Memorando sobre suposto viés anti-Trump no FBI é divulgado
O documento diz que um funcionário do FBI reconheceu que dossiê compilado pelo ex-agente britânico era uma "parte essencial" de um pedido de vigilância
Reuters
Publicado em 2 de fevereiro de 2018 às 16h27.
Última atualização em 2 de fevereiro de 2018 às 17h37.
Washington - O Comitê de Inteligência da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos publicou nesta sexta-feira um polêmico relatório do Partido Republicano que acusa funcionários do alto escalão do FBI, a polícia federal dos EUA, e o Departamento de Justiça de abuso de poder e de parcialidade contra o presidente Donald Trump.
Depois que Trump deu sinal verde para a divulgação do relatório, sem nenhum trecho censurado, os republicanos desse comitê publicaram o documento, de três páginas e meia, no site da Câmara.
O memorando alega que o FBI ignorou o "claro viés" em favor dos democratas de uma de suas fontes, Christopher Steele, um ex-espião britânico que escreveu um famoso dossiê cheio de detalhes sórdidos sobre Trump.
O FBI utilizou a informação que lhe foi proporcionada por Steele para aumentar o monitoramento sobre Carter Page, que até setembro de 2016 prestou assessoria em política externa à campanha eleitoral de Trump, por suspeitar que ele agiu como um agente da Rússia.
Entre outubro de 2016 e uma data não especificada em 2017, houve várias solicitações judiciais para monitorar Page, que foram aprovadas pelo então diretor do FBI, James Comey, e o vice-diretor Andrew McCabe; além de integrantes do alto escalão do Departamento de Justiça (os ex-funcionários Sally Yates e Dana Boente e o atual vice-procurador-geral, Rod Rosenstein).
As solicitações foram enviadas a um tribunal secreto estabelecido para implementar a lei de Vigilância de Inteligência Exterior (FISA, na sigla em inglês) e conhecido como Corte FISA.
Mas, segundo o memorando, o FBI e o Departamento de Justiça ocultaram nessas solicitações os vínculos financeiros de Steele com o Partido Democrata e, segundo o documento, o ex-espião chegou a admitir que estava "desesperado para que Donald Trump não fosse escolhido" nas eleições de 2016.
"A solicitação à Corte FISA (...) ignorou ou escondeu as motivações financeiras e ideológicas de Steele contra Trump", diz o memorando, redigido pela equipe do congressista republicano Devin Nunes, um aliado do presidente.
O memorando foi divulgado apesar das objeções públicas do FBI e a oposição democrata advertiu que Trump pode usá-lo para desacreditar a investigação sobre a interferência da Rússia nas eleições americanas e despedir o número 2 do Departamento de Justiça, Rod Rosenstein, e, mais tarde, o procurador especial encarregado da investigação, Robert Mueller.
Trump não descartou hoje que pode demitir Rosenstein e, ao ser questionado sobre isto pelos jornalistas, respondeu: "Deduzam vocês o que vai acontecer".