Medidas argentinas preocupam Uruguai e indústria reivindica reação
Cristina Kirchner anunciou que país irá mudar licenças de importação, gerando reclamações no país vizinho
Da Redação
Publicado em 18 de fevereiro de 2011 às 14h20.
Montevidéu - A decisão do Governo argentino de ampliar a lista de produtos aos quais aplica licenças não automáticas para a importação gerou preocupação nas autoridades uruguaias e a Câmara de Indústrias reivindicou nesta sexta-feira uma "reação firme" do Executivo.
A medida da Administração da presidente Cristina Fernández de Kirchner, que busca proteger sua indústria nacional, gera atraso nos trâmites de exportação para os empresários uruguaios, que alertaram para possíveis prejuízos nos negócios.
O ministro da Indústria, Energia e Mineração, Roberto Kreimerman, disse que o Governo uruguaio "estuda" o alcance das medidas argentinas e seus eventuais prejuízos ao país.
"Estamos analisando a situação e vamos dialogar com as autoridades argentinas antes de tomar qualquer resolução", afirmou Kreimerman em declarações à imprensa local.
Já Rafael Sanguinetti, presidente da comissão de comércio exterior da Câmara de Indústrias do Uruguai (CIU), disse à Agência Efe que a medida do Governo argentino causou "desconcerto".
A aplicação de licenças não automáticas para a importação "é injusta e paradoxal", acrescentou.
Na opinião do diretor da CIU, a decisão do Governo de Cristina "passa por cima do espírito do Mercosul".
"Como o Mercosul pode discutir com a União Europeia um acordo comercial se vive este tipo de situações internamente?", enfatizou Sanguinetti.
A CIU reivindicou uma "reação firme" da Administração do presidente José Mujica frente às medidas argentinas.
A embaixada argentina em Montevidéu emitiu um comunicado no qual assinala que a aplicação de licenças de importação é uma política "permitida" pela Organização Mundial do Comércio (OMC) e "não contradiz" as regras do Mercosul.
A representação diplomática assegurou que o Governo argentino "não aplica nenhuma medida que afete exclusivamente o comércio bilateral com o Uruguai" e afirmou que "tem o maior interesse em incrementá-lo".