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Merkel busca consenso após perder segundo presidente

Christian Wulff é o segundo aliado da chanceler que renuncia ao cargo em dois anos

Angela Merkel defendeu a permanência de Wulff (John Macdougall/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de fevereiro de 2012 às 13h56.

Berlim - Com a renúncia nesta sexta-feira de Christian Wulff à chefia do Estado alemão, a chanceler, Angela Merkel, perdeu pela segunda vez em dois anos um homem eleito apoiado por ela para representar o país, o que a obriga a buscar consenso na oposição na procura por um sucessor digno.

A queda de Wulff significa uma derrota pessoal para chanceler, quem se empenhou até o último momento para defender sua permanência, apesar de que a renúncia já havia se transformado em uma questão de tempo. A contagem regressiva começou em dezembro, quando o poderoso tabloide 'Bild' começou a publicar as primeiras suspeitas de corrupção contra o presidente.

Curiosamente, as informações do rotativo considerado sumamente conservador, que foi revelando aos poucos as suspeitas relações de amizade do presidente, foram as que abriram caminho para a justiça investigar o mais alto cargo do país.

A promotoria de Hannover, detonante da renúncia ao solicitar na quinta-feira ao Bundestag (Parlamento alemão) que levantasse a imunidade de Wulff, reconheceu que as investigações preliminares, baseadas em grande parte nas informações da imprensa, apontavam 'indícios concretos e suficientes' para abertura de um procedimento contra o presidente.

Com Wulff renuncia na Alemanha em pouco mais de um ano e meio o segundo presidente do país. Em 30 de maio de 2010, o conservador Horst Köhler fez o mesmo. Ele não suportou a pressão da imprensa depois de comentar em declarações que as missões militares alemãs no estrangeiro faziam sentido em alguns casos para defender os interesses econômicos do país.

A inesperada renúncia de Köhler pegou Merkel de surpresa e a obrigou a buscar com rapidez um candidato amável e representativo, qualidades que ela vislumbrou na figura de Wulff, correligionário democrata-cristão e então chefe do Governo regional da Baixa Saxônia.

Merkel submeteu primeiro Wulff aos sócios de coalizão liberais e depois forçou a escolha dele pela Assembleia Federal, embora tenham sido necessárias três votações consecutivas para alcançar maioria simples para sua nomeação, com a rejeição da oposição e uma parte dos delegados governamentais.


Wulff se impôs então ao candidato da oposição social-democrata e verde Joachim Gauck, pastor protestante, dissidente na antiga República Democrática Alemã (RDA) e primeiro responsável pela custódia dos arquivos da Stasi (a polícia política da Alemanha comunista), que agora volta a figurar como aposta de possível caráter para devolver à Presidência do país a honra perdida.

Para os analistas, apesar da queda de Wulff ser considerada para alguns como uma derrota para Merkel, não se deve descartar que ela consiga tirar proveito da situação com sua oferta de pactuar a sucessão com a oposição social-democrata (SPD) e verde.

Após elogiar o presidente demissionário e lamentar sua saída, Merkel anunciou que falará com a oposição para propor 'um candidato comum para a eleição do próximo presidente', que como manda a Constituição alemã deverá ser conduzida pela Assembleia Federal no prazo máximo de 30 dias.

Seus contatos agora com o SPD e os verdes - não incluiu o partido de Esquerda em sua busca de consenso - para buscar novo chefe do Estado podem ser também uma primeira avaliação com vistas ao pleito legislativo do próximo ano, após os quais, com base nas pesquisas eleitorais dos últimos meses, Merkel deverá negociar a formação de Governo com novo parceiro.

Os liberais, seus atuais aliados, não apresentarão deputados suficientes para uma nova coalizão e é possível que inclusive sejam excluídos do Bundestag, porque há meses as pesquisas não concedem a eles mais do que 3% dos votos.

Pelo contrário, os partidos da União (CDU/CSU), dirigida por Merkel, se mantêm firmes como primeira força política com 38% dos votos potenciais, graças ao prestígio da chanceler entre os alemães pela gestão da crise do euro e à vista da invejável situação da economia alemã.

Se as coisas não mudarem no próximo um ano e meio, Merkel poderia repetir o triunfo eleitoral e optar como novo membro de Governo entre o SPD, com o qual já formou grande coalizão na legislatura anterior, e os Verdes, para experimentar uma aliança inédita em nível nacional.

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Berlim - Com a renúncia nesta sexta-feira de Christian Wulff à chefia do Estado alemão, a chanceler, Angela Merkel, perdeu pela segunda vez em dois anos um homem eleito apoiado por ela para representar o país, o que a obriga a buscar consenso na oposição na procura por um sucessor digno.

A queda de Wulff significa uma derrota pessoal para chanceler, quem se empenhou até o último momento para defender sua permanência, apesar de que a renúncia já havia se transformado em uma questão de tempo. A contagem regressiva começou em dezembro, quando o poderoso tabloide 'Bild' começou a publicar as primeiras suspeitas de corrupção contra o presidente.

Curiosamente, as informações do rotativo considerado sumamente conservador, que foi revelando aos poucos as suspeitas relações de amizade do presidente, foram as que abriram caminho para a justiça investigar o mais alto cargo do país.

A promotoria de Hannover, detonante da renúncia ao solicitar na quinta-feira ao Bundestag (Parlamento alemão) que levantasse a imunidade de Wulff, reconheceu que as investigações preliminares, baseadas em grande parte nas informações da imprensa, apontavam 'indícios concretos e suficientes' para abertura de um procedimento contra o presidente.

Com Wulff renuncia na Alemanha em pouco mais de um ano e meio o segundo presidente do país. Em 30 de maio de 2010, o conservador Horst Köhler fez o mesmo. Ele não suportou a pressão da imprensa depois de comentar em declarações que as missões militares alemãs no estrangeiro faziam sentido em alguns casos para defender os interesses econômicos do país.

A inesperada renúncia de Köhler pegou Merkel de surpresa e a obrigou a buscar com rapidez um candidato amável e representativo, qualidades que ela vislumbrou na figura de Wulff, correligionário democrata-cristão e então chefe do Governo regional da Baixa Saxônia.

Merkel submeteu primeiro Wulff aos sócios de coalizão liberais e depois forçou a escolha dele pela Assembleia Federal, embora tenham sido necessárias três votações consecutivas para alcançar maioria simples para sua nomeação, com a rejeição da oposição e uma parte dos delegados governamentais.


Wulff se impôs então ao candidato da oposição social-democrata e verde Joachim Gauck, pastor protestante, dissidente na antiga República Democrática Alemã (RDA) e primeiro responsável pela custódia dos arquivos da Stasi (a polícia política da Alemanha comunista), que agora volta a figurar como aposta de possível caráter para devolver à Presidência do país a honra perdida.

Para os analistas, apesar da queda de Wulff ser considerada para alguns como uma derrota para Merkel, não se deve descartar que ela consiga tirar proveito da situação com sua oferta de pactuar a sucessão com a oposição social-democrata (SPD) e verde.

Após elogiar o presidente demissionário e lamentar sua saída, Merkel anunciou que falará com a oposição para propor 'um candidato comum para a eleição do próximo presidente', que como manda a Constituição alemã deverá ser conduzida pela Assembleia Federal no prazo máximo de 30 dias.

Seus contatos agora com o SPD e os verdes - não incluiu o partido de Esquerda em sua busca de consenso - para buscar novo chefe do Estado podem ser também uma primeira avaliação com vistas ao pleito legislativo do próximo ano, após os quais, com base nas pesquisas eleitorais dos últimos meses, Merkel deverá negociar a formação de Governo com novo parceiro.

Os liberais, seus atuais aliados, não apresentarão deputados suficientes para uma nova coalizão e é possível que inclusive sejam excluídos do Bundestag, porque há meses as pesquisas não concedem a eles mais do que 3% dos votos.

Pelo contrário, os partidos da União (CDU/CSU), dirigida por Merkel, se mantêm firmes como primeira força política com 38% dos votos potenciais, graças ao prestígio da chanceler entre os alemães pela gestão da crise do euro e à vista da invejável situação da economia alemã.

Se as coisas não mudarem no próximo um ano e meio, Merkel poderia repetir o triunfo eleitoral e optar como novo membro de Governo entre o SPD, com o qual já formou grande coalizão na legislatura anterior, e os Verdes, para experimentar uma aliança inédita em nível nacional.

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