May: a administração do governo ficou "desapontada" pela prevalência da alteração (Simon Dawson/Pool/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 18 de abril de 2018 às 14h48.
O governo britânico sofreu uma derrota importante nesta tarde na House of Lords, o equivalente ao Senado brasileiro, em relação ao Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia).
Por 348 votos contra e 225 a favor da administração de Theresa May - uma maioria que superou as expectativas - os parlamentares querem que os ministros tomem medidas para negociar uma nova união aduaneira com o bloco comum.
A resposta do governo foi quase imediata. Assim que foi anunciado o resultado, um porta-voz do Ministério de saída da União Europeia (DExEU, na sigla em inglês) disse que a administração ficou "desapontada" pela prevalência da alteração.
"O propósito fundamental do projeto de lei (em votação) é preparar nosso estatuto para o dia da saída, não é sobre os termos da nossa saída", argumentou.
A previsão é que o Reino Unido deixe a UE no fim de março do ano que vem, contando com um período de transição que poderá se estender até o fim de 2020.
"Esta emenda não obriga o Reino Unido a permanecer na União Aduaneira com a UE, exige que façamos uma declaração no Parlamento explicando os passos dados", considerou o porta-voz em comunicado divulgado há pouco à imprensa.
"Nossa política sobre este assunto é muito clara. Estamos saindo da União Aduaneira e será estabelecido um novo e ambicioso acordo alfandegário com a UE, ao mesmo tempo em que novas relações comerciais serão forjadas com os nossos parceiros em todo o mundo", continuou.
A votação no Senado ainda pode ser derrubada pelos deputados na Câmara dos Comuns. O resultado maciço contra o governo nesta tarde, no entanto, mostra o quanto os parlamentares estão dispostos a participar ativamente do processo, a contragosto de Downing Street, o endereço oficial do governo.
Por várias vezes, a primeira-ministra Theresa May já deixou claro que a Grã-Bretanha não fará parte de uma união aduaneira com a UE após o fim da transição do Brexit.
Isso significaria que o Reino Unido pode negociar acordos comerciais com países terceiros, mesmo sob o risco de uma maior burocracia na troca de mercadorias com o bloco comum. Uma aproximação com o Mercosul, por meio do Brasil, por exemplo, já está em andamento.
Os Lordes também vão considerar outras emendas no projeto de lei sobre o Brexit, incluindo as que buscam reduzir os poderes dos ministros em alterações no mercado de trabalho e de consumo após o divórcio.