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Mianmar tem novos protestos contra golpe militar após morte de manifestante

A notícia do falecimento chegou quando a polícia e soldados prendiam cerca de 50 pessoas em Myitkyina, uma cidade do norte do país

Militares proíbem protestos e impõem toque de recolher em Mianmar (STR/AFP)
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Reuters

Publicado em 19 de fevereiro de 2021 às 12h24.

Última atualização em 19 de fevereiro de 2021 às 15h49.

Uma jovem manifestante de Mianmar que foi baleada na cabeça na semana passada enquanto a polícia dispersava uma multidão morreu nesta sexta-feira, anunciou seu irmão, a primeira morte entre oponentes do golpe militar de 1º de fevereiro desde que estes começaram a protestar duas semanas atrás.

A notícia do falecimento chegou quando a polícia e soldados prendiam cerca de 50 pessoas em Myitkyina, uma cidade do norte, depois de interromperem uma procissão portando faixas da líder de governo detida, Aung San Suu Kyi, disse um ativista de direitos humanos.

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Mya Thwate Thwate Khaing, que tinha acabado de fazer 20 anos de idade, estava ligada a aparelhos desde que foi hospitalizada em 9 de fevereiro depois de ser atingida pelo que médicos disseram ser munição letal em um protesto na capital, Naypyitaw.

"Sinto-me muito triste, e não tenho nada a dizer", disse seu irmão, Ye Htut Aung, por telefone.

Sua morte pode se tornar um grito de guerra para os manifestantes que voltaram às ruas nesta sexta-feira.

"Estou orgulhoso dela, e sairei até alcançarmos nosso objetivo por ela", disse o manifestante Nay Lin Htet, de 24 anos, à Reuters em uma manifestação em Yangon, a maior cidade do país.

Além dos protestos, uma campanha de desobediência civil paralisa grande parte dos negócios do governo, e a pressão internacional sobre os militares está aumentando.

Sanções internacionais

As pressões se multiplicaram sobre os militares, que até agora ignoraram as inúmeras condenações e sanções internacionais.

O Reino Unido, uma ex-potência colonial, anunciou na quinta-feira (18) que aplicará sanções a três generais birmaneses por "graves violações dos direitos humanos".

O Canadá, por sua vez, punirá nove oficiais militares birmaneses e acusou a junta de ter realizado "uma ação sistemática de repressão por meio de medidas legislativas coercitivas e do uso da força".

O chefe da junta, general Min Aung Hlaing, tornou-se um pária internacional, após a ofensiva contra os muçulmanos rohingya em 2017.

Na semana passada, o presidente americano, Joe Biden, anunciou que Washington bloqueará o acesso dos generais a um fundo de US$ 1 bilhão nos Estados Unidos.

Grupos de direitos humanos celebram essas iniciativas, mas acreditam que é preciso ir além.
As sanções "não são suficientes para responsabilizar os militares e minar sua força econômica", observou Paul Donowitz, da ONG britânica Global Witness.

"Esperamos um anúncio de sanções da União Europeia na segunda-feira", disse Thinzar Shunlei Yi, um dos militantes que lançaram a campanha de desobediência civil.

Cortes de Internet

Apesar da dura repressão, continuam as convocações de desobediência civil com inúmeras manifestações e greves no país.

Mianmar sofreu cortes de Internet pela quinta noite consecutiva, informa uma entidade especializada instalada no Reino Unido, acrescentando que houve uma retomada do serviço nesta sexta, às 9h locais.

Nesse horário, centenas de pessoas já estavam reunidas nas grandes avenidas de Yangon, a maior cidade do país, com retratos de Aung San Suu Kyi nas mãos, e clamando por "liberdade para nossa líder".

Na remota região de Sagaing, os manifestantes marcharam pela cidade de Monywa, com três dedos das mãos levantados, símbolo de rebelião.

A junta continua prendendo aliados da ex-chefe de governo, assim como funcionários que participam do movimento de protesto.

A Associação de Ajuda a Presos Políticos (AAPP), com sede em Yangon, relatou mais de 520 detenções desde o golpe militar de 1º de fevereiro.

Os militares justificam seu golpe, alegando que houve fraude nas eleições legislativas de novembro vencidas, em massa, pela Liga Nacional para a Democracia (LND), o partido de Aung San Suu Kyi.

A ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, de 75 anos, que não é vista desde sua prisão domiciliar, está sendo acusada por motivos não políticos, como a importação ilegal de walkie-talkies e de ter violado "a lei sobre a gestão de catástrofes naturais". Deve comparecer à Justiça em 1º de março.

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