Merkel: novo tratado franco-alemão quer "contribuir para exército europeu"
Merkel e Macron assinaram um acordo que prevê uma "assembleia parlamentar comum" composta por 100 deputados franceses e alemães
AFP
Publicado em 22 de janeiro de 2019 às 10h36.
O novo tratado de cooperação franco-alemão, firmado nesta terça-feira (22) e que prevê uma aproximação no setor de defesa, quer ser "uma contribuição" para a futura criação de um Exército europeu - afirmou a chanceler alemã, Angela Merkel .
O texto foi assinado por Merkel e pelo presidente francês, Emmanuel Macron, esta manhã, em Aachen, na Alemanha, a quatro meses das eleições legislativas europeias.
Prevê uma convergência das políticas econômica, externa e de defesa de ambos os países, uma cooperação nas regiões transfronteiriças, assim como uma "assembleia parlamentar comum" composta por 100 deputados franceses e alemães.
Em um discurso, a chanceler afirmou que França e Alemanha "darão uma contribuição para a criação de um exército europeu".
Merkel se referiu a "uma cultura e uma indústria militares comuns".
Este acordo "completa" o Tratado do Eliseu, firmado em 1963 pelo general Charles de Gaulle, chefe do Estado francês, e pelo então chanceler Konrad Adenauer. O texto selou a reconciliação franco-alemã depois da guerra.
No evento com Merkel, o presidente Macron denunciou as "mentiras" propagadas pela extrema direita francesa sobre o novo tratado.
"Os que se esquecem do valor da reconciliação franco-alemã são cúmplices dos crimes do passado. Os que caricaturizam, ou propagam a mentira, ferem os povos que fingem defender", atacou o presidente francês.
A extrema direita francesa afirma que o texto do acordo prevê a cessão para a Alemanha, por parte da França, de sua vaga no Conselho de Segurança da ONU e que o alemão se tornaria a "língua administrativa" da Alsácia-Lorena.
Já o líder da esquerda radical francesa, Jean-Luc Mélenchon, denunciou ontem o "retrocesso da nossa soberania" e disse estar preocupado de ver "menos serviços públicos e investimentos públicos, redução de salários".
Na Alemanha, também na segunda-feira, o dirigente da extrema direita, Alexander Gauland, acusou Paris e Berlim de quererem criar, com esse tratado, uma "super-UE" dentro da própria União Europeia.