, a quem não encontra há um ano e meio, para contar sobre a reunião que teve com a chanceler alemã, Ángela Merkel, no último dia 10 de novembro, por ocasião do 25º aniversário da queda do Muro de Berlim.

Gorbachev, que defende a anexação russa da Crimeia e critica a política ocidental na Ucrânia, advertiu para o risco de uma nova Guerra Fria devido ao crescente antagonismo entre Rússia e Ocidente.

Quanto à pressão que causou sua saída do poder e o fato de que um setor da sociedade russa lhe acusa de traição por permitir o desaparecimento da URSS em 1991, Gorbachev disse: "Suportei isso e, certamente, tenho intenção de seguir vivendo".

"Quero convidá-los para meu 90º aniversário. Tenho certeza que ele acontecerá", concluiu Gorbachev, de 83 anos, lembrando que "já me enterraram mais de dez vezes".

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Moscou - O último dirigente da União Soviética, Mikhail Gorbachev, comentou nesta quinta-feira, ao apresentar seu livro "Depois do Kremlin", que o atual presidente da Rússia , Vladimir Putin , acredita ser Deus.

Putin "sofre do mesmo que eu sofri então, de excessiva segurança em si mesmo. Ele é Deus. Ou, em qualquer caso, o braço-direito de Deus", disse Gorbachev durante o lançamento realizado em uma livraria de Moscou.

Gorbachev lembrou que, nos primeiros tempos da reforma conhecida como Perestroika, "parecia que tínhamos pegado Deus pela barba", segundo informou a imprensa local.

"Vejo no comportamento de Putin erros que eu cometi durante a Perestroika. Não sejam nunca presunçosos. A presunção me prejudicou", confessou o homem que esteve à frente da URSS de 1985 até seu desaparecimento, no final de 1991.

Gorbachev, que em várias ocasiões acusou Putin de monopolizar o poder, criticou que o líder russo tenha utilizado "métodos autoritários" durante sua gestão, mas reconheceu que fez isso "em interesse da maioria".

O ex-líder soviético pedi que Putin, que está há 15 anos no poder, seja como presidente ou como primeiro-ministro, escute as opiniões de outros e ressaltou que "um Estado forte é um Estado democrático".

"Um grande papel na estabilização da situação após (o primeiro presidente russo, Boris) Yeltsin foi exercido por Putin: afinal de contas se tratava de salvar a Rússia da desintegração", disse.

Ao mesmo tempo, Gorbachev descartou um retorno ao passado soviético, já que "as pessoas, especialmente os jovens, nasceram em condições de Glasnost (política de transparência informativa) e ninguém poderá fazê-los retroceder à época que nós vivemos".

O ex-líder soviético também se mostrou disposto a reunir-se com Putin, a quem não encontra há um ano e meio, para contar sobre a reunião que teve com a chanceler alemã, Ángela Merkel, no último dia 10 de novembro, por ocasião do 25º aniversário da queda do Muro de Berlim.

Gorbachev, que defende a anexação russa da Crimeia e critica a política ocidental na Ucrânia, advertiu para o risco de uma nova Guerra Fria devido ao crescente antagonismo entre Rússia e Ocidente.

Quanto à pressão que causou sua saída do poder e o fato de que um setor da sociedade russa lhe acusa de traição por permitir o desaparecimento da URSS em 1991, Gorbachev disse: "Suportei isso e, certamente, tenho intenção de seguir vivendo".

"Quero convidá-los para meu 90º aniversário. Tenho certeza que ele acontecerá", concluiu Gorbachev, de 83 anos, lembrando que "já me enterraram mais de dez vezes".

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